Figuras de Construção ou de Sintaxe

Elipse: quando um termo da frase é omitido, sem prejudicar o sentido da
frase.

A sala de espera lotada, todos esperando.

Após a palavra “todos”, está implícito o verbo “está” e essa omissão não atrapalha a compreensão global da frase.

Zeugma: é uma figura de sintaxe muito semelhante à elipse, a diferença é que a zeugma se refere a termos que já foram mencionados na frase e apenas não são repetidos.

Uma tia me perguntava sobre as namoradas; a outra, sobre os estudos.

Como podemos observar, o verbo “perguntava” está implícito na segunda parte da frase, sem precisar ser mencionado.

Pleonasmo: o pleonasmo pode ser considerado um vício de linguagem, mas, se usado com a intenção de atribuir estilo à frase e/ou para dar ênfase a uma ideia, por exemplo, pode ser um recurso interessante, principalmente em textos literários.

Subversão

abrir a porta,
todas as manhãs
colocar o tijolo que cabe
no edifício da superprodução de bens.

ao meio-dia pastar nuvens,
depois de comer
boa comida para bons músculos.

ao fim do expediente,
retirar, sorrateiro, o tijolo, penélope.

pelo prazer de furtar o troféu
da eficiência operária.

Disponível em: http://jornalplasticobolha.blogspot.com/2014/01/subversao.html
Data de acesso: 25/03/2019

O poema Subversão, de Marília Kubota, trata da vida operária e explora imagens comuns nessa rotina: o passar do tempo, os materiais, a produção, etc. O trecho “depois de comer / boa comida” é um pleonasmo aplicado com um fim estético, para enfatizar o ato de comer, marcando o horário do meio-dia, assim como o meio do poema. Ou seja, o pleonasmo, nesse exemplo, está bem explorado enquanto recurso da língua, e está longe de ser um vício de linguagem.

Anáfora: é a repetição de um termo no início de versos seguidos. É também uma figura própria da poesia.

Pedra lume

pedra lume
pedra lume
pedra
esta pedra no meio do
caminho
ele já não disse tudo,
então?

CESAR, Ana Cristina. Inéditos e dispersos. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.

Nesse poema de Ana Cristina César, a poeta usa a figura de construção chamada anáfora ao repetir a palavra “pedra” no início de versos seguidos, resgatando o poema clássico de Carlos Drummond de Andrade, “No Meio do Caminho”.

Hipérbato: é a inversão na ordem direta dos termos da frase. Talvez o caso de hipérbato mais famoso seja o do nosso Hino Nacional Brasileiro:

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da pátria nesse instante”

Na ordem direta, esses versos seriam: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico e, nesse instante, o sol da Liberdade brilhou, em raios fúlgidos, no céu da Pátria”.

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