Já que cá estamos nós, então vamos de História do Brasil Colônia! Bora ver o descobrimento do Brasil! Ops, quer dizer… descobrimento?! Bom, esse termo é bem erradinho… Para não dizer ERRADAÇOOO!!! Vamos colocá-lo, a partir de agora, no texto entre aspas, assim ó: “descobrimento”. Por alguns motivos:
Fora pensarmos no significado da palavra “descobrimento”, temos que pensar o papel do Historiador ao fazer a História e escrevê-la:
► 1: “Descobrimento” pressupõe que existe algo coberto, velado, e que, ao retirar esse véu, se torna evidente. É bem errado usar esse termo, porque já existiam seres humanos que habitavam esse local e o conheciam… Resta a pergunta: esse território era desconhecido? Para quem?
► 2: Ao repetir “descobrimento”, estaremos vendo e contando a História a partir do olhar do europeu conquistador, e sabemos que, na verdade, a História é sempre um recorte, e devemos optar sempre por pensar em múltiplas óticas, incluindo, sempre que possível, a do oprimido, do conquistado e subjugado – já que, na maioria das vezes, justamente ele não é contemplado.
► 3: Em terceiro lugar, devemos quebrar a ótica do Brasil como “exótico” e, por isso, atrelado à ideia de fetiche, que só reforça a visão de cultura menor e explorada que, no máximo, rende grana ao opressor. Pensemos como o contexto da palavra “descobrimento” traz isso, justamente por nos fazer pensar em uma terra distante, com pessoas, plantas e animais “estranhos”… Mas, de novo: “estranho” na ótica de quem? Por que os exóticos não podem, na verdade, ser os Europeus? Com seu cheirinho característico da época (há relatos que indígenas sentiam o cheiro há longas distâncias) e suas roupas estranhas?
Dá para pensar quão doido deve ter sido chegar à um território tão vasto como o Brasil atual, né? Bom, é verdade que o território que hoje cobre o Brasil é bem extenso e muito rico, apesar de toda a exploração colonialista, mas, por muito tempo, pensou-se que o que se “descobriu” era uma grande Ilha, sem saber realmente quais eram as possibilidades de exploração. Era tudo muito novo! Sem contar que o entusiasmo nem chegou perto daquele que surgiu pelo caminho às Índias feito por Vasco da Gama.
Pré-Colônia
Galera, logo de início, Portugal tinha realmente muito pouco interesse na região que hoje é o Brasil. Eles não queriam apostar tão alto focando sua política externa no processo de colonização e conquista, então, logo após os primeiros registros e mapeamentos do território que hoje é o Brasil, a Coroa portuguesa arrendou por três anos a exploração da região. Fernão Noronha recebeu o monopólio comercial, tendo que, todos os anos, enviar pelo menos seis navios para explorar cerca de 2 mil quilômetros de costas, construindo sempre uma feitoria, um local de armazenamento no litoral, para escoar a produção via mar.
Se liga que só em 1505, quando o arrendamento terminou, a realeza de Portugal decidiu tomar as rédeas de exploração da terra e, até 1535, TRINTA ANOS!, o foco foi… TCHÃ RÃÃÃÃ! PAU-BRASIL! É… Madeira obtida mediante a exploração dos povos indígenas! Ué, como assim? Os europeus não sabiam cortar com os próprios machados? Bom, mais ou menos… É que, em primeiro lugar, é preciso pensar que o objetivo aqui era o comércio exterior, a mercantilização, nada de subsistência estava em jogo, logo, quanto mais gente trabalhando da forma mais exploratória possível, maior o lucro!
E, em segundo lugar, as árvores de Pau-Brasil não cresciam juntas como lindos pomares… Em geral, as árvores estavam dispostas bem dispersas e, conforme foi preciso ir para os interiores buscar madeira após o esgotamento no litoral, cada vez mais indígenas eram envolvidos nesse processo escravagista.
Para saber mais, veja também:
- Início da Colonização
- Governo Geral
- Escravizados
- O Ciclo do Açúcar
- União Ibérica e Invasões Holandesas
- A Insurreição Pernambucana
- As Bandeiras
- O Ciclo do Ouro
- Diversificação Agrícola
- Resistência Negra e Movimentos Nativistas
- Reformas Pombalinas (1750-1777)
- Movimentos de Emancipação no Período Colonial
- Crise do Sistema Colonial
- Revolução Pernambucana (1817)
- Revolução do Porto e a Independência