Mário de Andrade (1893-1945)
Mário de Andrade – não, ele não era parente do Oswald, é apenas uma feliz e quase publicitária coincidência – foi um grande intelectual da história da nossa cultura. Maestro, professor de história da música, poeta, romancista, contista, crítico literário e um dos líderes da Semana de Arte Moderna, Mário foi um ferrenho pesquisador do folclore brasileiro. Em sua literatura, deixa impressas duas grandes marcas: o amor pela cidade de São Paulo e a crítica ferrenha à burguesia paulista.
Nesse amor por São Paulo, o escritor ressalta a modernização e a urbanização pelas quais a cidade passou na década de 1920. Além disso, esse elogio à cidade não é acrítico! Ele ama a cidade, mas também é capaz de transparecer críticas necessárias às falhas e aos problemas que a industrialização gera.
A segunda grande marca da obra de Mário de Andrade é comum a muitos autores do Modernismo, uma vez que esses poetas queriam acabar com o bom-comportamento e com o elitismo da arte parnasiana, de forma que as críticas à burguesia são comuns.
Obras principais
► Paulicéia Desvairada (1922).
► Amar, Verbo Intransitivo (1927).
► Macunaíma (1928).
MACUNAÍMA – O herói sem nenhum caráter

São Paulo: 1928 Disponível em: https://pt.wikipedia.org/Macunaíma
Data de acesso: 20/08/2019
Macunaíma é a principal obra de Mário de Andrade e uma das mais famosas da literatura brasileira.
Vinculado ao Nacionalismo Primitivista, este texto vai buscar qual é a essência do Brasil e se questionar “quem somos nós, brasileiros?”. Macunaíma traz uma grande mistura de lendas de indígenas da Amazônia com lendas sertanejas e outras lendas do folclore nacional. Mário de Andrade fez diversas viagens a diferentes regiões do país para investigar intensamente os vários tipos de cultura: a cultura oral, o folclore, os mitos e as lendas do Brasil Rural, o Brasil desconhecido. Isso vai gerar uma obra cheia de misturas, escrita ao sabor das ideias modernistas em uma linguagem muito oral e cheia de variações. Essa estrutura tão inovadora já está respondendo à pergunta sobre quem somos nós. Uma das respostas possíveis é que temos dificuldades de definir uma identidade brasileira justamente porque somos pura diversidade. Em um país tão grande, a variação é a regra. O subtítulo O herói sem nenhum caráter não significa apenas a ideia de alguém que não tem caráter, apesar de Macunaíma não ter nenhum caráter mesmo. “Sem nenhum caráter” tem duplo sentido: possui também o significado de sem identidade. O Brasil não teria uma identidade fixa, uma unidade como outras culturas possuem, devido a nossa grande diversidade. Então, uma vez que a obra de Mário é uma crítica, mas também é uma valorização da cultura nacional, podemos pensar na positividade dessa questão: o fato de que nossa identidade é mistura, é plural!