Importante pensar que, com a queda de Roma na Itália, em praticamente nada se alterou uma outra parte do Império Romano, a que tinha capital em Constantinopla. Claro que havia questões culturais diversas à realidade romana da Itália, mas, para esses habitantes, não existia Império Bizantino e nem Império Romano do Oriente; eles se chamavam e se entendiam apenas e unicamente como Império Romano.
Para entendermos melhor, vamos pensar no seguinte: o próprio Brasil, na História recente, chegou a mudar de capital; ora em Rio de Janeiro, ora em Brasília, correto? Nós bem sabemos que o próprio Brasil, em sua essência, não mudou porque sua capital mudou. O mesmo aconteceu com o Império Romano; Constantinopla manteve o legado romano.
Constantinopla ia um pouco na contramão das questões preferidas no resto do Império Romano; era uma cidade em uma posição geográfica estratégica, voltada para o mar e para o comércio e que se ocupava também com a agricultura. A crise escravista atingiu bem menos essa parte do Império Romano quando o imperialismo romano sufocou, ou seja, quando o abastecimento de escravizados se esgotou. Aliás, o comércio até floresceu ainda mais, pois, com povos e nações sendo menos atacados e infringidos, as relações comerciais se estenderam e intensificaram.
O mais famoso imperador de Constantinopla foi Justiniano (527-565). Ele retomou boa parte do território perdido para os invasores germânicos, resgatando Roma. Justiniano foi conhecido por algumas ações; ele criou um compilado escrito das leis romanas, atualizando e revisando aquele clássico direito romano que é estudado nos cursos de Direito hoje em dia. A obra ficou conhecida como Código Justiniano. Importante pensar que os bizantinos falavam essencialmente o grego, até mesmo mais que o latim, o que deflagra uma proximidade muito grande deles com as questões helênicas.
O cristianismo era fortíssimo em Constantinopla, porém havia diferenças consideráveis em relação à parte ocidental do Império Romano. Em especial, havia muita proximidade entre o poder secular e o poder clerical. Existia o chamado cesaropapismo, em que o imperador acumulava as funções de chefe de estado e chefe religioso. Obviamente, nessa ótica, questões de credo seriam bem diferentes entre as Igrejas do Ocidente e do Oriente. Esses cristãos do oriente, ortodoxos, discordavam de certas interpretações da Bíblia e, inclusive, promoveram a quebra de imagens de santos em locais de cultos e residências; o movimento ficou conhecido como Iconoclastia.
Como aconteceu com o Império Romano anteriormente, com a expansão do Império Bizantino, especialmente a partir dos séculos VI e VII d.C., ficou muito complicado manter o território e as fronteiras. Em 1453, o Império Bizantino é tomado pelos turco-otomanos, que já pressionavam há muito tempo os domínios bizantinos, causando aí o próprio fim da Idade Média como entendemos em seu período.
Para saber mais, veja também:
- Visões Sobre a Idade Média
- As Muitas Idades Médias
- Fundamentos da Idade Média – Heranças de Roma
- Fundamentos da Idade Média – Poder e Sociedade
- Fundamentos da Idade Média – Religião e Cultura
- Império Carolíngio
- Feudalismo
- Trabalho e as Relações Senhoriais
- Cruzadas
- Cultura – Alta Idade Média
- Cultura – Baixa Idade Média