Vertebrados

Agora, vamos falar dos animais que possuem vértebras: os vertebrados! Existem três características exclusivas dos cordados que surgem durante o desenvolvimento embrionário: a cauda pós-anal, a notocorda e o sistema nervoso dorsal. A cauda pós-anal é um prolongamento do corpo posterior ao ânus, primitivamente musculosa, que participa da locomoção por ondulação lateral. A notocorda é uma estrutura que deriva da mesoderme do embrião e que corresponde a um bastonete macio, flexível, situado dorsalmente ao corpo. O sistema nervoso dorsal forma um tubo oco no dorso do embrião e é originado da ectoderme.

Antigamente, classificavam-se alguns animais marinhos como pertencentes ao grupo hemicordados, como os animais do gênero Balanoglossus. Hoje em dia, sabemos que estes animais não possuem notocorda, mas fendas faringianas laterais.

Urocordados e cefalocordados não apresentam crânio nem vértebras, sendo coletivamente denominados cordados invertebrados. Craniados possuem crânio e a maioria possui vértebras (vertebrados). Sua notocorda desaparece parcialmente durante o desenvolvimento embrionário e é substituída pela coluna vertebral. As vértebras se organizam de modo a proteger o tubo neural; e restos de notocorda persistem nos discos intervertebrais.

O crânio surgiu evolutivamente antes das vértebras e protege a extremidade anterior do tubo neural, que se desenvolve muito em vertebrados, originando o encéfalo. A ele estão associados os órgãos do sentido (cavidades nasais, olhos e orelhas).

Urochordata

Esse grupo possui a notocorda na região caudal das larvas. A estrutura pode persistir ou não nos adultos. Todos os urocordados são marinhos.

Exemplo: ascídias (sem notocorda na fase adulta). Podem ser chamados de tunicados, por possuírem uma túnica revestindo o corpo (formada pelo carboidrato tunicina, semelhante à celulose). São animais filtradores, fazendo a água circular por meio de cílios presentes nas fendas faringianas. Elas se abrem em uma cavidade denominada átrio, que se comunica com o exterior pelo sifão bucal, por onde a água entra, e pelo sifão atrial, por onde a água sai. As trocas gasosas ocorrem na região da faringe.

Seu sistema circulatório é composto por um coração que reverte o sentido no qual o sangue é impulsionado.

Geralmente são hermafroditas, apresentando mecanismos que dificultam a autofecundação. A fecundação é externa, com desenvolvimento indireto: a larva livre-natante reúne todas as características dos cordados. Após uma vida planctônica, ela se fixa no substrato, sofre metamorfose e dá origem ao adulto. Em ascídias adultas, desaparecem a cauda e a notocorda.

Esquema da metamorfose em ascídia e estrutura interna da larva e do adulto. A larva mede cerca de 4 mm de comprimento e a ascídia adulta mede cerca de 10 cm de comprimento.

Cephalochordata

Esse grupo é representado pelos anfioxos, todos marinhos. Apresentam locomoção idêntica aos peixes, resultante da contração alternada dos miótomos: blocos musculares arranjados serialmente ao longo do corpo. Apresentam dobras de pele com reforços de tecido conjuntivo semelhantes a nadadeiras. Fendas faringianas também ficam no átrio e são bem desenvolvidas, indicando o hábito filtrador. A água entra pela boca e sai pelo atrióporo. Seu sistema circulatório é com vasos contráteis e não contráteis. Não apresentam coração típico, mas um seio venoso e aorta ventral com parede contrátil. Seu sistema nervoso é formado por um cordão nervoso dorsal, oco, com dilatação na extremidade anterior (vesícula cerebral), onde mantém uma pigmentação responsável pela percepção de luz. Deste tubo nervoso, partem nervos para diferentes regiões do corpo.

Anfioxo – estrutura interna.

Craniata e Vertebrata: Características Gerais

Craniata possui representantes marinhos, dulcícolas, terrestres e aéreos. Possuem epiderme multiestratificada (várias camadas de células) como característica exclusiva. Além disso, sua pele é formada por duas camadas: a derme (vascularizada e com estruturas sensoriais) e a epiderme (mais externa).

Vertebrata possui representantes com endoesqueleto cartilaginoso ou ósseo, que, dos condrictes até os mamíferos, passa a ser composto basicamente por duas partes: esqueleto axial (formado por crânio e coluna vertebral), e esqueleto apendicular (formado pelas cinturas escapular e pélvica, além do esqueleto das nadadeiras ou dos membros). Vertebrados também possuem outras características exclusivas que surgem durante o seu desenvolvimento embrionário: basicamente, a fase denominada organogênese é quando a diferenciação dos folhetos em órgãos. Ela se inicia, nos cordados, com a neurulação, que consiste na formação do tubo neural a partir da ectoderme (conforme estudado anteriormente). Notocorda e celoma também são formados, sendo esse último delimitado pela mesoderme. Em vertebrados, a partir do ectoderme, forma-se a crista neural. Esta é responsável pela formação de alguns tipos celulares, como os pigmentares e neurônios sensoriais do sistema nervoso periférico.

Algumas células embrionárias diferenciam-se juntamente com a formação do tubo neural, a partir da ectoderme do embrião. Elas ficam dispostas junto ao tubo neural, mas posteriores à região do encéfalo. Considera-se, hoje, que o passo definitivo na origem dos vertebrados tenha sido a evolução das células da crista neural, pois elas não existem em nenhum outro animal. Atualmente, tem-se proposto que a crista neural poderia representar um quarto folheto germinativo; os vertebrados seriam, assim, os únicos animais triblásticos. Outra característica exclusiva de vertebrados é a presença de membranas extraembrionárias, que derivam dos folhetos germinativos, mas não fazem parte do corpo do embrião. São elas:

Vesícula vitelínica: bolsa que abriga o vitelo e que participa do processo de nutrição do embrião. Ela se liga ao intestino e é bem desenvolvida em peixes, répteis, aves e mamíferos ovíparos. Em anfíbios, embora os ovos sejam ricos em vitelo, falta a vesícula típica – eles possuem macrômeros, grandes células que abrigam o vitelo;

Âmino: membrana extraembrionária que envolve o embrião. Contém o líquido amniótico que protege o embrião contra a dessecação e choques mecânicos;

Cório ou serosa: membrana que envolve o embrião e as outras membranas extraembrionárias. Em répteis e aves, essa membrana fica sob a casca, onde o cório atua juntamente ao alantoide nos processos de trocas gasosas entre embrião e meio externo;

Alantoide: membrana que deriva da porção posterior do intestino do embrião, cuja função, em répteis ovíparos e aves, é armazenar excreta nitrogenado e participar das trocas gasosas.

Anexos embrionários em um ovo de ave.

Nem todos os chamados “craniados” possuem vértebras, mas todos possuem crânio, sendo esse o motivo pelo qual se tem dado preferência ao termo “Craniata” para todo o conjunto que era tratado como “Vertebrata”. Em seguida, temos a classificação dos Craniata em grupos.

Agnatha ou Cyclostomata

Os animais pertencentes a este grupo não são provenientes de um único ancestral comum (monofiléticos). Não possuem maxila e possuem a boca circular. Todos os demais craniados possuem maxila, por isso, são chamados de gnatostomados. São filtradores, ectoparasitas ou se alimentam de pequenos animais. Possuem nadadeiras pouco desenvolvidas, encéfalo simples e endoesqueleto cartilaginoso, com crânio rudimentar. Representados atualmente por poucos animais, como as feiticeiras e as lampreias. Não se sabe como ocorre a fecundação em feiticeiras; elas são hermafroditas, mas geralmente só uma das gônadas é funcional. Possuem desenvolvimento direto. Lampreias são ectoparasitas de peixes, golfinhos e baleias, podendo medir 1 m de comprimento. Possuem vértebras rudimentares, boca ampla, com muitos dentes (usados para fixação). Geralmente, não matam seus hospedeiros. São dioicos com fecundação externa. Após a eliminação dos gametas, os adultos morrem. Desenvolvimento indireto: larva amocete.

Representação de uma lampreia.

Chondrichthyes

Condri = cartilagem; ictio = peixe. Apresentam algumas inovações evolutivas, como o surgimento da maxila e das nadadeiras pares. As maxilas possibilitam nova fonte de alimentação, proporcionando mais eficiência ao arrancar pedaços de presas. O crânio, as vértebras e o restante do esqueleto são bem desenvolvidos.

Condrictes são divididos nos grupos listados abaixo:

Elasmobranchii: Possuem fendas branquiais sem opérculos (membranas de proteção) e corpo coberto por escamas placoides. Exemplos: tubarões e arraias;

Holocephali (holocéfalos): Possuem brânquias protegidas por opérculo membranoso; não possuem escamas. A cauda é longa e flexível. Seus olhos são muito grandes. Exemplo: quimeras.

Escamas de condrictes são diferentes das que ocorrem em peixes ósseos, pois são de origem dérmica, com estrutura semelhante ao dente: elas possuem polpa, dentina e esmalte. Cada uma das escamas é formada por um espinho voltado para a região posterior do corpo e por uma placa basal situada na derme. Esta forma e disposição das escamas potencializam a eficiência do nado, por reduzirem a turbulência da água ao redor do animal.

A boca de elasmobrânquios é transversal, posicionada ventralmente, e sua cabeça é alongada. A maxila está frouxamente ligada ao crânio, o que possibilita ao animal conferir mordidas eficazes. Seus dentes são pontiagudos e ocorrem em fileiras que se movem de modo gradual para a parte frontal da boca, à medida que os dentes da frente vão sendo perdidos.

O tubo digestório é mais curto que em outros vertebrados, pois existe uma prega no intestino (válvula espiral) cuja função é aumentar a área de absorção dos nutrientes, por alongar o tempo que o alimento permanece no local. Em peixes ósseos, esse aumento da área se deve aos cecos pilricos, projeções em fundo cego do intestino, e às microvilosidades.

O olfato de tubarões é muito desenvolvido, pois apresentam estruturas quimiorreceptoras nas narinas (sem função respiratória, pois não se comunicam com a faringe). Na respiração, a água entra pela boca e passa pela faringe, banha as brânquias e sai pelas fendas branquiais. Outro sentido importante é a percepção de vibrações na água por meio de mecanorreceptores localizados ao longo da linha lateral (também presente em agnatos). Esta é constituída por uma série de poros e tubos que se comunicam com a água e com células especiais, transmitindo as informações para células nervosas.

Alguns peixes também possuem eletrorreceptores na cabeça (em condrictes, são chamados ampolas de Lorenzini), capazes de detectar a fraca corrente elétrica gerada pela atividade muscular da presa. Condrictes apresentam altos teores de óleo no fígado, de modo a torná-los pouco densos em relação ao meio líquido e ajudá-los na flutuabilidade.

Elasmobrânquios são dioicos, com dimorfismo sexual (machos possuem órgão copulador denominado clásper, que é uma modificação das nadadeiras pélvicas). A fecundação é interna e o desenvolvimento é direto. Existem animais ovíparos, vivíparos e ovovivíparos.

Osteichthyes (Peixes Ósseos)

Apresentam endoesqueleto ósseo e um opérculo ósseo protegendo as brânquias. Possuem boca anterior e bexiga natatória que controla a flutuabilidade em actinopterígeos. Ao ajustar o volume de gás na bexiga natatória, os peixes podem afundar ou flutuar na coluna de água. O coração tem duas câmaras: o átrio e o ventrículo. A cada volta completa pelo corpo, o sangue passa uma única vez pelo coração; por isso, dizemos que a circulação dos peixes é simples. Pelas cavidades do coração circula apenas sangue venoso e, como não ocorre mistura com sangue arterial, dizemos que a circulação destes animais é completa. Seu corpo é coberto por escamas de origem dérmica. Osteíctes podem não apresentar escamas. Os osteíctes são classificados em dois grupos, listados abaixo:

Actinoptergeos: Possuem nadadeiras sustentadas por raios. São principalmente ovíparos, embora existam vivíparos. Exemplos: sardinha, salmão, baiacu, peixe-frade, enguia, linguado, bagres e pintados.

Sarcoptergeos: Possuem nadadeiras carnosas, sustentadas por ossos semelhantes aos dos membros dos tetrápodes. Por isso, acredita-se que os anfíbios tenham surgido de um grupo de sarcopterígeos. Atualmente, são representados apenas por dois gêneros: Actinistias (celacanto) e Dipnoi (peixes pulmonados, como as piramboias amazônicas). As narinas dos dipinoicos possuem ligação com a faringe, condição que estava presente no sarcopiterígeo que deu origem aos tetrápodes. Peixes pulmonados são ovíparos.

Peixes cuja bexiga natatória mantém conexão com a faringe são chamados fisóstomos. Eles também podem secretar gases do sangue para dentro da bexiga natatória por meio de uma glândula de gás. A conexão com a faringe foi perdida em peixes fisóclistos; a regulação de gás dentro da bexiga natatória é mantida apenas pela glândula de gás.

Amphibia

Os anfíbios foram o primeiro grupo de vertebrados a ocupar o ambiente terrestre. As nadadeiras dos sarcopterígeos ancestrais evoluíram em membros: estruturas muito eficazes para locomoção em ambiente terrestre. A presença de pulmões permitiu o abandono da água e a exploração de um ambiente sem competidores ou predadores.

Anfíbios (anfi= duas; bio= vida) receberam este nome, porque retornam à água em época de reprodução, ocorrendo fecundação externa. Os ovos são viáveis apenas em ambientes aquáticos. Ovos podem se desenvolver em larva (girino), que respira por brânquias externas. A larva sofre metamorfose, dando origem ao anfíbio adulto, terrestre, que respira por pulmões e através da pele. Existem espécies em que a fecundação é interna.

A pele dos anfíbios é delgada e não possui estruturas para evitar a dessecação, o que restringe o seu habitat a ambientes úmidos ou aquáticos. A pele contém glândulas mucosas, que a mantém úmida e permeável às trocas gasosas. Pulmões com poucas divisões internas. O ar chega aos pulmões por mecanismo de bombeamento e pressão: a cavidade oral se expande, o ar penetra pelas narinas, depois eles engolem o ar, que passa para os pulmões. Répteis, aves e mamíferos usam músculos do tronco para auxiliar na inspiração.

Apresentam dupla circulação: o sangue passa duas vezes pelo coração em uma volta completa pelo corpo, havendo a circulação pulmonar (pequena circulação, onde o sangue sai venoso do coração pelas artérias pulmonares, vai para os pulmões, onde é oxigenado, e retorna ao coração pelas veias pulmonares) e a circulação sistêmica (grande circulação, em que o sangue sai do coração pela artéria aorta e é distribuído para todo o corpo, retornando ao coração pelas veias cavas). Sua circulação é incompleta: há mistura do sangue venoso com o arterial. Anfíbios e a maioria dos répteis têm um só ventrículo no coração e dois átrios.

Anfíbios possuem glândulas de veneno na pele, que liberam substâncias tóxicas quando comprimidas; possuem sabor desagradável e efeito tóxico ao predador. Alguns sapos e salamandras possuem glândulas de veneno concentradas em glândulas parotoides.

São classificados em 3 grupos: anuros, urodelos e gymnophiona:

Os anuros possuem corpo adaptado ao salto, com membros posteriores mais alongados que os anteriores, compacto, com coluna vertebral curta e rígida, de modo a restringir movimentos laterais. Machos possuem sacos vocais.

Os urodelos apresentam corpo alongado e possuem quatro membros e cauda. Os adultos apresentam características larvais (neotenia). Denomina-se pedogênese a ocorrência de partenogênese na fase larvária, produzindo outras larvas. São exemplos de urodelos as salamandras, a axolote e o necturo.

Os gymnophiona (ápodos) são os anfíbios sem pernas. Vivem enterrados ou em ambientes aquáticos e apresentam fecundação interna. São ovíparos ou vivíparos, com desenvolvimento indiretos.

Répteis, Aves e Mamíferos

Aqui, começa a conquista do ambiente terrestre. Há, também, diversidade dos animais um pouco maiores, que vão ganhando espaço. Vamos falar dos répteis, das aves e dos mamíferos.

Répteis

Os répteis surgiram a partir de um anfíbio que não possui representante na fauna atual. Apresentam diversas características que lhes permitiram conquistar o ambiente terrestre, sem depender da água para respiração ou reprodução, sendo o primeiro grupo de vertebrados tipicamente terrestre. Seus representantes são lagartos, crocodilos, tartarugas e cobras, entre outros.

Apresentam pele seca, sem glândulas mucosas. As camadas externas da epiderme dos répteis são endurecidas e possuem tanto origem dérmica quanto epidérmica. As de origem dérmica formam os chamados “ossos dérmicos”, encontrados no dorso dos jacarés e na carapaça das tartarugas e cágados. As de origem epidérmica tanto originam as pequenas escamas imbricadas nos lagartos e cobras quanto formam placas córneas, como as dos jacarés e tartarugas (córneo = da natureza ou rijeza do corno). Com estas características, a pele passou a ser impermeável, conferindo resistência à dessecação, o que permitiu a conquista de ambientes áridos.

A respiração passou a ser exclusivamente pulmonar (o pulmão é mais complexo que o dos anfíbios). São animais ágeis, com dentes desenvolvidos e são reprodutivamente independentes da água, pois seus ovos passaram a ser protegidos por uma casca (calcária ou pergaminácea) que impede a dessecação. Além disso, ela é porosa para permitir a respiração do embrião (entrada de O2 e saída de CO2). O isolamento do embrião em um ovo calcário foi possível porque surgiram os anexos embrionários – ou membranas extraembrionárias.

Excretam geralmente ácido úrico, que não necessita de água para ser eliminado e pode ser armazenado no interior do ovo, pois não é tóxico. A circulação é fechada e os répteis não crocodilianos apresentam coração com dois átrios e um ventrículo parcialmente dividido, mas praticamente não há mistura de sangue arterial com venoso, pois existem pregas especiais.

Crocodilianos, por sua vez, possuem dois ventrículos individualizados e não há nenhuma mistura de sangue arterial com venoso. Ainda, esses animais possuem uma região de comunicação entre vasos – que conduzem sangue venoso e arterial – denominada forame de Panizza. Neste local, quando o animal está em repouso, não há passagem de sangue de um vaso para outro, mas, quando o crocodiliano se desloca ativamente, há passagem de sangue arterial para o vaso que conduz sangue venoso (que passa a transportar sangue arterial). Lembre-se: vasos que chegam ao coração se chamam veias; vasos que partem dele são denominados artérias.

A maioria dos répteis apresenta desenvolvimento direto e são ovíparos (alguns lagartos e cobras peçonhentas podem ser ovovivíparos ou vivíparos). Para manter a temperatura do corpo, os répteis empregaram a ectotermia, mecanismo pelo qual o animal se expõe a altas temperaturas para aquecer o corpo (exposição à luz ou rochas quentes). Quando a temperatura do corpo varia em função da temperatura do meio, chamamos de pecilotermia; ocorre em peixes, anfíbios e répteis.

A Era Mesozóica ficou conhecida como a Era dos Répteis, pois foi o momento em que as adaptações mais vantajosas ao ambiente terrestre (em relação aos anfíbios) levaram os primeiros amniotas a dominar o planeta durante 180 milhões de anos.

São classificados nos seguintes grupos:

Testudina (Chelonia): tartarugas, cágados e jabutis. Apresentam placas ósseas dérmicas que se fundem e originam uma carapaça dorsal e um plastrão ventral rígidos; vértebras e costelas se fundem a estas estruturas. Placas ósseas da carapaça são recobertas por escudos córneos de origem epidérmica. Não possuem dentes, mas apenas lâminas córneas usadas para arrancar pedaços de alimento. Todos são ovíparos;

Lepidosauria (inclui Sphenodontia ou Rhynchocephalia e Squamata): possuem escamas epidérmicas recobrindo o corpo e sofrem mudas: a parte externa da epiderme é trocada. As cascavéis mantêm a estrutura na ponta da cauda, formando o guizo típico dessas serpentes. São classificados em dois grupos: Sphenodontia, representado por tuataras (animais restritos à Nova Zelândia, que medem 60 cm de comprimento e são ovíparos); Squamata, representados por lagartos, serpentes e anfisbenas. É o grupo de répteis com maior número de representantes, separado em três subgrupos – lacertílios (lagartos, camaleões, iguanas, lagartixas: apresentam a autotomia como mecanismo de fuga, que consiste no abandono de parte da cauda), anfisbaenas (animais sem pernas, como as “cobras-de-duas-cabeças”) e serpentes (sem pernas e dotadas de características anatômicas particulares, como a capacidade de abrir a boca em quase 180°, ausência da fusão das maxilas, grande capacidade de dilatação do corpo, entre outros). Algumas serpentes podem ter glândulas de veneno – peçonhentas.

Crocodilia: apresentam escamas e placas córneas epidérmicas, além de placas ósseas dérmicas. São semiaquáticos e podem ser encontrados em água doce e no mar. São todos ovíparos. Classificados em três grupos: crocodilos, que vivem em água doce, salgada e salobra, seu focinho é estreito e dentes superiores e inferiores à vista, mesmo com a boca fechada, com destaque para o quarto dente inferior de cada lado da maxila; Jacarés, que vivem em água doce, focinho mais largo que de crocodilos, deixam perceber principalmente os dentes superiores, nunca o quarto dente inferior. No Brasil, só existem jacarés. Gaviais são restritos aos rios da Índia, com focinho muito estreito e longo.

Aves

As aves surgiram na Era dos Répteis, a partir de um grupo de dinossauros bípedes, predadores, que se deslocavam rapidamente sobre o solo utilizando as pernas traseiras, e não surgiram a partir de répteis voadores do Mesozóico (como os pterossauros, por exemplo). Apresentam penas como inovação evolutiva (derivadas das escamas dos répteis) que atua como isolante térmico, o que contribui para o surgimento da endotermia em aves (dependem da produção de calor pelo metabolismo para aumentar a temperatura do corpo e mantê-la estável). Possuem membros anteriores transformados em asas e esqueleto formado por ossos ocos (pneumáticos), delicados e pouco densos. Também há redução e fusão de ossos, para tornar o corpo leve e compacto, próprio ao voo. A cauda é reduzida e as cinturas pélvica e escapular são fundidas à coluna vertebral. O osso esterno possui uma projeção anterior denominada quilha ou carena, que serve para que se prendam os potentes músculos peitorais, responsáveis pelo batimento das asas.

O bico das aves é desprovido de dentes, possuindo inglúvio (ou papo, dilatação do esôfago, onde o alimento é armazenado e amolecido) e moela (modificação do estômago, dividido em compartimento químico – onde há produção e liberação de enzimas digestivas – e mecânico, ou seja, a moela propriamente dita, onde há músculos que fragmentam alimentos duros). Na moela, podem ser encontradas pedras ingeridas pelo animal, que contribuem para a trituração do alimento.

Os pulmões são compactos, não alveolares e se expandem em bolsas de ar (sacos aéreos), as quais preenchem várias partes do corpo, inclusive os ossos pneumáticos, contribuindo para redução de densidade das aves (adaptação ao voo) e para reserva de ar.

Sacos aéreos das aves.

Apresentam fluxo de ar unidirecional, em que são necessários dois ciclos de respiração para movimentar uma só massa de ar: pequenos movimentos da musculatura associada às costelas promovem a expansão do corpo e dos sacos aéreos (os pulmões não aumentam ou diminuem o volume, pois não são elásticos). O ar que entra através da traqueia vai para os sacos aéreos posteriores, agora expandidos; os sacos anteriores também se expandem, possibilitando a saída do ar que estava no pulmão para dentro de si. Depois, a mesma musculatura ligada às costelas se contrai, diminuindo o volume dos sacos aéreos, fazendo com que o ar dos sacos aéreos posteriores seja empurrado para os pulmões. Ocorrem as trocas gasosas; dos sacos aéreos anteriores, o ar vai para fora do corpo pelos brônquios e pela traqueia.

O coração possui quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. A artéria aorta possui a curvatura crossa dirigida para a direita (em mamíferos, é para a esquerda). Todas as aves são ovíparas e excretam ácido úrico. Apresentam visão e audição bem desenvolvidas. Apresentam siringe, uma estrutura da traqueia responsável pela emissão de sons. Possuem pele seca, sem glândulas, a não ser na região caudal, onde há a glândula uropigiana, que produz óleo. O animal espalha esse óleo com o bico sobre as penas para mantê-las flexíveis e impermeáveis.

Mamíferos

Os mamíferos surgiram a partir da diversificação dos répteis. Desenvolveram a endotermia para explorar hábitos noturnos e consumir insetos. Isso lhes permitiu alimentar-se quando os répteis (predadores) diminuíram sua atividade metabólica. A diversificação dos mamíferos ocorreu após a extinção dos dinossauros. A maioria é terrestre, mas existem aquáticos, como golfinhos e baleias, e voadores, como os morcegos. Apresentam glândulas mamárias como inovações evolutivas derivadas da epiderme, presentes em machos e fêmeas (nas quais as glândulas são desenvolvidas e funcionais); pelos (camada protetora contra perda de calor); glândulas sebáceas (associadas à base dos pelos, para lubrificar pelos e pele); glândulas sudoríparas (que produzem o suor, importante para a regulação térmica do organismo); glândulas odoríferas (alguns animais eliminam líquido nauseante secretado por um glândula anal); panículo adiposo sob a pele, teciso rico em células adiposas, responsáveis pelo isolamento térmico e reserva de energia.

A dentição é relacionado ao hábito alimentar (onívoros, herbívoros ou carnívoros) e o sistema digestório pode sofrer adaptações: em herbívoros, pode ser 28 vezes mais comprido que o corpo, pois os alimentos vegetais requerem maior tempo de permanência no intestino para que sejam digeridos. Além disso, eles possuem bactérias mutualísticas que degradam a celulose; já os carnívoros possuem o intestino apenas de três a quatro vezes maior que o comprimento do corpo, pois a carne é mais facilmente digerida; os onívoros, por sua vez, possuem um intestino de tamanho intermediário. Mamíferos ruminantes, como bois e cabritos, possuem bactérias no estômago, que é grande e subdividido em quatro compartimentos: rúmen ou pança; retículo ou barrete; omaso ou folhoso; e abomaso ou coagulador.

Sistema respiratório é composto por narinas, cavidades nasais, laringe, traqueia, brônquio, bronquíolos e pulmões alveolados. Todos os mamíferos possuem diafragma (músculo que separa o tórax do abdome, responsável por auxiliar nos processos de inspiração e expiração, junto à musculatura intercostal).

São classificados nos seguintes grupos: Prototheria ou Monotremata, Metatheria e Eutheria ou Placentários. Os Monotremata são os mamíferos que botam ovos semelhantes aos dos répteis e aves. Os filhotes mamam leite que escorre das glândulas mamárias. Temos como exemplos desse grupo, o ornitorrinco e a equidna. O grupo Metatheria inclui mamíferos vivíparos cujos embriões passam por curto período de desenvolvimentismo no útero. Eles nascem sem estar completamente formados e entram no marsúpio materno, onde se alimentam do leite e completam seu desenvolvimento. Possuem placenta pouco desenvolvida ou inexistente. São exemplos o canguru, o gambá e a cuíca. Os Placentários são o grupo mais diversificado dos mamíferos. Agrupa mamíferos vivíparos cuja gestação é longa o suficiente para que ps filhotes nasçam completos. Apresentam placenta bem desenvolvida cuja função é a troca de substâncias entre mãe e filhote por difusão entre os vasos sanguíneos embrionários e maternos, que estão próximos. A placenta também pode ocorrer em certos peixes e répteis vivíparos. A placenta pode ser formada por diferentes tipos de membranas extraembrionárias (é formada por mucosa uterina, cório e alantoide na maioria dos mamíferos vivíparos). Reconheceu alguma coisa nessa história? Sim, nós humanos somos placentários. Nutrimos nossos filhos através de uma placenta que nos mantém conectados.

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