A Relativa Desconcentração Industrial

Por volta de 1980, começou a ocorrer uma desconcentração industrial no Brasil, com um decréscimo relativo de São Paulo e um crescimento maior em outras unidades da federação (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Amazonas e outros). O que houve não foi tanto uma regressão da atividade industrial em São Paulo, mas uma expansão do ritmo de crescimento em outros estados. Aí vem a pergunta: quais são as causas desta desconcentração industrial, que ainda persiste na atualidade?

Primeiramente, há o esgotamento de São Paulo, especialmente de sua capital e arredores. É o que se chama de deseconomia de escala: ela ocorre quando uma aglomeração torna-se desfavorável às novas localizações empresariais em face dos custos elevados com impostos, terrenos demasiadamente caros, congestionamentos frequentes no trânsito, combatividade de vários sindicatos de trabalhadores, muita poluição, maiores custos com alimentação e moradia (o que implica maiores salários), etc.

Na década de 1960, a cidade de São Paulo já dava mostras desse esgotamento, havendo até os anos 1970 uma busca de novas instalações industriais não na capital em si, mas nos seus arredores (ABCD paulista, Baixada Santista, Campinas, etc.) Mas, dos anos 1980 em diante, nem mesmo a área próxima à capital paulista continuou a ser atraente, ocorrendo então um maior crescimento do interior do estado e, principalmente, de outros estados.

Houve, paralelamente, uma maior atração de empresas por outras cidades e outros estados, cujos governos promoveram incentivos variados para isso: terrenos baratos ou doados por prefeituras, isenção de tributos municipais ou estaduais durante vários anos – a tão famosa “guerra fiscal”; o crescimento industrial de algumas áreas ou regiões contou com uma grande ajuda estatal, tanto do governo federal quanto dos governos estaduais e municipais. Esta “guerra fiscal” levou a uma renúncia da arrecadação de dinheiro público, que poderia ser utilizado em gastos sociais como educação e saúde.

Finalmente, outro fator que contribuiu para a desconcentração industrial no espaço brasileiro foi a grave crise econômica (particularmente industrial) que o país atravessou durante os anos 80 e 90. Nesse período, a atividade industrial do Brasil como um todo praticamente não cresceu (alguns setores até regrediram, principalmente entre 1980 e 1985) e, pelo menos até 1991, houve pouca modernização.

Essa crise, como não podia deixar de ser, foi bem mais intensa em São Paulo, exatamente pelo fato de o estado concentrar, até os anos 1980, mais da metade da atividade industrial do país. As poucas indústrias que surgiram ou se expandiram nesse período preferiram se instalar em outras áreas ou estados. Com isso, houve um decréscimo relativo da participação de São Paulo (e também, embora em menor proporção, do Centro-Sul do país) no volume total da produção industrial brasileira.

Tecnopolos: Campinas, São Carlos, São José dos Campos e a capital paulista caracterizam-se como centros de produção e de difusão de tecnologia de ponta. Segundo o ranking da revista americana Fortune, a cidade de Campinas sedia 50 das 500 maiores empresas de alta tecnologia do mundo, tornando-se o terceiro maior polo industrial do país.

O que se observou na primeira década do século XXI foi um crescimento significativo do setor industrial, o que contribuiu para que o Brasil subisse no ranking internacional da produção industrial das nações emergentes. Em 2007, por exemplo, registrou-se o recorde no uso da capacidade industrial instalada de 86,1%. Isso significa que, para fabricar produtos, as empresas estavam usando quase 90% de todos os seus meios disponíveis. No entanto, a crise econômica global iniciada em 2008 atingiu o setor secundário do país, fazendo com que ocorresse uma queda na produção do setor, que perdura até os dias de hoje. A crise vem se agravando nos últimos anos e, entre 2013 e 2016, 13,8 mil indústrias foram fechadas no Brasil, reduzindo em 1,3 milhão o número de postos de trabalho no setor secundário brasileiro.

Ranking dos Estados Mais Industrializados do Brasil

1º lugar: São Paulo
ABCD paulista;
Região metropolitana de São Paulo;
Baixada Santista;
Campinas;
Vale do Paraíba (São José dos Campos)

2º lugar: Minas Gerais
Região Metropolitana de Belo Horizonte;
Quadrilátero ferrífero

3º lugar: Rio de Janeiro
Vale do Paraíba;
Região Metropolitana do Rio de Janeiro

4º lugar: Rio Grande do Sul
Região Metropolitana de Porto Alegre – Novo Hamburgo, São Leopoldo,
Charqueadas, etc.;
Caxias do Sul;
Bento Gonçalves;
Rio Grande

5º lugar: Paraná
Região metropolitana de Curitiba;
São José dos Pinhais

6º lugar: Santa Catarina
Joinville;
Blumenau e Brusque;
Chapecó e Concórdia;
Tubarão e Criciúma

7º lugar: Bahia
Recôncavo Baiano – RM de Salvador

8º lugar: lugar: Amazonas
Zona Franca de Manaus

9º lugar: Ceará
Região Metropolitana de Fortaleza

10º lugar: Pernambuco
Região Metropolitana de Recife

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