
Nos países centrais, onde a urbanização é mais antiga, esse processo ocorreu de forma mais lenta e integrada com a área rural. O êxodo rural, fator importante para o início do processo de urbanização, ocorreu desde o século XVIII, durante a primeira fase da Revolução Industrial. Além de oferecer novos empregos (no comércio e na indústria), as cidades tiveram importante papel na evolução das migrações, pois receberam novas moradias e, com o tempo, foram dotadas de equipamentos urbanos (como ruas, pontes, túneis, iluminação pública, esgoto e saneamento) e de serviços (transporte coletivo e comércio, entre outros). Aos poucos, a expansão horizontal cedeu lugar à verticalização.
Considerando-se que a urbanização moderna é um processo intimamente ligado à industrialização e ao capitalismo, observamos que os países mais urbanizados do mundo são os desenvolvidos. A maior parte deles – o Japão, os países da Europa Ocidental e da América Anglo-Saxônica – já atingiu índices bastante elevados, praticamente máximos, de urbanização. Em 2004, muitos desses países chegaram a mais de 80% de urbanização, como Holanda (81%); alguns ultrapassaram os 90%, como Bélgica (97%) e Austrália (91%); outros chegaram a 100% (é o caso de Mônaco). Como nos países centrais há uma drástica redução da migração do campo para a cidade, a tendência é de que os índices se estabilizem em torno de 80 a 90% de urbanização. Isso não significa que as cidades pararam de crescer nesses países, uma vez que o crescimento urbano físico (edificações) e populacional depende, além do êxodo rural, do crescimento vegetativo e da imigração.
A urbanização nos países subdesenvolvidos se dá de forma muito heterogênea. Se, por um lado, alguns países – subdesenvolvidos industrializados – apresentam taxas de urbanização iguais ou até superiores às de países desenvolvidos, alcançadas num espaço de tempo muito inferior, por outro, há uma série de países subdesenvolvidos não industrializados que, em virtude do predomínio de atividades agrícolas, apresentam baixos índices de urbanização.
Principalmente nos países subdesenvolvidos, a ocupação do solo urbano ocorreu de maneira irracional e sem planejamento. As áreas verdes foram substituídas por construções e asfalto, dando origem a problemas como poluição do ar, contaminação de mananciais, enchentes, poluição sonora, etc. O lote de terra urbano tornou-se uma mercadoria cara. Com a especulação imobiliária, grandes construtoras e agentes imobiliários passaram a explorar o solo urbano, comprando terras – às vezes com financiamentos privilegiados – e atraindo equipamentos e serviços públicos para valorizá-las e vendê-las por um preço mais alto.
É comum de um lado existir a cidade formal, bem planejada, com bairros ricos, ruas arborizadas, avenidas largas, privilegiada por equipamentos e serviços urbanos e, de outro, a cidade informal, composta pela periferia, pelos subúrbios, pelas favelas, por ruas estreitas, sem planejamento e com infraestrutura básica inadequada. A segregação espacial – notada pelo contraste entre edifícios, condomínios fechados, shoppings e favelas, cortiços, falta de infraestrutura – é provocada pela segregação econômica: as pessoas das classes sociais menos favorecidas, que não podem comprar um terreno nem alugar um imóvel nas áreas mais nobres das cidades (ainda mais valorizadas pela especulação imobiliária), ocupam desordenadamente áreas menos valorizadas como várzeas, morros, encostas e mangues, gerando favelas numerosas e extensas, que não contam com serviços e equipamentos urbanos.
O crescimento e agravamento dos problemas urbanos em função da chegada de inúmeras pessoas à cidade ficou conhecido como macrocefalia urbana.
