A partir de agora, trataremos dos processos revolucionários que se desenvolveram na Inglaterra do século XVII. Em primeiro lugar, estudaremos a monarquia absolutista inglesa, com o objetivo de explorar as contradições e os conflitos que culminaram na Revolução Puritana (1649) e no período da Commonwealth (1649-1660). Em segundo lugar, estudaremos a restauração monárquica após a morte de Oliver Cromwell, de modo a posteriormente compreender as causas e os desdobramentos da Revolução Gloriosa (1688).
Dinastia Tudor
Com o fim da Guerra das Duas Rosas, Henrique VII (1497-1509) – fundador da dinastia Tudor – deu início ao absolutismo inglês. Após a sua morte, o seu filho, Henrique VIII (1509-1547), deu continuidade à dinastia, rompendo também com o papado e estabelecendo a Igreja Anglicana como religião oficial da Inglaterra. Entre 1547 e 1553, o monarca foi Eduardo VI, posteriormente cedendo lugar a Maria Tudor, da Escócia, que restabeleceu o catolicismo como religião oficial. Em 1558, contudo, Elizabeth I (1558-1603) restaurou a Igreja Anglicana no lugar do catolicismo. De modo geral, vocês precisam saber que, ao longo do século XVI, a dinastia reinante foi a Tudor. Além disso, vocês devem saber que a dinastia Tudor, ao centralizar o poder político, uniformizar a moeda (e o sistema de pesos, medidas e tarifas) e incentivar a expansão marítima e comercial, contou com o apoio da pequena nobreza rural (gentry) e das oligarquias mercantis (burguesia) para governar.
Dinastia Stuart
Sem descendentes diretos, a morte de Elizabeth I (1603) significou o fim da dinastia Tudor. O trono da Inglaterra ficou com o primo de Elizabeth, Jaime I, rei da Escócia e filho de Maria Stuart. O reino de Jaime I (1603- 625) foi marcado pela adoção de fracas políticas econômica e externa, levando à relutância da Câmara dos Comuns (Parlamento) em apoiar o governo (HILL, 1988, p.28). O seu sucessor, Carlos I, tentou reinar sem o Parlamento – que, inclusive, foi dissolvido em 1629 –, trilhando um caminho em direção à instalação de uma monarquia absolutista.
Revolução Puritana
É necessário ter claro que, entre as insatisfações do Parlamento, estavam a inclinação de Carlos I para com o catolicismo – em parte por conta de sua esposa, a católica francesa Henrietta Maria –, a convicção de Carlos I de que seu poder era absoluto e legitimado divinamente, assim como a imposição de tributos sem aprovação do Parlamento1 (FUNCK, 2012). As desavenças entre o rei e o Parlamento se intensificaram após o período em que Carlos I reinou sem o Parlamento (1629-1640), possibilitando a emergência de um líder puritano, Oliver Cromwell, que conduziria as tropas do New Model Army durante o período de guerra civil (1642-1649). Em 1649, Carlos I foi decapitado e, assim, instaurou-se, sob a liderança de Cromwell, a Commonwealth (República). O esquema abaixo ilustra um pouco os lados que ficaram opostos durante a guerra:
1 O mais polêmico desses impostos era o Ship Money, que, sob as ordens de Carlos I, passou a ser cobrado tanto nas regiões costeiras quanto interioranas.

República de Cromwell
A Revolução Puritana (1649) deu início ao único período republicano da história inglesa, que durou de 1649 até a morte de Cromwell, em Em um primeiro momento, Cromwell governou em conjunto com o Parlamento, porém, em um segundo momento, começou a governar de modo ditatorial. Dito isso, vocês precisam saber que, entre as ações tomadas por Cromwell, a mais importante delas é a adoção dos Atos de Navegação (1651), pois obrigava que os produtos ingleses fossem transportados apenas por embarcações com bandeira inglesa. Desse modo, os Atos precipitaram uma “revolução comercial” que, além de contribuir para tornar a Inglaterra uma potência marítima, representou uma condição prévia e indispensável para o desenvolvimento da Revolução Industrial (HILL, 1991, p.182).
Revolução Gloriosa
Após a morte de Cromwell, ocorreu na Inglaterra um processo de restauração da dinastia Stuart. Entre 1660 e 1685, o reino ficou sob comando do monarca Carlos II, segundo filho de Carlos I. Depois de sua morte, Jaime II, com apoio da França, tentou restabelecer o Absolutismo na Inglaterra. Eclodiram novos conflitos com o Parlamento, que acabou depondo Jaime II e oferecendo a Coroa para Guilherme de Orange, da Holanda (Guilherme III). Após assumir o trono britânico, Guilherme III assinou a Declaração de Direitos (Bill of Rights), que limitava os poderes monárquicos em vários aspectos. Sem extinguir a monarquia e sem derramar sangue, a Revolução Gloriosa (1688) instalou a monarquia parlamentar no Reino Unido, que vigora até a atualidade. Observem o esquema:
