Nos anos 80 do século XIX, vinte anos depois do surgimento do Parnasianismo na Europa, vai começar a surgir uma espécie de reação contra o movimento parnasiano, uma reação contra a visão de mundo artística da alta burguesia europeia. Surgem as primeiras poesias simbolistas.
O Simbolismo também é um movimento literário essencialmente dedicado à poesia, mas é antiparnasiano. Antiparnasiano na forma e no conteúdo dos poemas e também no comportamento e no estilo de vida dos poetas. Enquanto os poetas da tríade parnasiana, por exemplo, vão ser diplomatas, advogados, formados em Medicina, os poetas do Simbolismo serão “marginais”.
Eles são filhos de classe média, tiveram a oportunidade de ter uma boa educação, no entanto, não se sentiam confortáveis no regrado mundo de aparências da burguesia. Beberrões, violentos, indisciplinados, imaginativos e que se comportavam assim, talvez, justamente por se sentirem mal em um mundo calcado na lógica das aparências e não na lógica do sentido.
Temos, dentro do simbolismo europeu, três nomes de poetas que se tornaram muito famosos: Paul Verlaine, Arthur Rimbaud e Stéphane Mallarmé. São os três fundadores, por assim dizer, do Simbolismo na França.
Os artistas do simbolismo, à semelhança do Romantismo, vão experimentar um profundo mal-estar em relação ao mundo, em relação à sociedade em que vivem, o mundo materialista e luxuoso da Belle Époque. É devido a esse desconcerto com o mundo, a esse mal-estar dos poetas, que o movimento Simbolista também será chamado de Neorromantismo.
A poesia Simbolista:
► Desconcerto com o mundo;
► Retorno à subjetividade;
► A subjetividade do Simbolismo, no entanto, é mais aprofundada na psique humana (traz o mundo dos sonhos, o mundo do inconsciente);
► Poesia cheia de símbolos; não é descritiva como a poesia parnasiana. Ao invés dos autores falarem diretamente aquilo que querem transmitir, eles vão sugerir através do símbolo. O poeta simbolista apenas sugere através dos símbolos e metáforas, e fica a cargo do leitor tirar sentido daí;
► Musicalidade (à serviço da sinestesia e das sensações; poesia que fala das sensações e das emoções, mas que quer, acima de tudo, provocar efeito, provocar sensações);
► Misticismo (fala da alma, da mente, do espírito, mundo de sonhos, de irracionalidade. A poesia simbolista nos lembra que nem tudo que rege a nossa vida pode ser visto e tocado, que há um universo dentro do ser humano).
Simbolismo no Brasil
O Simbolismo começa no Brasil na última década do século XIX. Aqui no país, ofuscado pelo conservadorismo parnasiano, o movimento não vai durar mais do que dez anos, de modo que a poesia simbolista no país foi muito marginal. Feita por poucos poetas, ela estava fora do sistema cultural dominante, ou seja, fora do eixo Rio-São Paulo. Os poetas simbolistas vinham de províncias do sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
Os principais poetas simbolistas foram Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens.
Cruz e Souza (1861 – 1898)
Cruz e Souza foi o poeta mais famoso do Simbolismo no Brasil. Nascido na cidade de Desterro – hoje chamada de Florianópolis –, Cruz e Souza era filho de escravos libertos. Ele foi adotado por um bondoso marechal, que lhe deu abrigo e um ensino de alta qualidade.
Cruz e Souza nasceu negro no fim do século XIX, um período de ideologia extremamente segregatória, o que vai marcar a vida do jovem poeta com sofrimento e preconceito. O preconceito sofrido devido à cor de sua pele vai aparecer na sua poesia. A obsessão pela cor branca talvez seja uma das marcas disso. O poeta escreve sobre o branco da neve, sobre o branco do luar, sobre o branco da bruma matinal, etc. E, em muitos de seus poemas, Cruz e Souza vai inclusive esconder a cor de sua pele.
Principais temáticas:
► Obsessão pela cor branca;
► Erotismo e sublimação (desejo sexual x tentativa de esconder esse desejo);
► Sofrimento fruto da segregação;
► Espiritualidade (pouco reflexivo, pautado em valores fixos e
moralismo).
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)
Nascido em Minas Gerais, em Ouro Preto, formou-se em Direito em São Paulo e chegou a ser juiz, com um comportamento mais incluído na sociedade do que a maior parte dos poetas simbolistas.
Alphonsus é conhecido por ter a morte de uma mulher amada como um dos principais temas de sua poesia. Foi apaixonado por sua prima, chamada Constança. Ela era filha do escritor Bernardo Guimaraens, o famoso autor de Escrava Isaura. Constança morreu com apenas 17 anos e, na impossibilidade de esquecer essa jovem, Alphonsus de Guimaraens dedicou um grande número de poemas à prima Constança.
Principais temáticas:
► A Morte da Mulher Amada;
► A Religiosidade Católica (litúrgica e vazia).