Oswald de Andrade

Oswald de Andrade (1890-1954)

Se tivermos de eleger um vetor para a instauração do Movimento Modernista aqui no Brasil, com certeza precisamos pensar em Oswald de Andrade. Grande agitador cultural do Modernismo, filho de ricos cafeicultores paulistas que o enviaram à Europa para estudar, o ousado Oswald voltou de viagem em 1912 e começou a divulgar as ideias artísticas vanguardistas que ele conheceu em sua viagem pelo continente Europeu.

Oswald criou, então, duas obras muito importantes para abrir espaço e consolidar essa nova arte. Na obra teórica Manifesto Pau Brasil, de 1924, ele expõe suas ideias sobre como deveria ser a Arte Moderna Brasileira; na obra Pau Brasil, de 1925, ele põe essas ideias em prática em um conjunto de poemas.

Pau Brasil, 1925, Oswald de Andrade.
Disponível em: https://www.wook.pt/livro/pau-brasil-oswald-de-andrade/19041371
Data de acesso: 20/08/2019

Arte Brasileira Para Exportação

Na obra Pau-Brasil, Oswald defende as características centrais do Modernismo e fala de uma arte brasileira para exportação. O que isso quer dizer? Dentro do Modernismo, há uma busca por uma expressão nacional e, dentro dessa lógica, há uma oposição ao passado artístico brasileiro que só importava da Europa uma forma de fazer arte e literatura. Na perspectiva de Oswald de Andrade (e de Mário de Andrade também), torna-se necessário exportar a arte brasileira.

E, para isso, precisamos de uma arte brasileira com uma temática brasileira. Daí surge a ideia de trazer o folclore brasileiro e os elementos da cultura nacional para as obras artísticas, mesmo tendo como modelo técnico as vanguardas europeias, pois eles estavam à frente de seu tempo e representavam uma nova forma de fazer arte.

Isso nos leva à ideia de Antropofagia, ou seja, à ideia de que os artistas brasileiros precisavam comer a arte europeia, deglutir e transformar essa arte em alguma outra coisa mais própria, ou seja, assimilar a arte estrangeira e misturá-la com elementos brasileiros, assim criando uma terceira via, que não é a mera cópia da arte da Europa, e sim sua assimilação e transformação. Ao criar uma arte própria, encontrada e produzida somente aqui, o Brasil encontraria condições de exportá-la.

Observem a repercussão disso na cultura nacional até hoje. Observem como muitos estrangeiros admiram, por exemplo, a Música Popular Brasileira, que, muitas vezes, não é admirada pelos próprios brasileiros. Observem como muitas vezes o cinema nacional é admirado por outras regiões do globo. Nós, talvez graças a esse impulso inicial dos Modernistas, exportamos a nossa própria arte.

Abaixo temos uma lista das principais obras de Oswald. Cabe destacar que Pau Brasil é um livro de poesia e que Memórias Sentimentais de João Miramar é prosa. Memórias Sentimentais é considerado como um antirromance, pois quebra e se desvia da forma convencional de composição deste gênero.

Obras principais

► Manifesto Pau Brasil (1924).

► Pau-Brasil (1925).

► Memórias Sentimentais de João Miramar (1924).

► Serafim Ponte Grande (1937).

Entende-se ser adequado acabar com essa seção dedicada a Oswald de Andrade com um poema de sua autoria, denominado de Pronominais.

Pronomiais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

ANDRADE, Oswald. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. Disponível em: <https://www.escritas.org/pt/t/7793/pronominais> Data de acesso: 20/08/2019

Para saber mais, veja também: