Tipos Textuais

Sabendo o que é um texto, compreendemos que haverá sempre um contexto ao qual reconheceremos a sua forma e situação comunicativa. Com isso, nós temos os tipos textuais, que, além de apresentarem uma forma específica, apresentam uma estrutura gramatical que determinará qual o tipo textual que estamos falando. Vejamos o quadro abaixo:

Os viajantes e a ursa

Dois amigos iam por uma estrada. De repente surge uma ursa. Um deles logo sobe numa árvore para se esconder. O outro, vendo-se quase pego, deitou no chão e se fingiu de morto. A ursa passa o focinho sobre ele, fareja-o daqui, fareja-o dali, e ele de respiração presa. (Dizem que os ursos respeitam os mortos.) O animal se foi e o que estava na árvore desceu e perguntou ao amigo o que a ursa lhe havia dito no ouvido. “Para não viajar mais com amigos que nos deixam sozinhos no perigo”, respondeu.

É nas vicissitudes que conhecemos os amigos.

(Fonte: Fábulas, de Esopo. p. 13, 1997)

“Não parava aí a fealdade da pobre Emília. A óssea estrutura do talhe tinha nas espáduas, no peito e nos cotovelos, agudas saliências, que davam ao corpo uma aspereza hirta. Era uma
boneca, desconjuntada amiúdo pelo gosto ao mesmo tempo brusco e tímido.

Como ela trazia a cabeça constantemente baixa, a parte inferior do rosto ficava na sombra. A barba fugia-lhe pelo pescoço fino e longo; faces, nas as tinha; a testa era comprimida sob as pastas batidas do cabelo, que repuxavam duas tranças compridas e espessas.”

ALENCAR, José de. Diva. 1 ed. São Paulo: FTD, 2012

a·mi·za·de

(latim vulgar amicitas, -atis, do latim amicitia, -ae)

substantivo feminino

  1. Sentimento de afeição e simpatia recíprocas entre dois ou mais entes (ex.: obrigado pelo carinho e pela amizade). ≠ DESAMIZADE, INIMIZADE
  2. Pessoa em relação a quem se tem esse sentimento (ex.: fazer
    novas amizades). = AMIGO
  3. Relação de entendimento, concordância, afinidade (ex.: amizade luso-angolana). ≠ INIMIZADE
  4. [Antigo] Concubinato, mancebia.
  5. [Brasil, Informal] Forma de tratamento cordial (ex.: tudo bem,
  6. amizade?). = AMIGO, CHAPA, NOSSA-AMIZADE

amizade colorida

Relacionamento.afetivo e sexual sem compromisso assumido com o parceiro.

“amizade”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, Disponível em: https://www.priberam.pt/DLPO/amizade
Data de acesso: 23/02/2017

Bolo de cenoura

Em um liquidificador, adicione a cenoura, os ovos e o óleo, depois misture;

Acrescente o açúcar e bata novamente por 5 minutos;

Em uma tigela ou na batedeira, adicione a farinha de trigo e depois misture novamente;

Acrescente o fermento e misture lentamente com uma colher;

Asse em um forno preaquecido a 180° C por aproximadamente 40 minutos.

Disponível em: http://www.tudogostoso.com.br/receita/23-bolo-de-cenoura.html
Data de acesso: 22/08/2019

A natureza dual do humor

O humor é visto, na contemporaneidade, tanto como uma maneira saudável de tornar a vida humana mais alegre quanto como uma poderosa arma destinada a perpetuar ideias e convicções. Se debochar de qualquer grupo ou indivíduo é uma dádiva da democracia, também pode ser uma ferramenta para a difusão de preconceitos.

A liberdade de expressão é uma conquista recente. Há menos de cinquenta anos, a primeira das muitas ditaduras de segurança nacional da América Latina colocava em prática o AI-5, uma medida que aumentava a rigidez do processo de censura. Aliados à lembrança de períodos como o Estado Novo e o Brasil colonial, os “anos de chumbo” serviram para transformar o direito de expressar opiniões em uma prioridade da sociedade pós-Ditadura. Sendo o humor um potente recurso para a crítica do “status quo”, sua defesa faz-se necessária em tentativas de impor-lhe restrições.

Todavia, é justamente por conta de todo humor ter um discurso ideológico por trás que é preciso cautela em sua utilização. Para fazer alguém rir, basta encontrar um grupo com o qual o indivíduo não simpatize e fazer chacota com seus integrantes. Piadas envolvendo chefes de trabalho são comumente fontes de gargalhadas graças ao desgosto da maioria por hierarquia. Entretanto, minorias já estigmatizadas, como mulheres, homossexuais e afrodescendentes, são alvos fáceis de deboche. Nesse caso, o humor serve para perpetuar ideias retrógradas, retardando o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.

A natureza dual do humor, com sua capacidade de fazer o pensamento humano tanto evoluir quanto retroceder, é, portanto, um fator que deve ser levado em conta ao avaliar os impactos que essa forma peculiar de comunicação provoca no mundo. Apesar de sua enorme importância ao desenvolvimento da criticidade na população, precisa-se estipular limites para que o riso de alguns não prejudique uma sociedade inteira.

(Redação escrita por um aluno da UFRGS para o vestibular de 2013)

Textos lidos? O que vocês perceberam neles? Há características que vocês conhecem de outros textos que já encontraram na vida de vocês que se assemelham a esses? Vocês sabem como cada texto aqui se chama?

Pois bem, vamos falar rapidamente sobre cada um:

O primeiro texto é uma fábula, uma história que é narrada por alguém que especifica (ou não) o tempo, além de situar as personagens em um espaço, um lugar. Além disso, uma história narrada sempre terá um início, meio e fim. Nesse tipo textual, chamado narrativo, há uma presença muito forte de verbos de ação no pretérito imperfeito e no presente do indicativo.

No segundo texto, há um trecho do livro Diva, do escritor brasileiro José de Alencar. No trecho selecionado, podemos imaginar como é a Emília, não? Quando nos deparamos com textos desse formato, que apresentam traços, características de um ser vivo, de um objeto ou de uma cena, nós estamos falando do tipo textual chamado descritivo. Nesse tipo textual, há a presença dos verbos no presente do indicativo, principalmente, e no pretérito perfeito e imperfeito, além do uso muito presente dos adjetivos.

Já no nosso terceiro exemplo, há um verbete de dicionário da palavra amizade. Nesse tipo de texto, o objetivo é apresentar um conceito ou uma ideia. Esse tipo textual, chamado expositivo, é muito presente no contexto escolar e acadêmico. Em relação às marcas linguísticas predominantes nesse tipo textual, o que fala mais alto é o uso da terceira pessoa.

Assim, no quarto texto, nós temos um outro texto bem comum do nosso dia a dia: as receitas. Nesse tipo textual, chamado injuntivo, há a intenção de induzir o leitor a praticar atos ou ter atitudes. No tipo injuntivo, o uso dos verbos no modo imperativo é o que predomina.

Por fim, no último texto… bom, vocês reconheceram o tipo textual desse texto de algum lugar? Aposto que vocês já tiveram que escrever pelo menos uma vez na vida um texto como esse do exemplo, certo? Aqui nós temos um texto do tipo textual argumentativo. Isto é, nesse tipo textual haverá sempre um autor posicionando-se sobre um determinado fato com o intuito de convencer o leitor a acreditar na sua palavra, utilizando, para isso, termos que estabeleçam uma relação de causa, condição, contraste, etc.

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