Como é que se sustenta uma ditadura? Já que as sociedades modernas acreditam na democracia como melhor forma de governo, como se legitima o uso da força e a falta de eleições? É mais simples do que parece e os Militares realizaram da seguinte forma:
► Aparência democrática: ainda que não existissem eleições para presidente, em algumas cidades do interior do país havia eleições para prefeitos, vereadores, etc. Nas maiores cidades, esses cargos eram indicados por figuras importantes da ditadura. Isso fazia com que o clima de democracia parecesse real. Além do mais, o cargo de presidente era ocupado por uma “eleição indireta”, ou seja, membros da ditadura, fantasiados de democratas, votavam para presidente. Tudo isso gerava um clima mais ameno para quem não tinha outras formas de compreensão do mundo político além do rádio e televisão (devemos levar em conta que mesmo a televisão era um objeto de consumo muito caro para a maioria da população, que consumia mais o rádio).
► Milagre Econômico: Não nos enganemos com o nome. Tampouco foi um milagre (milagre é efeito sem causa, e esse teve causa), tampouco foi bom para a economia. Melhor dizendo, foi bom para a economia dos empresários, no cenário internacional. O modelo de organização econômica da ditadura foi o “desenvolvimentismo”, ou seja, uma lógica de exportação dos produtos nacionais, a fim de desenvolver a indústria nacional. Isso fazia com que se exportasse muita produção brasileira – noutros termos, o dinheiro entrava, mas entrava para os empresários. O governo dizia que havia um milagre econômico que fazia com que as pessoas melhorassem de vida e tivessem maior poder de consumo, com elevação no padrão de vida. Isso não aconteceu de fato; a maior parte do país continuava na pobreza extrema e logo passou a se dar conta disso. Por isso, a ditadura utilizou outros métodos para manter a imagem de progresso.

► Propaganda na televisão: A utilização da televisão para difundir a ideia de uma ordem nacional aconteceu durante toda a ditadura. É claro que isso não colava mais na segunda metade da década de 1980, mas, mesmo assim, o regime civil-militar utilizou muito esse método. Escondia a pobreza e mostrava o progresso econômico, a alegria de ser brasileiro, o futebol como elemento que une o país, etc.

Resistindo ao Regime na Força e na Estratégia

Acesso em 3 de agosto de 2019
Para além do movimento cultural, outros grupos resistiram ao regime da ditadura. A historiografia se acostumou a chamar esse sistema de resistência de “guerrilha”. Existiam diversos grupos de guerrilhas, que encontravam na luta armada a única solução para o problema da ditadura.
É o caso da Guerrilha do Araguaia, que reuniu membros do extinto Partido Comunista do Brasil que viviam na ilegalidade. Nesta guerrilha, os militantes do partido foram mandados para a região do rio Araguaia, a fim de desenvolver um “foco de guerrilha”, agitando a população do interior do país a lutar contra o regime.
Mas a guerrilha do Araguaia foi, essencialmente, rural, já que se estabeleceu nos espaços de campo do interior do país. Outros grupos optaram pela guerrilha urbana. É o caso da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Movimento 8 de Outubro (MR-8) e Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares (VAR-Palmares). De uma forma ou de outra, esses e outros movimentos revolucionários armados participaram de algumas ações específicas que tentavam enfraquecer, ou até mesmo derrubar, o regime civil-militar. Utilizavam, principalmente, de “trocas” entre seus companheiros que foram presos pela ditadura e políticos importantes. Assim, os embaixadores da Suíça, Alemanha e Estados Unidos foram sequestrados em três diferentes momentos da ditadura, por alguns desses grupos, e trocados por militantes presos, que eram soltos ou exilados no México.
Para além disso, os militantes desses movimentos acreditavam que a única forma de garantir sua vitória era enfraquecer aos poucos o regime, tirando dele próprio os mantimentos para combater a guerrilha. Por isso, organizavam ações de “expropriação”, ou seja, invadiam bancos públicos e diziam estar “tomando de volta o dinheiro que a ditadura tomou”.
Entretanto, para o grande público, a ditadura divulgava o rosto desses militantes como “terroristas”, procurados por “crimes”. Isso fazia com que as pessoas tivessem uma imagem incompleta desses movimentos e essa visão se perpetua ainda nos dias atuais.