Quem aqui não saliva ao sentir o cheiro de um pão quentinho recém saído do forno? Ou ficou enjoado ao sentir o cheiro de algo podre? Nós e os outros animais percebemos e sentimos os estímulos químicos do ambiente através de quimiorreceptores. Eles são responsáveis pela percepção do olfato e paladar e, a partir disso, geram respostas fisiológicas e comportamentais.
Percepções mais complexas do ambiente só foram possíveis com o maior desenvolvimento e surgimento de estruturas especializadas para tal. Isso permite que nos localizemos em um determinado meio ou situação através de um conjunto de sensações que nos permitem identificar se aquele é ou não um lugar seguro, se já estivemos ali antes, se gostamos ou não… Tudo isso depende da ação de cinco principais sentidos: visão, olfato, paladar, tato e audição.
Sentir cheiros pode ser uma experiência agradável ou não. Já sentiram um perfume e lembraram de alguém ou de alguma fase da vida? Provavelmente sim. E isso nos traz um turbilhão de sentimentos. Mas, biologicamente falando, essa associação que conseguimos fazer é essencial para sobrevivência. Possibilita fugir de situações em que se reconhece o perigo, evitar comidas estragadas que fariam mal, entre outras coisas. Mas, até esse cheiro chegar até nosso cérebro e lá ser feita essa conexão, há um longo caminho. Ele começa nas células olfativas presentes na cavidade nasal. O estímulo seguirá pela ação dos neurônios. Há animais, como nós humanos, que têm o olfato apurado, mas se guiam muito mais pela visão. Já os cachorros possuem muitos mais receptores olfativos e, assim, apresentam olfato muito mais apurado. Basicamente, quanto mais moléculas odorantes se ligarem aos receptores, maior será a percepção desse estímulo. Alguns animais, como anfíbios, répteis e muitos mamíferos, possuem o órgão vomeronasal, que, quando estimulado pelo farejo, pulsa e o fluido nasal entra em contato com os receptores, sendo identificado por um bulbo olfatório acessório. É importante para a percepção de feromônios.
Outro sentido importante é o paladar. Não tem como negar que comer e sentir alguns gostos, como o de chocolate, é uma das melhores coisas, não é mesmo? Na maioria dos Vertebrados, essa experiência é possível graças ao agrupamento de células quimiorreceptoras chamadas de botões gustativos. Em animais terrestres, elas se limitam apenas à boca, mas alguns animais aquáticos, como peixes, aumentam sua sensibilidade gustativa apresentando-as externamente. Se observarmos nossa língua, podemos perceber pequenas bolinhas, as papilas gustativas. O processo de gustação ocorre nas proteínas receptoras dos botões gustativos e a resposta que se tem varia de acordo com o gosto do alimento ingerido. Todos os sentidos são conectados e podemos observar isso quando ficamos gripados e com o nariz congestionado, dificultando sentirmos o gosto das coisas.
Outra forma de sentir e perceber o ambiente ao redor é através de mecanorreceptores. A pele é um órgão cheio desses receptores, já que é o que mais está em contato com o meio e estímulos. Existe uma grande variedade de receptores táteis responsáveis por obter informações sobre os objetos que encostam ali e suas características. Esses mecanorreceptores também estão em músculos, tendões e ligamentos, regulando o controle da postura e dos movimentos.
Agora pensem na música preferida de vocês ou na voz da pessoa que vocês gostam. É um prazer ouvir esse som, certo? Percebemos esses estímulos graças a capacidade do sistema auditivo de converter as ondas mecânicas do som. É um sentido que, além de dar prazer, é essencial para a comunicação entres os indivíduos, como, por exemplo, na fuga de predadores. Para isso ser possível, esse sistema é formado por estruturas especializadas. Junto a elas, há a presença de células pilosas, que são mecanorreceptores e, além de atuar na audição, ajudam no equilíbrio. Em peixes, essas células estão presentes na linha lateral, ajudando o animal a perceber seus movimentos e os objetos ao redor, como predadores e presas. Como na água o som se propaga por ondas de pressão, é possível dizer que esses animais “ouvem” por sua linha lateral.
Por fim, já pararam para pensar em como funciona a visão? Em animais mais simples, que não possuem estruturas especializadas para enxergar, a percepção e orientação se dá pela relação com a luz. Já em animais mais complexos, a fotossensibilidade permite informações mais detalhadas dos objetos e, assim, maior “domínio” sobre o espaço que estão ocupando. O que é interessante é que todo os animais, até os mais simples, reagem à luz e possuem uma família de pigmentos, as rodopsinas, que permitem isso. São esses pigmentos que têm a capacidade de absorver fótons de luz e, assim, gerar uma resposta. Porém, nem todos os animais possuem olhos como os nossos. Dessa forma, esse processo se dá de forma diferente. Planárias, que são Platelmintos, percebem a luz através de células fotorreceptoras presentes nos ocelos, como mostra a figura 7.

Já nos Artrópodes, encontramos olhos compostos, que são capazes de fornecer informações sobre a luminosidade e sobre o ambiente. Se observarmos mais de perto um olho de uma mosca, por exemplo, conseguimos perceber esse olho composto. A grande diferença entre um olho de inseto e vertebrado é que nesse primeiro grupo o olho é formado por uma grande quantidade de unidades ópticas, os omatídeos, que funcionam como lentes, enquanto que no segundo grupo os olhos são compostos por uma única unidade óptica. Olhos com alta capacidade de formação de imagens são encontrados em Vertebrados e Cefalópodes e evoluíram de forma independentes nesses dois grupos. É um tipo de olho formado por estruturas complexas que atuam como câmeras fotográficas, formando as imagens em uma superfície interna e sensível à luz.