Oração e Pontuação

A pontuação é um recurso que aparece apenas no texto escrito e, por isso, não deve ser confundida com a fala. Logo, quando falamos em texto escrito, devemos lembrar que há normas que estabelecem a ordem em que as palavras devem ser dispostas no texto, a fim de organizar as estruturas sintáticas e evitar enunciados incompreensíveis – assim como termos ambíguos.

Desse modo, saber reconhecer orações e saber identificar as suas classificações é fundamental para utilizar bem os sinais de pontuação. Façamos uma retomada de sintaxe para compreender essa ligação de oração e pontuação.

Sintaxe é um conjunto de regras que determinam qualquer tipo de linguagem.

(Conceito retirado do capítulo de SPSIa – Sintaxe do Período Simples I)

Isto é, sintaxe é um conjunto de regras que determina diferentes associações de palavras em enunciados e nos ensina a organizá-los no texto, de modo que tenha sentido o que escrevemos ou falamos. Assim, quando nos deparamos com casos de erros de sintaxe, precisamos colocar a oração na ordem direta para que as palavras que estão ali escritas façam sentido.

Exemplos:

Detona Avenida Paulista com Festival de Brigadeiro sua neste final de semana dieta

Frase incompreensível: viola as regras de sintaxe

Ordem direta

“Avenida Paulista detona sua dieta com Festival de Brigadeiro neste final de semana.”

Disponível em: https://catracalivre.com.br/agenda/2o-festival-de-brigadeiros-lambuza-avenida-paulista/ Data de acesso: 30/09/2019

Podemos perceber que nesse exemplo não há vírgulas, e não há vírgulas porque não é necessário. A ordem direta de uma oração é sujeito + verbo + objeto + adjunto; entretanto, a inversão de alguns termos da oração é rotineira. Por exemplo, a oração poderia ser reescrita assim:

► ”Avenida Paulista, neste final de semana, detona sua dieta com Festival de Brigadeiro.”

► “Neste final de semana, Avenida Paulista detona sua dieta com Festival de Brigadeiro.”

Em ambos os casos de inversão aparecem as vírgulas, por que será? Porque o adjunto adverbial está deslocado. Dentre os termos da oração, o único que pode sair da sua posição é o adjunto adverbial, mas, quando ele toma outra posição que não a sua original, a vírgula deve acompanhá-lo, pois marca que houve um movimento na oração.

E por que não há vírgula entre o sujeito e verbo? Porque não se separa sujeito do predicado! Essa é uma das principais regras sobre pontuação. Além dessa regra, há outra tão importante quanto não separar sujeito do predicado: os termos complementares não são separados dos verbos por vírgula.

Vejamos o quadro abaixo, há uma coluna com orações adequadas em relação ao uso da vírgula e uma coluna com orações inadequadas. Leiam e tentem perceber onde está a inadequação.

Pois bem, vamos analisar o porquê das orações que estão na coluna inadequado estarem ali.

► No primeiro exemplo, temos como sujeito “eu” e predicado “estudo português de manhã”. Sabendo que não se separa sujeito do predicado (verbo), não pode haver vírgula entre os termos. Além disso, não se separa verbo do complemento (estuda o quê? português de manhã).

► No segundo exemplo, há o mesmo caso do primeiro, exceto que não há complemento. Temos o sujeito “Mariana e José”, verbo “caminharam” e adjunto adverbial “no parque”. Lembrando que apenas o adjunto adverbial pode se deslocar na oração e, nesse exemplo, ele está na sua posição de origem, não é preciso utilizar vírgulas.

► No terceiro exemplo, vemos que a ordem direta da oração está alterada, pois temos: sujeito + adjunto adverbial + verbo + complemento. A inadequação nesse exemplo é que quando o adjunto adverbial está deslocado é preciso colocar vírgulas para marcar esse deslocamento, o que não acontece totalmente, visto
que só há uma vírgula antes do verbo. Sempre que o adjunto adverbial estiver no meio da oração é necessário colocar duas vírgulas, uma antes de iniciar o adjunto e outra ao fim.

► E, por fim, no quarto exemplo, há um adjunto adverbial ocupando a posição inicial da oração. Apesar do advérbio “agora” ser o que chamamos de curto, é preciso marcá-lo com vírgula, pois esse vocábulo nessa oração está realçando o que deve ser feito.

Vamos, então, continuar nosso estudo pelo último ponto que apareceu nos exemplos: o adjunto adverbial. O adjunto adverbial faz parte do grupo de termos acessórios da oração, ou seja, ele não é um termo essencial (sujeito e predicado). Não ser um termo essencial significa que não é preciso ter sempre um adjunto adverbial na oração para que ela faça sentido, no entanto, o adjunto adverbial é responsável pelo sentido de circunstância que é expresso pelo verbo, intensificando o sentido dele, de um adjetivo ou de um advérbio. Somente utilizando adjuntos adverbiais podemos indicar lugar, tempo, causa, dúvida, modo, etc.

Importante, né pessoal? Vamos retomar algumas coisinhas sobre adjunto adverbial antes de irmos para a próxima etapa da nossa caminhada:

Adjunto adverbial:

► Última posição na ordem direta.

► A. A. Deslocado: pode estar tanto no início da oração quanto no meio

► Quando deslocado deve estar sempre entre vírgulas.

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