Dizíamos, anteriormente, que muitas das normas e leis hoje vigentes são o produto histórico de lutas travadas por grupos minoritários que, no passado, não tinham seus direitos reconhecidos pela ordem política e social. Durante a revolução industrial dos séculos XVIII e XIX, os trabalhadores das fábricas na Europa e nos Estados Unidos não gozavam do sistema de proteção social hoje existente na maioria das democracias, que lhes faculta o direito de organização coletiva e de realizar greve, assim como uma série de prerrogativas que conhecemos como direitos trabalhistas.
Historicamente, estas conquistas só foram possíveis através da ação coletiva, que, no mundo do trabalho, deu origem à primeira forma moderna de movimento social: o sindicato. Em sua definição mais frequente, um sindicato é “um conjunto de trabalhadores que se organizam para promover seus próprios interesses em relação aos empregadores, sobretudo em torno de questões de salário, promoção, condições de trabalho e segurança no emprego”. Inicialmente, os sindicatos eram organizações proibidas e até mesmo reprimidas pelo Estado, que reconhecia apenas a ação política ortodoxa de tipo político-partidário e parlamentar. O problema é que, nas nações industriais do século XIX, os partidos políticos e os parlamentos dispunham de poucos representantes das classes populares em seus quadros, já que os direitos de participação política se baseavam num critério de patrimônio ou renda.
Ato contínuo, a ação coletiva não ortodoxa, reformista ou revolucionária, tornou-se a via mais apropriada para os trabalhadores da revolução industrial conseguirem modificar e/ou atenuar suas péssimas condições de vida. Na maior parte das democracias ocidentais, os sindicatos foram incorporados pela ordem social vigente, cumprindo um papel institucional de mediação das relações entre capital e trabalho e como grupo de pressão perante o governo e os parlamentos. Na Rússia dos anos 1910, por outro lado, as organizações de trabalhadores (sovietes) acabaram aderindo à vertente revolucionária, protagonizando a Revolução Bolchevique de 1917 e constituindo uma nova ordem política de caráter socialista, isto é, a União Soviética.