Para começarmos a falar dos tecidos vegetais e como eles se originam, é importante compreender como as plantas se desenvolvem e crescem, pois assim como nós, esses seres também vivem em ciclos (às vezes, muito mais longos que o nosso ciclo de vida). E a vida de uma planta começa com a semente, que deve ser germinada para que ela se desenvolva. Essa germinação ocorre através da absorção de água, que faz com que a semente aumente seu volume e rompa seu tegumento (a estrutura que a envolve). Com isso, o embrião cresce: sua radícula origina a raiz primária e o caulículo se desenvolve, assim como as folhas embrionárias. Em monocotiledôneas, o caulículo é protegido por um conjunto de células chamado coleóptilo. Ao se desenvolver, a planta consome as reservas contidas na semente (dos cotilédones ou do endosperma) enquanto forma folhas fotossintetizantes.

O Crescimento Primário
Seguido desse desenvolvimento, as plantas começam a crescer de duas maneiras: em comprimento e em espessura. O crescimento em comprimento é chamado de primário e o em espessura, de secundário. Vamos falar um pouco sobre cada um deles. Toda planta tem uma parte vegetativa e uma reprodutiva. As partes vegetativas das plantas são aquelas relacionadas à sobrevivência do vegetal, enquanto as reprodutivas são essenciais na reprodução. As partes vegetativas são a raiz, o caule e as folhas. As raízes geralmente ficam abaixo da terra e o caule geralmente fica sobre a superfície. As folhas são a parte aérea da planta. No ápice do caule (e de cada ramo) de uma planta, existe sempre uma gema (ou meristema) apical. Essas gemas consistem em grupos de células meristemáticas (aquelas que se multiplicam indefinidamente, lembram?), responsáveis pelo crescimento da planta. Portanto, o crescimento primário depende inevitavelmente dessas células e de alguns outros fatores.
As raízes e o caule apresentam regiões específicas no crescimento das plantas. A raiz possui a zona meristemática, a zona lisa, a zona pilífera e a zona de ramificações, enquanto o caule apresenta o nó e o entrenó. A zona meristemática é uma zona de atividade mitótica, protegida por uma camada de células chamada coifa. As células produzidas pela zona meristemática se alongam (crescimento em comprimento da raiz), formando a zona lisa. Na zona pilífera já não se tem mais aumento do comprimento da raiz e existem pelos absorventes para extração de água e nutrientes do solo. E a zona de ramificações é onde surgem as raízes laterais. Já o nó é a região de onde partem folhas e gemas laterais nos caules, podendo originar os ramos quando são axilares. O entrenó é a região de alongamento celular entre dois nós consecutivos, que proporciona o crescimento em comprimento do caule. Em gramíneas, a base dos entrenós persiste em uma região meristemática (meristema intercalar), de forma que o alongamento não se restringe às porções terminais. A gema apical pode estar protegida por folhas modificadas, resultantes desse alongamento celular.
Os meristemas apicais formam, ainda, meristemas primários que se desenvolvem em tecidos primários. São eles: a protoderme, o fundamental e o procâmbio.
O meristema protoderme vai dar origem ao tecido epiderme, que tem como função o revestimento da planta, evitando desidratação e permitindo trocas gasosas. O meristema fundamental origina os tecidos fundamentais, como os parênquimas, o colênquima e o esclerênquima. E o meristema procâmbio dá origem aos tecidos vasculares primários: o xilema (lenho primário) e o floema (líber primário).
As monocotiledôneas e as herbáceas são plantas que apresentam somente o crescimento primário; já as eudicotiledôneas lenhosas (árvores e arbustos) apresentam também crescimento secundário, que ocorre pelo desenvolvimento de outros meristemas em tecidos secundários. Esses meristemas diferenciados são o câmbio vascular e o câmbio da casca. O meristema câmbio vascular forma os tecidos secundários do xilema e floema; o meristema câmbio da casca (ou simplesmente felogênio) forma os tecidos secundários parênquima, feloderme e o súber (felema).
Esses tecidos se organizam em três sistemas: o dérmico, o fundamental e o vascular. O sistema dérmico (revestimento) é formado pela epiderme (tecido primário) e pela periderme, tecido que substitui a epiderme em plantas com crescimento secundário e é constituído pelo súber, felogênio e feloderme. O sistema fundamental é constituído pelos parênquimas, colênquimas e esclerênquimas (primários). E o sistema vascular é formado pelo xilema e floema (primários ou secundários).
Agora, vamos estudar esses tecidos primários.
Tecidos Primários I – Epiderme
A epiderme, como já falamos antes, é um tecido originado pelo meristema protoderme, servindo para o revestimento vegetal, geralmente composta por células justapostas, uniestratificadas, achatadas, aclorofiladas e com grandes vacúolos. Esse tecido apresenta algumas adaptações para evitar a perda excessiva de água, como a deposição de cera (ou cutina) na sua superfície externa. A epiderme apresenta, também, algumas estruturas que se diferenciam desse tecido, como os estômatos, os tricomas, as células secretoras, os pelos e os acúleos.
Os estômatos são formados por duas células clorofiladas (células- guarda), que se dispõem formando uma abertura entre elas, o ostíolo. Ao absorverem água, estas células podem abrir o ostíolo, controlando a transpiração e as trocas gasosas. Os tricomas são estruturas que evitam a perda de água por excesso de transpiração. Podem ser secretoras de substâncias oleosas, digestivas (carnívoras) ou urticantes (urtigas). As células secretoras são células que acumulam carbonato de cálcio (formando crisólitos) ou oxalato de cálcio (formando as drusas e as ráfides). Os pelos ocorrem na epiderme da raiz, servindo para a absorção de água e sais minerais. E, por fim, os acúleos são estruturas que protegem a planta contra predadores e diferem dos espinhos por serem facilmente destacados (como em roseiras), enquanto os espinhos são folhas ou ramos modificados.
Tecidos Primários II – Tecidos Fundamentais
Os tecidos fundamentais são representados pelos parênquimas e pelos tecidos de sustentação. Os tecidos de sustentação são de dois tipos: o colênquima e o esclerênquima. O colênquima é um tecido especialmente adaptado à sustentação de órgãos em crescimento e é formado por células vivas alongadas e flexíveis, ricas em celulose, pectina e outras substâncias. As células não contêm lignina, são espaçadas e ocorrem sob a epiderme de caules jovens (ou em crescimento) como cilindros contínuos. Podem ocorrer margeando nervuras de eudicotiledôneas. O esclerênquima pode ocorrer em todas as partes do corpo da planta e é formado por células mortas com parede celular espessada por deposição de lignina. A lignina impermeabiliza as paredes celulares, o que causa a morte das células. Os parênquimas têm função de reserva, preenchimento e assimilação, entre outras. São classificados de acordo com a função que exercem. O parênquima cortical e medular serve para preenchimento de espaço. O parênquima clorofilado (clorênquima) tem como função a assimilação da energia solar e a fotossíntese. O parênquima amilífero reserva o amido da planta. O parênquima aquífero serve para a reserva de água e está presente em plantas de ambiente seco ou salino. E o parênquima aerífero (aerênquima) têm como função a reserva de ar em plantas aquáticas flutuantes.
Tecidos Primários III – Tecidos Vasculares
Os tecidos vasculares são aqueles responsáveis por transportar substâncias ao longo da planta. Existem dois tipos: o xilema e o floema. O xilema (lenho) transporta a seiva bruta, composta por água e sais minerais e é composto, principalmente, por dois tipos de célula: os elementos de vaso e os traqueídes. Os elementos de vaso são células alongadas que se dispõem em sequência formando vasos condutores. Suas paredes apresentam perfurações que permitem a comunicação entre elementos adjacentes. Os traqueídes também são células alongadas e dispostas sequencialmente. Angiospermas podem apresentar elementos de vaso que, durante a maturação, sofrem reforço de lignina.
O floema (líber) conduz seiva elaborada (rica em substâncias derivadas da fotossíntese, como a glicose). Suas principais estruturas são as células crivadas e os elementos de tubos crivados. Os elementos de tubos crivados ocorrem na maioria das angiospermas e são formados por células vivas, anucleadas, com áreas crivadas nas paredes laterais e áreas especializadas nas paredes terminais, denominadas placas crivadas.