E, por falar em diferentes contextos enunciativos, você já ouviu alguém falando que não-sei-quem assassinou o português? Pois é. Isso, hoje em dia, ainda é uma ideia que circula bastante por aí, mas, cuidado, pois ela, em geral, reflete apenas um preconceito em relação as variadas formas de uso da língua. Como assim variadas formas de uso da língua? A língua portuguesa não é uma só?!
Mas é claro que não! Olha o tamanhão do Brasil! Além disso, lembra que não é só no Brasil que se fala português? Portugal, Moçambique, Angola e muitos outros países também falam esse idioma, mas com inúmeras variações, pois a língua é algo vivo e se relaciona com aspectos culturais, identitários, etários, de gênero e até mesmo geográficos! Viva a diversidade!
Portanto, antes de julgar alguém como falando “errado” ou falando “certo”, vamos pensar melhor e ver o que essa variante realmente significa para os seus usuários, beleza?
Agora, vamos ao teste final? Observe as placas abaixo e reflita: elas estão corretas?


Por mais que a Constituição Federal diga que a língua portuguesa é a língua oficial do Brasil, é uma grande ilusão pensar que se fala apenas uma língua em nosso país. A língua, como já dito, varia em função de vários fatores, como idade, região de origem e classe social do falante. No entanto, quando a variação linguística não é reconhecida, há a tendência de valorizar e dar prestígio apenas à norma culta, ditada por uma classe dominante com acesso à escolarização – e que, em nossa sociedade, está diretamente associada ao poder aquisitivo. Isso evidencia a carga ideológica que existe em estabelecer uma norma como correta e todas as outras como incorretas!
Mas, então, as placas estão certas ou não?
A resposta é: depende do contexto. De acordo com a norma culta, não; de acordo com o contexto em que estão inseridas, podem estar corretas sim. Essas placas se encontram em locais que usam uma variedade coloquial da língua. A questão não é falar certo ou errado, mas utilizar a forma mais adequada ao contexto em que nos encontramos. Tanto na língua oral quanto na língua escrita, devemos usar a variedade linguística de acordo com o interlocutor ao qual o texto se dirige. Para isso, é importante que saibamos usar diversas variedades do português. Assim, quando nos questionamos se alguma palavra ou frase está certa, devemos antes nos questionar: de acordo com qual contexto?
Vale lembrar que vamos para a escola para aprender os variados contextos enunciativos, mas, sobretudo, para sermos apresentados à norma padrão, isto é, espera-se que o estudante seja capaz de adequar-se aos mais variados contextos e que seja, também, tão apto a compreender e reproduzir a norma de maior prestígio social. Portanto, o contexto do vestibular, em que precisamos escrever uma redação para ingressar no nível superior, é um contexto muito específico e para o qual precisamos utilizar a norma padrão da língua escrita, ok?
A Forma que Comunica
Já falamos bastante de conteúdo, sentido, valor político e ideológico que a nossa língua carrega. Agora, vamos nos voltar um pouco mais para a forma, pois ela também comunica! Lembra que acabei de te mostrar o quanto o contexto, o autor e o leitor vão influenciar no sentido do texto? Bom, agora vamos ver como a forma também cumpre esse papel! Vamos focar aqui nos diferentes tipos textuais e na infinidade de gêneros deles decorrentes. Bora lá?