Já vimos que as grandes potências europeias estavam em uma acirrada corrida imperialista, que objetivava a conquista de novas colônias na África e na Ásia. Essa exploração colonial ampliou os lucros e a concentração de capitais que contribuíram para a formação de grandes cartéis e trustes.
CARTEL: grandes empresas que produzem mercadorias semelhantes e elaboram acordos para estipular preços e dominar mercados, evitando concorrência.
TRUSTE: fusão de diversas empresas em uma única organização. Geralmente, são constituídos de empresas que se envolvem no mesmo ramo do processo de produção, ou seja, da produção de matéria-prima até a finalização do produto industrializado.
Vimos, também, que surgiram algumas divergências nessa disputa por colônias e mercados. Essas disputas econômicas, somadas aos nacionalismos europeus que surgiam em função dos conflitos e pequenas guerras neste território, foram as grandes causas da Primeira Guerra Mundial. As potências clássicas e as novas potências organizaram-se em dois blocos, que se engajaram em uma corrida armamentista: Tríplice Entente (França, Inglaterra e Rússia) e Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália). A causa mais imediata do confronto foi o assassinato do herdeiro do trono da Áustria, o arquiduque Francisco Ferdinando, em 1914, na Bósnia (região dos Balcãs). Detalhe: o território se constituía em área de influência da Áustria, mas era pretendida pela Sérvia, aliada da Rússia. Para entendermos melhor, vamos observar o quadro abaixo:
As Fases da Guerra
O clima esquentou com o assassinato do arquiduque:
► A Rússia mobilizou seu exército e avisou que estava pronta para encarar qualquer conflito;
► A Alemanha, em resposta, declarou guerra contra a Rússia e a França e invadiu a Bélgica;
► A Inglaterra declarou guerra à Alemanha;
► O Império Austro-Húngaro fechou com a Alemanha e também declarou guerra à Rússia.
A partir destes acontecimentos, o mundo passou a viver o maior conflito já visto até então. Vamos observar as etapas desta grande guerra:
Primeira Fase (1914): muitos historiadores caracterizam essa fase como sendo uma guerra de movimentação, porque diversas batalhas ocorreram a partir da rápida movimentação dos exércitos das grandes potências. Foi nessa fase que a Alemanha lançou a ofensiva contra a Bélgica e conseguiu invadir o Norte da França. Só o Norte? Sim, os franceses contaram com o apoio da Inglaterra e conseguiram se reorganizar. Os russos também tentaram invadir a Prússia, aliada da Alemanha, mas acabaram derrotados. Desta fase, podemos concluir que ambos os lados obtiveram vitórias e derrotas, caracterizando um equilíbrio de forças;
Segunda Fase (1915-1916): o equilíbrio demonstrado na fase anterior resultou na chamada guerra de trincheiras. Trincheiras eram valas profundas escavadas no chão e que contavam com túneis com quilômetros de extensão. Elas protegiam as tropas dos ataques inimigos. Nesta fase, as indústrias das potências envolvidas desenvolveram diversos instrumentos de guerra para abastecer as frentes, como a metralhadora e o gás mostarda. Isso representou grande perda de contingentes de soldados por ambos os lados. Outro ponto importante dessa fase ocorreu quando a Itália rompeu com a Alemanha e passou a apoiar a Tríplice Entente. É claro que o país recebeu a promessa de aquisição territorial em colônias alemãs, caso esta fosse derrotada;
Terceira Fase (1917-1918): o ano de 1917 foi decisivo, pois aconteceram alguns fatos de grande importância para os rumos do conflito. Vamos entendê-los:
► A Rússia era castigada, além de sua estrutura atrasada, por uma grave crise econômica decorrente da baixa produção de alimentos durante a guerra. Internamente, o país passou por um processo revolucionário em 1917, ao destituir o czar Nicolau II e levar ao poder os comunistas organizados, sob a liderança de Lenin, Bolchevique. Os revolucionários assinaram um tratado de paz com a Alemanha e se retiraram da guerra;
► Ao mesmo tempo em que a Entente perdeu um grande aliado, ganhou outro. Os Estados Unidos da América entraram na guerra devido às parcerias comerciais com as potências clássicas da Europa e contribuíram para desequilibrar o conflito.
A guerra chegou ao final no ano de 1918. As linhas da Alemanha com os demais países da Tríplice Aliança foram interrompidas e forçaram os alemães a recuar. A Itália derrotou as tropas da Áustria e impôs um tratado de paz. Era o fim: os oficiais do Exército alemão informaram que ganhar a guerra era impossível e a culpa dos conflitos caiu sobre Guilherme II, forçado por uma rebelião interna a abdicar o trono. A Alemanha virou uma República nesse processo, a República de Weimar, e foi obrigada a aceitar todas as imposições dos Aliados.
O Desfecho e as Consequências
Os países que integravam a Tríplice Entente elaboraram uma série de tratados que visavam penalizar as nações derrotadas. Esses tratados foram elaborados em Paris e, é claro, não contaram com a presença da maior derrotada, a Alemanha. Vamos ver os dois principais tratados?
► Tratado de Versalhes: este foi o principal deles, pois impôs à Alemanha diversas penalidades. A primeira delas foi ter que ceder a região da Alsácia e Lorena à França e mais outros territórios à Bélgica, Polônia e Dinamarca. As colônias foram entregues à Inglaterra, Japão, Bélgica e França. Além disso, a Alemanha assinou a responsabilidade pelos prejuízos da guerra, sendo obrigada a pagar elevadas indenizações às nações vitoriosas;
► Tratado de Saint-Germain: proibia a Áustria de se aliar à Alemanha.
O fim dos conflitos da Primeira Guerra Mundial está intimamente ligado aos motivos que deram origem à Segunda Guerra Mundial. Alguns historiadores até argumentam que são duas fases de um mesmo conflito. Vamos observar que a Alemanha não só saiu derrotada, mas foi obrigada a assinar tratados que representavam, perante ao mundo, uma grande humilhação. No chamado período entreguerras (1918-1939), a Alemanha vivenciou a ascensão de um forte movimento nacionalista, liderado por Adolf Hitler, que tinha como objetivo desenvolver uma política revanchista de expansionismo militar e que pregava a supremacia da raça ariana. Vamos analisar isso mais adiante.