Depois de três séculos de estabilidade, o Império começou a sentir os efeitos de uma mudança estrutural na vida romana. Uma crise econômica muito grande atacou o poder central do Império. Com tantos governantes locais, os níveis de tributos precisavam subir e não havia mais dinheiro para pagar as gastos.
A situação ficou ainda pior quando povos bárbaros, ou seja, que não pertenciam ao Império, começaram a invadir e saquear as cidades romanas. Nesse momento, o Império tinha sido dividido em duas partes: a ocidental e a oriental. A sede, que era ocidental, foi transferida para o Oriente, numa cidade que ficou conhecida como Constantinopla. As duas partes do Império eram assim divididas para uma melhor organização administrativa.
A situação era ainda mais grave no seio das cidades. Como não havia uma política de solidariedade aos povos citadinos, que ficaram à míngua com a crise econômica, houve um abandono enorme das cidades e as pessoas foram morar nos campos. Esse processo de ruralização, ou seja, de ir para a zona rural, desencadeou os princípios do fim do regime imperial romano. Ao ir para o campo, as populações pobres não tinham formas de sobreviver, a não ser que pedissem auxílio aos que tinham mais dinheiro. Nisso se organizou um Colonato, uma forma de organização da sociedade agrária em que os maiores detentores de terras doavam parte dessas terras aos colonos, pobres que iam morar no campo, e esses colonos deveriam dar boa parte do que produziam em troca das terras. Essas mudanças não apenas corroeram o Império – já que tiravam a legitimidade do imperador como provedor da segurança – como também serviram de base para o estabelecimento do feudalismo, durante o período da Idade Média.
O Império dá Adeus!
A situação do Império foi levada ao limite em 476 d.C. Nesse momento, a sede do Império já estava na parte oriental, em Constantinopla. Mas a porção ocidental havia sido totalmente tomada pelos “bárbaros”. O Imperador Ocidental, Rômulo Augusto, foi deposto pelos Hérulos e, com isso, admite-se o final de um dos maiores impérios que o mundo já conheceu. Roma Oriental, completamente transformada e com um sistema próprio, sobreviveu até o ano de 1453 d.C.
É importante pensarmos na trajetória desses povos que estudamos aqui como maneiras de entender as sociedades e as formas que elas podem ter. Hoje temos uma sociedade completamente diferente da sociedade romana, por isso, em nenhum momento, falei da “vida privada” romana. Não havia vida privada. Não havia noções de sentimentos individuais como o Amor. Não havia nem mesmo a sexualidade como algo próprio dos humanos, enquanto seres sentimentais.
Somos muito diferentes dos romanos, assim como somos muito diferentes dos gregos. Mas carregamos conosco muitos elementos da cultura deles, assim como carregamos muitos elementos da cultura e da organização dos africanos, dos asiáticos, etc.