A partir de agora, estudaremos a Revolução Americana, que representa o primeiro movimento inspirado em ideais burgueses fora da Europa. Neste capítulo, estudaremos a formação das 13 colônias, as desavenças entre elas e a metrópole, a guerra de independência e, por fim, a escrita da Constituição dos EUA.
As 13 Colônias
A partir do século XVI, os ingleses começaram a explorar a região leste da América do Norte, criando entrepostos comerciais na região. A partir do século XVII, em parte por conta do avanço francês, os ingleses começaram efetivamente a colonizar a região. A primeira colônia inglesa foi a Virgínia (1607), majoritariamente formada por protestantes. Até o século XVIII, foram fundadas 13 colônias independentes entre si, porém subordinadas à metrópole inglesa. De modo geral, vocês precisam saber que essas colônias podiam ser divididas em: 1) colônias do centro-norte: possuíam autonomia comercial, praticavam a “policultura” em pequenas e médias propriedades e empregavam predominantemente o trabalho livre e assalariado; e 2) colônias do centro-sul (Virgínia, Carolina do Sul, Geórgia): se enquadravam no sistema colonial mercantilista – latifúndio, monocultura para exportação e escravidão. O esquema abaixo deve ajudar a compreender essa divisão:

Atritos Entre Colônia e Metrópole
Apesar da colonização inglesa ter sido mais “branda” do que a praticada pelos países ibéricos na América Latina, por exemplo, os conflitos entre as 13 colônias e a metrópole sempre existiram. Entre 1756 e 1763, a Inglaterra ingressou em um conflito com seu principal rival geopolítico, a França. Como forma de cobrir os custos da guerra, os ingleses instituíram tributos nas 13 colônias, como taxas sobre o açúcar, o selo e o chá.
O Protesto das 13 Colônias
Vocês devem imaginar que essas medidas causaram indignação nos colonos, que temiam a perda de sua relativa autonomia local. Um ano após a formação do “Boston Tea Party”, houve a realização do Primeiro Congresso Intercontinental, reunindo representantes das colônias na Filadélfia. Nesse Congresso, os colonos exigiram mudanças no pacto colonial com a Inglaterra. Contudo, a metrópole estava pouco disposta a ceder aos anseios dos colonos. Como resultado, em 19 de abril de 1775, teve início a chamada Guerra de Independência.
A Declaração de Independência
Em maio de 1775, os colonos realizaram o Segundo Congresso Intercontinental, convocando os cidadãos às armas e nomeando George Washington (1732-1799) como comandante das tropas coloniais (COTRIM, 2012, p.370). Em 4 de julho de 1776, a Declaração de Independência tornou-se pública, designando a nova nação, a partir de então, como Estados Unidos da América. Capitaneada por figuras como Thomas Jefferson, a declaração afirmava que:
“[…] todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade.”
A Guerra de Independência
Vocês devem saber que a guerra pela independência das 13 colônias pode ser dividida em duas etapas. Na primeira, as tropas estadunidenses, sob comando de George Washington, lutaram praticamente sozinhas contra as forças inglesas. Entre 1778 e 1781, os rivais geopolíticos da Inglaterra – como a França, a Espanha e as Províncias Unidas (Holanda) – começaram a enviar dinheiro e tropas. Com isso, os colonos americanos conseguiram se sobressair e derrotaram as últimas tropas inglesas em Yorktown em outubro de 1781. Dois anos mais tarde, o governo inglês reconheceu a independência das 13 colônias.
A Constituição dos EUA
Em setembro de 1787, proclamou-se a Constituição dos Estados Unidos da América, que, entre outras questões, definia o país como uma República Federativa presidencialista, assim como estabelecia a tripartição dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Além disso, a Constituição dos EUA assegura o exercício de direitos políticos e civis – como a liberdade de expressão, de imprensa, de crença religiosa e de reunião, a inviolabilidade do domicílio e o direito a julgamento (COTRIM, 2012, p.372). Contudo, como vocês devem saber, a escravidão nos EUA só foi abolida após o final da Guerra de Secessão (1861-1865), ao mesmo tempo em que as populações indígenas não foram, de modo algum, incluídas nos direitos garantidos pela Constituição. Por outro lado, as mulheres também não exerciam a cidadania de forma plena, ainda mais se considerarmos que apenas puderam votar 140 anos depois da escrita da Constituição. Ou seja, apenas os homens adultos brancos – pertencentes à burguesia comercial e econômica e à aristocracia fundiária – eram os cidadãos que possuíam plenamente os direitos assegurados pela Constituição dos EUA.