A Voz do Trabalhador: Um Grito de Conciliação
“Circunstâncias inesperadas podem deslocar o nível dos problemas: a falta de matéria prima, de transporte, de mercados, de combustível — que são indisfarçáveis realidades presentes — constituirão forças maiores, fatais ao mesmo tempo para o trabalho e o capital, se não houver esforço espontâneo e trabalho comum para vencê-las”
O texto acima foi escrito pelo próprio Getúlio Vargas em 1943. Ele escreveu isso quando seu Ministro, Marcondes Filho, lançou um livro chamado Trabalhadores do Brasil, em que contava o sucesso do programa em que ele falava diretamente aos trabalhadores pela rádio. A frase de Vargas “esforço espontâneo e trabalho comum” revelam qual foi sua principal ideia de governo: conciliação!
Getúlio Vargas é tido, até os dias atuais, como o “pai dos pobres”, o presidente dos trabalhadores, o homem que criou as leis trabalhistas. De fato, em 1943, Getúlio promulgou a primeira organização de leis trabalhistas do Brasil, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Ainda hoje, a CLT é importante para os trabalhadores. Sua fama de pai dos pobres e dos trabalhadores lhe rendeu uma grande herança no Brasil, mas falaremos melhor disso depois. Basta, por ora, sabermos que Vargas criou um personagem, o personagem “populista”.
Agora é preciso ter noção de que, Vargas, como governante de uma ditadura, não admitia oposição. Assim, se ele se dizia ou pensava ser o comandante do trabalho no Brasil, não haveria espaço para outros movimentos que disputassem este posto. Por isso é que no período governado por Getúlio, o país sofreu algumas mudanças legislativas no que diz respeito à representação de trabalhadoras e trabalhadores, em outros termos, no que diz respeito aos sindicatos.
Durante a Primeira República, também chamada de República Velha, os sindicatos foram duramente perseguidos pelos governos chamados de “democráticos”. Desde a fundação dos primeiros sindicatos, os líderes sindicais eram tidos como inimigos do Estado, perseguidos, exilados ou mortos. Quando Getúlio assumiu o poder, sua ideia era pôr fim nessa tensão política entre patrões e empregados e, por isso, criou um sistema que aproximava os sindicatos do governo.
Claro que este sistema não era o melhor do ponto de vista dos sindicalistas. Muitos que se opuseram à aproximação e ao diálogo foram perseguidos, torturados e mortos. Mas o fato é que, no governo de Getúlio Vargas, uma nova relação entre sindicatos e Estado foi estabelecida. Essa relação perdurou até o final de outra ditadura, a dos civis-militares de 1964. Mas aí já é outra conversa.
Trabalhismo e Desenvolvimentismo
Getúlio Vargas foi o responsável por dois outros movimentos, um político e outro econômico. Do ponto de vista político, sua participação foi fundamental para criar o movimento Trabalhista, ou seja, um movimento, que depois teve representação de um partido, que procurava se alinhar à pauta dos trabalhadores, isto é, os trabalhistas queriam que houvesse um governo voltado aos trabalhadores e empresários, numa lógica de pensamento conciliatório.
O outro movimento iniciado por Vargas, mas que só teve maiores repercussões nos anos de 1950 e na ditadura civil-militar, foi o desenvolvimentismo. Este já era voltado ao universo econômico e buscava promover a industrialização brasileira, a produção em massa e a urbanização.

Em 1945, porém, forças políticas se opunham ao regime de Vargas e atuaram contra ele utilizando meios como: jornais, rádio, etc. Por uma pressão muito forte, Vargas foi afastado do poder, acusado de ser um ditador antidemocrático (lembrando que o Brasil estava voltando de uma guerra que tinha acontecido nos países onde a democracia estava efervescente! Será que isso teve algo a ver?).