Definir verbo como a classe gramatical que se flexiona em pessoa, número, tempo, modo e voz reduz demais o seu uso no cotidiano. O que caracteriza o verbo não são apenas as suas flexões, mas a forma como cada flexão descreve o mundo aos olhos do falante. Ele pode indicar ação, estado ou fenômeno, entre outros. Devido a isso, é seguro afirmar que o verbo se constitui de distintas particularidades, bem como de uma importância fundamental nas situações comunicativas cotidianas.
Todos Os Verbos
(Zelia Duncan)
Errar é útil
Sofrer é chato
Chorar é triste
Sorrir é rápido
Não ver é fácil
Trair é tátil
Olhar é móvel
Falar é mágico
Calar é tático
Desfazer é árduo
Esperar é sábio
Refazer é ótimo
Amar é profundo
E nele sempre cabem de vez
Todos os verbos do mundo
Abraçar é quente
Beijar é chama
Pensar é ser humano
Fantasiar também
Nascer é dar partida
Viver é ser alguém
Saudade é despedida
Morrer um dia vem
Mas amar é profundo
E nele sempre cabem de vez
Todos os verbos do mundo
DUNCAN, Zelia. Todos os verbos. Disponível em: https://www.letras.mus.br/zelia-duncan/1499012/ Data de acesso: 16/03/2019
► Pense assim:

Data de acesso: 25/03/ 2019.
A letra de Zélia Duncan traz suas percepções de mundo, seus sentidos: se para uns “falar é mágico”, para outros “calar é prático”; para uns “abraçar é quente”, mas outros consideram que “beijar é chama”.
Sejamos um pouco mais reflexivos:
O verbo quando na forma de infinitivo não define o mundo a menos que seja utilizado pelo falante. E é justamente por isso que o verbo se constitui de distintas particularidades, pois a partir dele é possível expressar as mais diversas percepções de mundo que podemos vir a ter.
Dito isso, a partir de agora vamos ver as particularidades do verbo, de modo a compreender a sua utilização e sua importância para expressar as nossas percepções de mundo.
Modo

Por que compreender os modos verbais interessa? Tal questionamento faz sentido à medida que percebemos que o falante busca não apenas descrever uma situação, mas mostrar como se insere nesse mundo: uma ação certa, uma ação incerta, ou uma ordem a ser executada. Claro que não podemos pensar que um verbo, por estar no modo indicativo, subjuntivo ou imperativo, irá significar somente “certeza, incerteza e ordem”. Devemos sempre analisar o contexto como um todo, pois é a partir dele que se formam os sentidos que constituem a nossa linguagem.
Tempo

O tempo é outro aspecto importante, pois as suas desinências mostram como a linguagem humana se relaciona com a passagem do tempo. De modo geral, a maior parte das línguas percebe esse movimento temporal e a forma como isso acontece é o que vai especificar cada idioma. A marca de tempo, no entanto, nem sempre está relacionada somente com a passagem de tempo ontem, hoje, amanhã. Ela, junto do modo do verbo, constituirá sentidos que ultrapassam essa definição e nos mostram, por exemplo, a intencionalidade do falante ao enunciar uma frase.
Número e Pessoa

Especificar qual pessoa do discurso conjuga o verbo mostra a quem estuda como aquela língua se organiza. Ter uma desinência específica para cada pessoa do discurso permite ao falante de língua portuguesa omiti-la em algumas situações de uso.
Exemplos:
Amo macarronada descreve um EU que gosta de massa;
Já Amamos macarronada descreve um NÓS que não tem
necessidade de aparecer no texto.
Daí a necessidade de compreender como cada conjugação verbal se organiza.
Formação Verbal
Uma forma verbal pode apresentar diferentes elementos característicos do ponto de vista estrutural. Tais morfemas são as menores unidades significativas que, ao se unirem, compõem um todo com sentido e uso na língua. Olhemos os verbos:

Data de acesso: 27/09/2019

Acontece que os verbos podem ser entendidos como regulares ou irregulares, e esse entendimento precisa ser compreendido ao longo dos anos. Uma criança que começa a tomar contato com a língua até pode dizer:
Eu fazi
Eu podi
Eu trazi
Mas essa irregularidade é aprendida com o tempo.