Todos os elementos indispensáveis para o processo de industrialização do Brasil – o trabalhador assalariado, o mercado consumidor e os capitais disponíveis – estavam concentrados na região Sudeste do país, principalmente no estado de São Paulo. A industrialização brasileira ocorreu de fato nesse estado da federação, sobretudo em sua capital e nas vizinhanças.
A cidade de São Paulo também foi muito beneficiada pela sua posição geográfica. Localizada na porção oriental do estado, no planalto e próxima à Serra do Mar, constituindo passagem obrigatória para o porto de Santos (o mais importante do país desde o final do século XIX), ela cresceu muito com o comércio do café.
Criou-se uma eficiente infraestrutura de ferrovias no século XIX, necessárias ao escoamento da produção cafeeira até o porto de exportação, que passava pela capital paulista. No mesmo período, expandiram-se os serviços públicos da capital paulista: um moderno sistema de água e esgotos, redes de iluminação, linhas de bonde e algumas usinas hidrelétricas foram construídas nos arredores. Tudo isso foi importante para o surto industrial da capital paulista.
A atividade industrial aproveitou, portanto, uma série de condições favoráveis criadas em São Paulo pelo café: mercado consumidor, mão de obra, eletricidade, transportes e excelente sistema bancário, também instalado para financiar a lavoura cafeeira.
A concentração da produção industrial brasileira em São Paulo teve início nos primórdios do século XX e estendeu-se até o final da década de 1980. O momento em que o estado ultrapassou as demais unidades da federação, tornando-se líder na produção industrial, foi entre 1907 e 1919, mas, mesmo após esse período, continuou a ocorrer em São Paulo um crescimento industrial superior ao dos demais estados do país, pelo menos até 1970.
O Brasil tornou-se um grande mercado consumidor e, no período de 1956 a 1961, durante o governo de JK, foram feitos investimentos estatais em infraestrutura (rodovias, energia elétrica, portos), com a finalidade de atrair os grandes capitalistas estrangeiros. Iniciou-se a internacionalização da nossa economia.
Entre 1967 e 1974 – período do “milagre econômico” – ocorreu em maior escala a internacionalização da economia brasileira, com uma considerável participação de empresas transnacionais que lotearam o mercado brasileiro. Assim, fortaleceu-se o tripé industrial iniciado durante os anos de JK por meio da aplicação de uma política econômica conhecida como nacional-desenvolvimentismo:
► Capital privado nacional: estava presente no setor de bens de consumo não duráveis e atuava, também, fornecendo peças acessórias e insumos em geral, tanto para as empresas estatais quanto para as transnacionais;
► Capital transnacional: dominava o setor de bens de consumo duráveis, considerado o mais moderno e mais avançado tecnologicamente (exemplo: automóveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, etc.);
► Capital estatal: atuava preferencialmente no setor de bens de produção (siderúrgicas, petroquímicas, refinarias, hidrelétricas, etc.).

O resultado disso foi o significativo crescimento industrial brasileiro – principalmente no período do “milagre econômico” – e a explosiva ascensão da dívida externa do país devido aos inúmeros empréstimos com credore internacionais para financiar os investimentos em infraestrutura e para manter os elevados índices de crescimento econômico ao longo de toda a década de 1970, uma vez que esse crescimento era o que legitimava o regime militar brasileiro.
A década de 1980, considerada a “década perdida”, marcou uma fase de estagnação econômica no país. Marcada pela elevada inflação e pelo sucateamento do parque industrial nacional, essa fase apresenta mudanças em meados da década de 1990, quando políticas neoliberais, como a abertura econômica do país, entram em vigor.