O Sistema Genital: Formação de Gametas e Ciclo Menstrual

Os sistemas genitais, junto com os outros órgãos, são responsáveis pela formação dos gametas, ou seja, dos óvulos e dos espermatozoides. Esse processo tem o nome de gametogênese, que ocorre nas gônadas (testículos e ovários) e é dividida em duas: espermatogênese, em que são formados espermatozoides; e ovulogênese, em que são formados os óvulos. As gônadas fazem parte do sistema genital que participa da reprodução e da fecundação, etapa responsável pela formação do zigoto.

Espermatogênese

A espermatogênese se inicia durante o desenvolvimento embrionário, com células diploides (células germinativas primordiais) que sofrem mitoses para dar origem às espermatogônias. Estas, por sua vez, se multiplicam por mitose durante toda a vida (o processo é lento até a puberdade masculina, quando se intensifica e depois volta a declinar durante a velhice). Na puberdade, entre 13 e 16 anos, as espermatogônias aumentam muito em número. Em determinado momento, algumas espermatogônias passam por modificações (seu tamanho é aumentado), diferenciando-se em espermatócito primário ou espermatócito I. Espermatócitos primários (2n) podem entrar em meiose:

Ao final da meiose I, são formados dois espermatócitos secundários (ou espermatócitos II) haploides, de mesmo tamanho. Nestas células, cada cromossomo possui duas cromátides irmãs (rever módulo 10);

► Cada espermatócito II sofrerá meiose II, processo que gera duas células haploides denominadas espermátides. Elas iniciarão uma fase denominada espermiogênese, em que as espermátides são transformadas em espermatozoides.

Espermatogênese e histologia do tubo seminífero. O epidídimo armazena espermatozoides. Ao redor dos túbulos seminíferos, estão as células intersticiais (deLeydig), produtoras de testosterona e que estimulam a espermatogênese. Na parede dos túbulos seminíferos (onde ocorre o processo), existem células que nutrem e dão suporte às células espermatogênicas (epiteliócito ou de Sertoli).
Espermatozoide diferenciado, mostrando a cabeça, peça intermediária
e cauda.

Ovulogênese

A ovogênese (ou ovulogênese) também começa durante o desenvolvimento embrionário, a partir de células germinativas primordiais (2n) presentes nos ovários. Elas são capazes de sofrer várias mitoses, processo que dá origem às ovogônias (ou oogônias). Ainda durante o este estágio de desenvolvimento embrionário humano, algumas oogônias aumentam muito em tamanho (período de crescimento) para formar os ovócitos primários (praticamente não há síntese de vitelo em humanos).

O sexo feminino nasce com todos os ovócitos primários formados nos ovários, mas a maioria deles sofre degeneração ao longo da vida. Depois da primeira menstruação, comumente por volta dos 12 e 15 anos, geralmente um dos ovócitos primários entra em maturação em cada ciclo menstrual, processo que se repete até a menopausa, quando cessam definitivamente as menstruações – entre 48 e 55 anos de idade.

O ovócito primário em maturação sofre a meiose I, originando duas células filhas haploides, com duas cromátides irmãs em cada cromossomo, como em toda meiose. A principal diferença em relação à espermatogênese é que se formam duas células de tamanhos diferentes: a maior é o ovócito secundário (ovócito II) e a menor recebe o nome de glóbulo polar ou corpúsculo polar. O ovócito II entra em meiose II, e a mulher libera do ovário o ovócito II para a tuba uterina; com a meiose II interrompida na fase metáfase II, o processo só continua se houver fecundação. Caso haja, o processo meiótico formará o segundo glóbulo polar e o óvulo. Os glóbulos polares degeneram.

A gametogênese feminina está relacionada a modificações hormonais que preparam o útero para a eventual gravidez. Todos os meses há espessamento da parede uterina e, caso não ocorra fecundação, ele é eliminado (menstruação).

Esquema da ovulogênese.
Ovulação. O ovócito II é liberado para a tuba uterina e, se houver fecundação, o óvulo e o corpúsculo polar serão formados, completando a meiose II.

O Ciclo Menstrual

Os hormônios produzidos na adenohipófise (LH e FSH) são muito importantes ao ciclo menstrual. O FSH estimula os folículos ovarianos a produzirem óvulos e esses folículos em desenvolvimento liberam estrógeno, responsável pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários. Os hormônios gonadotrópicos interagem com os produzidos pelo ovário, de modo que uns controlam a produção dos outros. A interação desses hormônios determina uma série de alterações no sistema genital, dando origem ao ciclo menstrual.

Tomando por base um ciclo menstrual de 28 dias, as modificações que ocorrem no corpo ao longo desse período podem ser analisadas sob os pontos de vista hormonal, ovariano e uterino, conforme os gráficos na página seguinte.

No primeiro dia do ciclo uterino, o endométrio começa a descamar, dando origem à menstruação, que dura, em geral, 5 dias. Depois, esta parede se recupera pela ação de hormônios, ocorrendo uma fase proliferativa e uma fase secretora.

A hipófise aumenta a produção de FSH, que induz os folículos ovarianos a amadurecerem os óvulos (ovócitos, na realidade). Então, o folículo em desenvolvimento inicia a secreção do estrógeno, que passa a ter alta concentração no sangue, o que inibe a produção de FSH pela hipófise e estimula a secretar LH. A concentração de LH aumenta rapidamente, tornando-se o estímulo hormonal para a ovulação. Os altos níveis de estrógeno do 6o ao 14o dia estimulam o crescimento do endométrio. O FSH tem um pico de produção e volta a cair novamente até o início de um novo ciclo menstrual. Após a ovulação, a alta concentração de LH estimula a formação do corpo lúteo ou corpo amarelo no folículo que eliminou o ovócito, que produzirá a progesterona. Este estimula as glândulas do endométrio a secretarem seus produtos e é importante para manter o endométrio desenvolvido dentro do útero. O aumento da concentração de progesterona inibe a produção de LH pela hipófise. Por volta do 22o dia, o corpo lúteo começa a regredir, a progesterona e estrógeno sofrem reduções em suas concentrações e o endométrio fica sujeito à nova descamação, reiniciando o ciclo.

Ciclo menstrual.

Os Hormônios na Gravidez

Se o ovócito é fecundado, ocorre a gravidez. O embrião, composto por poucas células, se fixa ao endométrio, onde se inicia a formação da placenta (da qual fazem parte o endométrio, cório e alantoide). Em seguida, a placenta libera o hormônio gonadotropina coriônica (HCG) que atua sobre o corpo lúteo estimulando-o a produzir progesterona, que manterá a gravidez. O HCG poderá ser detectado na urina.

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