Parnasianismo

Queridos leitores e leitoras, a primeira questão a saber sobre o Parnasianismo é que temos um movimento literário de caráter essencialmente poético. É importante saber que esta escola literária não se estende à prosa, portanto, não encontraremos, entre as produções parnasianas, contos ou romances, por exemplo.

O Parnasianismo foi um movimento da segunda metade do século XIX, que surge na Europa, mais especificamente na Paris dos anos 60, na mesma época em que outras correntes literárias – como o Realismo e o Naturalismo – estão em seu auge.

Observem o esquema abaixo:

Então, para vocês se localizarem historicamente, prestem atenção, pois temos quatro movimentos artísticos praticamente simultâneos no horizonte histórico da Segunda Revolução Industrial! E, se Realismo e Naturalismo podem ser pensados, muitas vezes, juntos – como Real-Naturalismo – por suas semelhanças, isso não ocorre entre Parnasianismo e Simbolismo, que são praticamente opostos.

O que temos em comum entre esses 4 movimentos é o que permeou o seu contexto de produção, ou seja, todo o desenvolvimento tecnológico que marcou o século XIX, bem como todo o contexto de desigualdade social que o progresso industrial gerou. Vocês certamente lembram que essa desigualdade social era uma das maiores preocupações do movimento Real-Naturalista e – vamos colocar nesses termos – essa é uma das menores preocupações do Parnasianismo.

O Parnasianismo ignora a realidade social, é indiferente a ela. A poesia parnasiana vai apresentar uma indiferença blasé e um tom superior a vidas que não pertenciam ao luxo da alta burguesia. Aliás, os poetas parnasianos eram pertencentes a uma burguesia bem de vida.

A expressão Parnaso – que dá origem ao termo Parnasianismo – já nos dá uma boa visão disso. Parnaso é um Monte Grego muito referido no momento do ápice da literatura grega antiga dos séculos V e VI a.C. Foi um Monte onde ficaram os poetas da Grécia, ou seja, eles ficavam acima, afastados da realidade da maioria das pessoas. Na poesia parnasiana isso fica claro nas palavras extremamente rebuscadas que os poetas usavam.

Essa expressão nos mostra a essência desse movimento, muito ligado à Europa e à Belle Époque – a época de ouro da burguesia europeia de final de século XIX/início do século XX. A Belle Époque é uma referência ao estilo de vida de luxo que a alta burguesia estava vivendo graças aos altos lucros da Segunda Revolução Industrial.

Então, o Parnasianismo vai ser oposto, nesse sentido, ao Realismo, porque é um movimento interessado em ignorar a realidade social, ok?

É importante destacar que o movimento Parnasiano é considerado, hoje, um movimento poético bastante medíocre. No cenário da literatura europeia, foi um movimento bastante fraco; aqui no Brasil, ao contrário, o movimento teve bastante adesão. Ele vai dominar artisticamente o país por 40 anos, tanto que um dos objetivos da Semana de Arte Moderna de 1922 foi destruir os pressupostos do Parnasianismo.

A Poesia Parnasiana:

► Indiferentes à realidade social, os poetas parnasianos vão ignorar o Brasil desigual do fim de século XIX e início de século XX. O governo faz o mesmo: temos um país que está empurrando a pobreza para debaixo do tapete. No Rio de Janeiro, por exemplo, havia o objetivo de construção de um Rio de Janeiro parecido com Paris, mas, para isso, os pobres eram empurrados para as periferias das cidades e esses locais afastados acabavam ficando sem infraestrutura ou saneamento básico.

► A poesia parnasiana é extremamente objetiva.

► Para os poetas parnasianos, a arte deveria ser fruto de um exercício racional. Completamente antirromânticos, os poetas vão tentar reproduzir o mundo concreto. Era comum, na poesia parnasiana, termos poemas de 10 estrofes sobre um vaso ou sobre um muro.

► Arte pela Arte! Para os parnasianos, a arte não deveria ter nenhuma obrigação com a realidade social. O objetivo da poesia era se centrar na beleza formal. Pregavam uma arte sem “impurezas”.

► Poesia com rigidez linguística (poemas com muita preocupação com a métrica e com a rima).

► Temática Greco-romana.

A Tríade Parnasiana

Olavo Bilac (1865-1918)

Olavo Bilac foi o poeta mais famoso da literatura parnasiana. Carioca, conservador, patriota extremado, tendo defendido o serviço militar obrigatório, foi chamado de “admirável poeta superficial” pelo teórico Antônio Cândido. Superficial, porque Olavo Bilac vai trazer, nos seus poemas, temáticas medíocres e vazias, e admirável, porque Olavo tinha um surpreendente domínio técnico da poesia, fazia rimas perfeitas e tinha uma métrica extremamente calculada.

Principais temáticas:

► Antiguidade greco-romana;

► Lirismo amoroso (dois tipos de referência ao amor são encontrados na poesia de Bilac: um amor mais filosófico e um amor mais erótico);

► Reflexão existencial;

► Nacionalismo ufanista (elogia o país, ignorando a realidade de desigualdade social que se vivia em fim de século XIX e início de século XX).

Alberto de Oliveira (1857-1937)

Alberto de Oliveira também foi um poeta carioca e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras; foi considerado pela crítica como o poeta mais fiel aos padrões estéticos do parnasianismo. Um poeta extremamente preocupado com a forma, com a métrica e com a rima, e com nenhuma preocupação com o conteúdo. Completamente descritivista, um dos poemas mais famosos e intrigantes do Alberto de Oliveira é o Vaso Grego. É um poema que basicamente descreve um vaso grego, e que, fora isso, parece não ter nenhum outro propósito.

Mário de Andrade, poeta modernista, vai escrever sobre Alberto de Oliveira o seguinte: “Um poeta que não tem nada a dizer”.

Raimundo Correia (1859-1911)

Diferente de Olavo Bilac e de Alberto de Oliveira, ambos cariocas, Raimundo Correia nasceu no Maranhão, foi Magistrado no RJ e exerceu o cargo de diplomata. Há uma leve diferença de sua poesia em relação ao convencional da estética parnasiana, uma vez que temos poemas mais melancólicos. Nada demais, mas, para uma poesia extremamente racional como era a parnasiana, esse detalhe já faz diferença.

Principais características:

► Boa capacidade de descrição da natureza;

► Pessimismo Existencial;

► Visão dolorosa da existência.

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