Clerificação
A sociedade romana em crise se tornou extremamente religiosa, não somente em número de fiéis, mas também em número de sacerdotes. O crescimento do número de líderes religiosos, em relação ao restante da população, foi altíssimo. Havia muitos padres! Com esse grupo privilegiado se tornando efetivamente numeroso, o poder da Igreja só aumentou em pleno tempo de crise. Temos que pensar que eles eram vistos como representantes de Deus na Terra, da vontade da divindade perante à comunidade. Imaginem o que é esse poder. Daí a ascensão da Instituição Católica em contraste com a queda do Império Romano.
Mentalidades
Como diz Hilário Franco Júnior, é realmente muito difícil datar as mentalidades. O ritmo histórico da mentalidade é mais lento, porém essas lentas modificações são profundas. Aquele racionalismo, ainda presente na Grécia Antiga e na Roma Clássica, estava com os dias contados com a queda do Império Romano. A fé assumia proporções nunca vistas antes; os próprios germânicos, em geral, se converteram ao catolicismo ao adentrarem os territórios romanos. A Igreja se moldou e se inseriu nesse contexto com muita habilidade, permanecendo enquanto estrutura política no mesmo momento de declínio de todo o sistema romano. Interessante perceber que a igreja se inseriu, enquanto instituição, durante o Império Romano e se manteve depois dele, fortalecendo-se com sua queda.
Para as pessoas desse período, o mundo só tinha sentido através de Deus, a vida só existia em torno dele. A razão e a dúvida eram coisas diabólicas; um fiel não duvidava do destino, acreditava, acima de tudo, na vontade suprema. Uma noção de vida voltada ao fatalismo se manteve; as coisas boas e ruins que aconteciam eram vistas como causas da ira ou da boa vontade de Deus perante às ações dos humanos na Terra.