Bom, entendo, então, as condições que permitiram que a vida surgisse no planeta, começamos a nos perguntar como essa vida surgiu. E os estudiosos daquela época também tinham essa dúvida e levantaram duas hipóteses para explicar a origem da vida na Terra: a da abiogênese e da biogênese.
A teoria da abiogênese é muito antiga: perdurou desde a antiguidade até o Século XIX. Segundo ela, os seres vivos surgem espontaneamente a partir da matéria inanimada: acreditava-se, por exemplo, que sapos surgiam a partir da lama. Mais tarde, a partir dos experimentos de Francesco Redi (em 1668) e Lazzaro Spallanzani (1770), uma nova teoria chamada biogênese ganhou força. De acordo com ela, um ser vivo só pode surgir a partir de outro ser vivo.
Os Experimentos de Redi
Redi acreditava que o surgimento dos seres vivos não se dava por geração espontânea e investigou a suposta origem de vermes a partir da carne em decomposição. Redi tinha uma hipótese diferente para explicar a origem desses vermes. Eles eram simplesmente larvas que se desenvolviam na carne a partir de ovos de moscas. Para testar sua hipótese, Redi realizou o experimento ilustrado no esquema abaixo, que corroborou sua hipótese.

Como você pode perceber na imagem, Redi utilizou dois frascos contendo pedaços de carne, um que manteve aberto e outro que tapou com gaze para impedir que moscas colocassem seus ovos. Os resultados sustentaram a hipótese de Redi, porque os vermes só apareceram no frasco que ficou aberto, permitindo que as moscas deixassem seus ovinhos.
Os Experimentos de Needham e Spallanzani
Os trabalhos de Redi ajudaram na diminuição da aceitação da teoria da abiogênese. Entretanto, para muitos, a origem de organismos microscópicos ainda era explicada pela geração espontânea. Um dos mais conhecidos defensores dessas ideias foi John Needham. Ele realizou experimentos utilizando caldos nutritivos que haviam sido aquecidos e tapados de forma não muito eficiente. Observou que vários microrganismos apareciam nos caldos depois de um tempo. Ele defendia a existência de uma “força vital” que atuava para o surgimento dessas formas de vida.
Entretanto, outro pesquisador, chamado Spallanzani, refez os experimentos de Needham fazendo algumas adaptações. Ele ferveu os caldos por muito mais tempo e os tapou completamente, para evitar que qualquer microrganismo entrasse nos mesmos. Depois de vários dias, os caldos continuavam sem nenhum ser vivo microscópico, sustentando mais uma vez a hipótese de que a geração espontânea não ocorria. Apesar disso, Needham argumentou que a fervura em excesso feita por Spallanzani acabou com todo o ar presente nos potes com os caldos, e o ar seria necessário para a geração de novos microrganismos. Para entender como essa situação foi resolvida, precisamos falar sobre os experimentos de Louis Pasteur.
Os Experimentos de Louis Pasteur
Os experimentos de Pasteur, por volta de 1860, contribuíram para reforçar a hipótese da biogênese. Eles estão esquematizados na figura a seguir. O caldo nutritivo é despejado em um frasco de vidro (1); em seguida, o gargalo desse frasco é esticado e curvado após ser aquecido em uma chama (2); o caldo é, então, fervido e esterilizado (3); ao final do experimento, observa-se que o caldo nutritivo do frasco com “pescoço de cisne” manteve-se livre de microorganismos (4); também observou-se que, quando quebrado o gargalo do frasco, microrganismos surgiam no caldo (5).

Perceba que, em seu experimento, da mesma forma que Spallanzani, Pasteur ferveu os caldos nutritivos. Mas, para testar se o ar, era importante ele utilizou o gargalo em formato de pescoço de cisne. O gargalo com esse formato permitia que o ar entrasse no frasco, mas fazia com que os microrganismos do ar ficassem “presos” em suas curvas, que agiam como filtros. Em seus resultados, não observou o desenvolvimento de seres vivos por geração espontânea mesmo na presença de ar. Microrganismos só surgiam nos frascos após quebrar o gargalo. Esse experimento demostrou que mesmo microrganismos só surgem a partir de outros microrganismos, desacreditando a hipótese da abiogênese.