O Governo Jânio Quadros (1961)

Eleições de 1960

Jânio Quadros, político paulista que havia exercido sucessivamente os cargos de vereador, deputado, prefeito da capital e governador do estado, candidatou-se pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN) nas eleições de1960. Contando com o apoio da UDN, Jânio venceu o candidato Henrique Lott do PSD. Concorrendo à reeleição, João Goulart (PTB) foi eleito vice-presidente com 36% dos votos.

Moralização dos Costumes Políticos

As denúncias relacionadas à construção de Brasília foram o combustível para a campanha de Jânio Quadros, que soube muito bem utilizar o tema da corrupção a seu favor. Utilizando os meios de comunicação para denunciar os seus adversários, a campanha de Jânio inclusive lançou a famosa marchinha: “varre, varre, vassourinha”.

Governo Excêntrico

Em linhas gerais, vocês precisam saber que o curto governo de Jânio Quadro foi marcado pela preocupação com temas de segunda importância. Através de “bilhetinhos”, escritos à mão por Jânio, o presidente ordenava que os parlamentares votassem temas como a proibição de lança-perfumes, das brigas de galo, do uso de biquínis em desfiles de beleza e das corridas de cavalo em dias de semana.

Política Externa Independente

Apesar de efêmero, o governo Jânio Quadros inaugurou a chamada Política Externa Independente (PEI), que pode ser entendida através do trecho destacado abaixo:

“Em 1961, Jânio Quadros e seu Chanceler Afonso Arinos lançaram a Política Externa Independente (PEI), que tinha como princípios a expansão das exportações brasileiras para qualquer país, inclusive para os socialistas, a defesa do direito internacional, da autodeterminação […] A raiz de tal diplomacia encontrava-se nas necessidades do desenvolvimento brasileiro, que sinalizavam para a mundialização da política externa, autonomizando-a dos EUA.” (VIZENTINI, 1999, p.145-146).

Com o objetivo de expandir as exportações brasileiras, Jânio Quadros, assumidamente anticomunista, reatou relações diplomáticas com a URSS e a China, desagradando profundamente a UDN. A “gota d’água” foi a condecoração de Ernesto “Che” Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul. O governo Jânio, assim, desagrava os trabalhistas e setores à esquerda por sua política econômica de austeridade, ao mesmo tempo em que desagrava a UDN e setores conservadores com a sua Política Externa Independente (PEI).

A RENÚNCIA – Acusando Jânio de “abrir as portas do Brasil ao comunismo internacional”, a UDN de Carlos Lacerda retirou seu apoio ao governo. Sem suporte político e sem contar com bases sociais organizadas, Jânio comunicou sua renúncia ao Congresso Nacional, que rapidamente acatou a decisão. Segundo interpretações, a renúncia de Jânio foi resultado da combinação da personalidade instável do presidente com um cálculo político equivocado (FAUSTO, 2015, p.243).

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