São Tomás de Aquino

São Tomás de Aquino viveu entre 1225 e 1274. Nasceu na Itália e, a partir da sua juventude, pertenceu à congregação Dominicana. Aquino viveu em um período crucial da história da Filosofia Medieval: a chegada de novas traduções de filósofos gregos, latinos e árabes à europa ocidental e, em especial, de textos e comentários sobre a obra de Aristóteles.

São Tomás de Aquino viveu entre 1225 e 1274. Nasceu na Itália e, desde a sua juventude, pertenceu à congregação Dominicana. Aquino viveu em um período crucial da história da Filosofia Medieval: a chegada de novas traduções de filósofos gregos, latinos e árabes à Europa ocidental e, em especial, de textos e comentários sobre a obra de Aristóteles.

Aquino estudou nas universidades de Nápoles e de Paris. Nas universidades, como vimos acima, eram oferecidas as faculdades de Artes, Direito, Medicina e Teologia. Artes era a faculdade que continha as disciplinas da Filosofia, servia de pré-requisito para as outras e sua especialização máxima devia ser a Teologia. Porém, a primazia da Teologia em relação à Filosofia começou a ser questionada principalmente após a tradução destes novos textos filosóficos gregos; alguns alunos encerravam seus estudos na faculdade de Artes e não seguiam para a Teologia. Não é à toa que, em 1277, quatro anos após a morte de São Tomás de Aquino, algumas teses filosóficas foram condenadas como heréticas pelo bispo de Paris, Estêvão Tampier:

► “Não há condição de vida mais excelente do que se dedicar à filosofia”;

► “Para que o homem tenha certeza a respeito de alguma conclusão, é preciso que esta esteja fundada em princípios evidentes por si. – Trata-se de um erro, pois se fala de maneira geral tanto da certeza da apreensão como da certeza da adesão”;

► “Não se deve crer em nada, exceto nisto que é evidente por si ou nisto que é demonstrado a partir o que é evidente por si” ;

► “O homem não deve se contentar da autoridade para obter certeza a respeito de nenhuma questão”.

Como podemos ver, era um período delicado para lidar com proposições que pudessem colocar em risco a fé cristã. Mas, por que os pressupostos da Filosofia colocavam em risco o conhecimento que a Teologia da época proporcionava? Quais as diferenças básicas entre esses dois conhecimentos?

O conhecimento filosófico, assim como as Ciências Naturais, pretende estar fundado em princípios que podem ser acessados racionalmente por todos. São princípios da razão que podem ser conhecidos por si e sob os quais a discordância dos homens cessa. Um exemplo de princípio sobre o qual se funda a investigação filosófica é o “princípio de não contradição” que vimos no capítulo sobre Aristóteles. A teologia, ao contrário, pretende estar fundada em princípios que só estão disponíveis por meio da revelação divina. É claro que esses princípios podem ser analisados e articulados pelas regras gerais do pensamento, mas, em última análise, eles só podem ser aceitos por aqueles que aceitam os preceitos religiosos que os sustentam.

Aquino tentará compatibilizar essas duas formas de produzir conhecimento de tal maneira que a Teologia tenha o caráter de uma ciência investigativa e que esteja no mais alto grau da hierarquia dos saberes. Desde as investigações de Aristóteles, buscava-se compreender a ordem das disciplinas do conhecimento. A hierarquia dos saberes que é considerada por Aquino tem, na sua base, os conhecimentos que só dependem da observação e da investigação empírica, que
fazem uso prático da razão. Subindo o grau de complexidade, estariam os conhecimentos que dependem da observação, mas também do pensamento, e que fazem um uso prático e teórico da razão. Por último, no maior grau de complexidade, estariam as disciplinas que só dependem do pensamento, disciplinas que só fazem uso teórico da razão. Destas disciplinas, a Metafísica é a maior meta da investigação filosófica: é o conhecimento teórico da razão sobre a primeira causa de tudo, do divino.

Porém, Tomás de Aquino faz uma pequena modificação no texto aristotélico para torná-lo compatível aos seus propósitos: a metafísica não é mais a ciência do “ente enquanto ente”, e sim do “ente criado enquanto ente”. A Teologia assume a primeira posição na hierarquia do conhecimento e a metafísica filosófica passa a ser uma disciplina que assessora a investigação teológica. A Filosofia se ocupa das investigações que o homem pode descobrir por meio do uso da razão, como “Deus existe”, e a Teologia se ocupa daquelas questões que estão para além do conhecimento humano e que precisam ser reveladas por Deus para poderem ser conhecidas pelos homens, como o fato de Deus ser “unidade e trindade”.

Os escritos de São Tomás de Aquino sobre política e moral também são influenciados por Aristóteles. Aquino tem uma concepção moral eudaimônica (voltada ao bem) e baseada na virtude. Em política, Aquino comenta que ordem e justiça devem servir ao bem comum e que essa é a finalidade do Estado. Para isso, é necessário um governo não tirânico que conduza a esse fim. A monarquia sugerida por Aquino é descrita como “temperada” por alguns autores, pois, além do rei, deveria haver um conselho de sábios escolhidos pelo povo por suas virtudes e que seriam assessores do rei. Para o autor, o rei serve como um guia que conduzirá o Estado ao bem comum.

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