O Populismo e o Brasil na Guerra Fria
Ao longo deste conteúdo, abordaremos o conceito de populismo, bem como a conjuntura internacional da Guerra Fria, tendo em vista que esse contexto é essencial para a compreensão da instauração do regime democrático no Brasil1. Dito isso, é preciso oferecer a vocês uma definição – entre as várias existentes – de populismo. Antes disso, contudo, vamos analisar o excerto a seguir, que oferece uma das visões sobre o contexto em que surgiu o populismo:
1 Isto porque, ao considerarmos a História enquanto um processo não linear e dotado de contradições, é essencial que se tenha noção das dinâmicas políticas, econômicas, sociais e culturais que influenciaram – e influenciam – o nosso processo histórico e a formação da nossa sociedade.
“Por força das transformações sociais e econômicas que associam ao desenvolvimento do capitalismo industrial […] a democracia defronta-se […] com a tarefa trágica de toda democracia burguesa: a incorporação das massas populares ao processo político. O crescimento das cidades e do proletariado lança à vida política amplos contingentes da população e o processo de absorção das massas passa a constituir uma dimensão política essencial.” (WEFFORT, 1989, p. 17)
Populismo
Considerando o excerto, é possível argumentar que o populismo, enquanto fenômeno social e político, representa uma política de massas. Em outras palavras, o fenômeno do populismo pode ser entendido como a relação direta de um líder carismático com as massas populares. A necessidade de conquistar as camadas populares, que passaram a ser absorvidas pelo sistema político e eleitoral, constitui uma das explicações a respeito desse fenômeno. De modo similar, é possível situar o populismo como uma política baseada na atração de grupos sociais com menor poder aquisitivo através de medidas que atendam – ou que pareçam atender – seus interesses. Geralmente, se atribui a Getúlio Vargas e a Juan Domingo Perón o “rótulo” de líder populista. Porém, é importante mencionar que o populismo não se restringiu a esses países, pois foi um fenômeno forte em toda a América Latina.
América Latina e Guerra Fria
Como vocês sabem, o Brasil estava inserido em uma conjuntura internacional de Guerra Fria e, de um modo geral, essa conjuntura condicionava os processos políticos e econômicos da América Latina. O Brasil, enquanto parte da América Latina, também foi afetado por eles. O excerto abaixo ilustra um pouco a situação da América Latina nesse contexto:
“Durante a Segunda Guerra Mundial, Washington ampliou sua ascendência sobre a América Latina […] em todo o continente os capitais, o comércio e as empresas norte-americanas eram dominantes. Mais que qualquer outra região do planeta, na América Latina ficou claro que a Guerra Fria, em suas origens, constituía um instrumento de controle da Casa Branca sobre os governos, povos e economias locais.” (VIZENTINI, 1998, p.122-123).