Poetas: Waly Salomão

Waly Salomão (1943-2003)

Waly Salomão foi um poeta baiano nascido em 1943, na cidade de Jequié. Formou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia, mas, muito elétrico para seguir uma profissão só, nunca exerceu o Direito.

Como ele mesmo escreveu em um verso:

Tenho fome de me tornar em tudo que não sou.

Disponível em: https://babelpoetica.wordpress.com/2013/05/05/7/
Data de acesso: 15/03/2019

Além de um grande poeta que produziu maravilhosos poemas, Waly foi produtor cultural, diretor artístico, letrista e atuou como protagonista em um filme sobre o poeta baiano Gregório de Matos Guerra. No fim da vida, chegou a ser funcionário do Ministério da Cultura, como Secretário Nacional do Livro, durante a gestão de Gilberto Gil. Morreu jovem, aos 59 anos, em 2003. Waly escreveu poemas e músicas que foram interpretadas por artistas como O Rappa, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Adriana Calcanhoto.

Estreou na literatura em 1972 com Me segura qu’eu vou dar um troço. O livro foi escrito no período em que o poeta passou na prisão durante a Ditadura Militar.

Tudo o que a gente não pode esperar de Waly Salomão é uma poesia comportada. Seu primeiro livro mistura poesia com texto em prosa, imagens com desenhos, traz letras em negrito e em caixa alta. No segundo livro de Waly, o Gigolô de Bibelôs, ele produziu, por exemplo, um poema escrito em forma de peça de teatro, escrito com letras brancas em uma página com fundo negro.

Waly subverteu a poesia; foi, enfim, um poeta rebelde. E não poderia deixar de ser, considerando a época em que viveu. Não só por causa da Ditadura Militar – uma vez que tempos de imposição e autoritarismo geram mais rebeldia entre aqueles que não se conformam –, mas também porque era influenciado pela contracultura, pelo movimento hippie dos anos 60 e pela poesia concretista, que, como estudamos, é uma poesia que usa o espaço da folha de maneiras nada convencionais.

Influenciado pelos modernistas brasileiros e também pelo movimento tropicalista, ao qual esteve ligado, a poesia de Waly não era “arrogante”, misturava o erudito e o popular sem colocar a arte em cima de uma torre de marfim inacessível.

Obras principais:

► Me segura que eu vou dar um troço (1972).

► Gigolô de Bibelôs (1983).

► Algaravias (1996).

► Pescados Vivos (2004).

Pausa Para a Poesia?

Pontos de Luz

Me sinto contente
Me sinto muito contente
Ouso dizer completamente contente.
Me arrisco a falar
Me sinto feliz
Me sinto muito feliz
Ouso dizer completamente feliz.
Me sinto completamente
Completamente.

(SALOMÃO, Waly. Poesia Total. São Paulo: Companhia das Letras, 2014)

Para Deixar com Coceira na Cabeça!

Em uma entrevista, Waly Salomão disse:

Arte não tem nada a ver com entendimento ou não tem quase nada a ver com entendimento.

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