Hilda Hilst (1930-2004)

Data de acesso: 26/09/2019
Hoje as palavras de Hilda parecem agradar aos mais jovens, pois dentre os quase 15 mil seguidores de sua página no Facebook, metade deles tem entre 15 e 24 anos, segundo Daniel Fuentes, herdeiro dos direitos da obra da poeta.
Conhecida por ser possuidora de uma beleza hipnotizante durante a juventude, Hilda Hilst nasceu em Campinas em 1930 e morreu em 2004.
Formada em Direito, após ler o livro Vida e Proezas de Aléxis Zorbás do escritor grego Nikos Kazantzákis, ela optou por uma vida reclusa e, em 1964, passou a viver na fazenda de sua mãe, enquanto mandava construir uma casa para si nas redondezas. Em 1966, ficou pronta a Casa do Sol, ambiente construído para ser um lugar inspirador, um lugar para escrever e para viver, para vivenciar a escrita.
Nem tudo, é claro, são flores. Na existência de ninguém, aliás, existe apenas tranquilidade e alegria. O pai de Hilda, em decorrência de um evento trágico, sofria de transtornos mentais e viveu grande parte da vida condenado à loucura. Com a sua morte, a autora herdou o dinheiro necessário para construir a Casa do Sol. Porém, tanto a loucura quanto a morte do pai foram um fantasma na vida de Hilda.
Hilda habitou a Casa do Sol até o fim de seus dias. E lá recebeu e hospedou, dentre outros diversos artistas, Caio Fernando Abreu quando ele foi perseguido pela ditadura militar.
Poeta, romancista, contista e dramaturga, Hilda Hilst foi uma escritora fervorosa com mais de 40 livros publicados. Na verdade, ela não se limitou a apenas um gênero e teve o sucesso de realizar uma grande obra em cada um dos gêneros a que se propôs a escrever. O conto, a poesia, o teatro e o romance.
Seu primeiro livro, no entanto, é de poemas. Presságio, datado de 1950, quando a autora tinha apenas 20 anos, foi um texto bastante elogiado pela poeta Cecília Meireles.
Mulher de palavras corajosas e de comportamento transgressor para a época, Hilda escreveu sem medo sobre sexo em suas polêmicas poesias eróticas. Nos anos 80, disposta a conquistar a atenção do grande público, Hilda mudou sua forma de escrever. Aí começam as poesias sobre sexo, que nem assim atingiram tantos leitores quanto ela esperava. A obra de Hilda é mais conhecida e respeitada no exterior do que no Brasil. Como ela mesma dizia, “as pessoas cagam pros poetas”.
Pausa para Um Poema?
Poemas aos Homens do nosso tempo
Amada vida, minha morte demora.
Dizer que coisa ao homem,
Propor que viagem? Reis, ministros
E todos vós, políticos,
Que palavra além de ouro e treva
Fica em vossos ouvidos?
Além de vossa RAPACIDADE
O que sabeis
Da alma dos homens?
Ouro, conquista, lucro, logro
E os nossos ossos
E o sangue das gentes
E a vida dos homens
Entre os vossos dentes.
Disponível em: http://escolaeducacao.com.br/melhores-poemas-de-hilda-hilst/ Data de acesso: 26/09/2019
Lobos? São muitos.
Mas tu podes ainda
A palavra na língua
Aquietá-los.
Mortos? O mundo.
Mas podes acordá-lo
Sortilégio de vida
Na palavra escrita.
Lúcidos? São poucos.
Mas se farão milhares
Se à lucidez dos poucos
Te juntares.
Raros? Teus preclaros amigos.
E tu mesmo, raro.
Se nas coisas que digo
Acreditares.
Disponível em: http://escolaeducacao.com.br/melhores-poemas-de-hilda-hilst/ Data de acesso: 26/09/2019