Impactos na Indústria Farmacêutica e Agrícola

Ocorre uma certa aflição por parte de alguns grupos de pesquisadores/ cidadãos com o avanço das técnicas empregadas no ramo de Biotecnologia. O principal motivo de preocupação pública é pela aplicação da engenharia genética, na qual existiria a chance de comercializar uma grande variedade de organismos modificados geneticamente. Com isso, haveria a possibilidade de permitir a liberação de tais organismos no meio externo, o que aumenta os riscos numa escala micro e macroscópica, sobretudo quando comparada à investigação confinada em laboratório.

As novas biotecnologias têm participação na agricultura, na pecuária e em diferentes áreas da saúde humana. Os trabalhos de bioprospecção (aqueles que tem por finalidade um retorno econômico) em áreas de alta diversidade biológica têm aumentado em número e em intensidade em áreas com interesses diversificados, como: empresas do setor agrícola e farmacêutico; instituições de ensino, pesquisa e desenvolvimento; etc.

Inúmeras aplicações da Biotecnologia podem ser vantajosas para a sociedade, mas, ainda assim, geram controvérsias a respeito das consequências sobre humanos e animais, impactos sobre o ambiente e a sociedade como um todo. Infelizmente, não temos as respostas definitivas quanto aos efeitos a longo prazo e também em escala global. Embora possamos obter vantagens, como o aumento da produção de alimentos e a obtenção de alimentos mais nutritivos e com propriedades medicinais; técnicas terapêuticas para doenças que ainda não possuem cura; produção de medicamentos, hormônios, anticorpos, etc.; produção de produtos biodegradáveis para reduzir a poluição ambiental, entre outros, veremos alguns impactos negativos que podem ocorrer a partir do uso da Biotecnologia.

Num contexto abrangente, poderíamos começar citando o efeito negativo sobre as discussões geradas a partir de questões éticas relacionadas à clonagem de seres vivos, terapias gênicas, transgênicos, etc.; células-tronco geradoras de um estresse celular que pode ter como consequência o envelhecimento precoce, entre outros efeitos. Analisando o caso da indústria farmacêutica e agrícola, podemos ter como efeitos negativos a utilização intensiva de agrotóxicos e fertilizantes; sementes geneticamente modificadas inférteis; contaminação do lote “normal” com o lote transgênico; transgênicos causadores de complicações na saúde, como reações alérgicas; além de impactos mais globais envolvendo a “poluição genética”, ou seja, não ser possível controlar os efeitos da disseminação desses organismos no ambiente; interferência no equilíbrio da natureza como um todo, entre outros efeitos que poderiam ser citados. Por isso, cada caso deve ser cuidadosamente verificado, pois as consequências podem ser irreparáveis.

CRISPR-CAS9

Recentemente, estudando bactérias, descobriu-se sequências repetitivas de DNA, no meio das quais existiriam fragmentos de genes estranhos ao genoma bacteriano. O mecanismo recebeu o nome de CRISPR. No ano de 2012, pesquisadoras demonstraram que CRISPR é capaz de localizar e delimitar o corte de alvos específicos de qualquer gene.

Outra descoberta importante foi que as bactérias conseguem “lembrar” dos vírus que as infectaram no passado, devido à permanência no seu genoma de restos de DNA viral incorporados no meio das sequências CRISPR do genoma bacteriano. Em caso de ataque do mesmo agente patógeno, a bactéria sintetiza rapidamente moléculas-guia de RNA, que localizam com precisão sequências específicas do DNA invasor, para que uma enzima, geralmente a nuclease Cas9, corte e inative os genes do patógeno, por exemplo de um vírus, inativando-o. CRISPR com Cas9, ativa ou inativada, é agora o método mais empregado para “desligar” ou “ativar” a expressão de qualquer gene de interesse científico ou comercial, como os genes que causam o câncer, por exemplo.

Para saber mais, veja também: