A Semana de Arte Moderna (SAM) foi o evento considerado o estopim do Modernismo Brasileiro. A Semana foi um evento muito divulgado que aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo em fevereiro de 1922. Não há um mentor oficial, pois foram vários os organizadores, incluindo Mário de Andrade e Oswald de Andrade.
O objetivo da Semana de Arte Moderna era simples e ambicioso: destruir as velhas formas de arte na literatura, na música e nas artes plásticas. Nesse evento, se pretendia – e de fato se conseguiu – discutir e afirmar os princípios de uma nova arte.
A SAM foi um evento de grande porte, com muita divulgação e algum escândalo. Com duração de três noites, a “Semana” trouxe para o Teatro conferências, recitais, leituras, exposição, música e muita ironia, muito deboche em cima de uma arte que, para os jovens artistas, não fazia mais sentido. Havia uma postura revolucionária entres os modernistas, pois as grandes mudanças que os artistas almejavam não aconteceriam progressivamente, mas de maneira radical, brusca.

Criação: Di Cavalcanti.
Disponível em:
https://www.revistaprosaversoearte.com/95-anos-da-semana-de-arte-moderna-de-1922/
Data de acesso: 15/03/2019.
As pessoas se sentiram ofendidas com a perda de uma tradição de maneira tão repentina, por isso todo o escândalo da SAM. A violência e a agressividade dos modernistas pode ser sentida em seus poemas. Uma agressividade contra o “bom-mocismo” da geração anterior.
Poética
(Manuel Bandeira)
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público
com livro de ponto expediente protocolo
E manifestações de apreço ao Sr. Diretor
[…]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
[…]
Não quero saber do lirismo que não é libertação
BANDEIRA, Manuel. Poética. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/manuel-bandeira.htm Data de acesso: 15/03/2019
A primeira característica essencial da Literatura Modernista que podemos observar nas poesias e na prosa, especialmente no início do movimento no Brasil, é a questão da linguagem coloquial. Se vocês lembram, no Parnasianismo havia uma linguagem excessivamente preocupada com as formas, e, neste período de ruptura, haverá liberdade para usar a língua realmente falada pelo povo, e não o linguajar formal erudito, tornando a literatura mais acessível.
Uma segunda característica que encontramos nos textos literários modernos é a tematização do cotidiano. A lógica desses poetas consistia no fato de que a poesia precisava retratar o cotidiano, que não era feito de vasos gregos ou amores sublimes, etéreos, mas do barulho dos trens, dos becos das cidades e da fumaça dos carros. Para eles, a vida real, a vida simples do dia-a-dia dos cidadãos comuns, deveria e precisava estar na poesia e na arte.
A terceira característica – busca por uma identidade nacional – é muito importante para entendermos o Modernismo Brasileiro. A data da Semana de Arte Moderna não é mero acaso. O evento foi adiado quase um ano para coincidir com os cem anos da Independência Política do Brasil. A ideia que rondava a SAM era a proclamação de uma independência cultural, de uma independência artística.
Apesar de o Modernismo Brasileiro sofrer influência do movimento europeu, a proposta dos artistas brasileiros era tentar fazer uma arte tipicamente nacional. Todos os outros movimentos literários que tiveram lugar no Brasil eram praticamente cópias dos paradigmas europeus. Os modernistas de 22 queriam buscar uma identidade nacional e produzir arte a partir dela. Diferente dos escritores românticos, os modernistas não fechavam os olhos para os problemas do Brasil; eles queriam entender o país como ele era, em suas mazelas e alegrias, sem idealizações. Era, então, um nacionalismo crítico.
Conseguiram entender a lógica geral desse movimento?
Iniciou na Europa, com a modernização do século XIX, até seu pouso aqui no Brasil, onde o movimento ganhou características muito próprias do nosso país. Foi uma revolução nas artes, extremamente importante, e com resultados que “respingam” em nós até hoje.