Imagine uma escola pública. Essa escola possui laboratórios, biblioteca, várias salas de aula, com muitas carteiras, quadro negro, material didático de todo tipo, refeitório, sala de professores, banheiros e tudo o que é próprio de uma instituição pública como essa. Muitas escolas públicas têm seus diretores eleitos pela comunidade escolar por voto direto. Uma vez eleitos, eles serão responsáveis pela gestão da escola por um determinado período, até que novas eleições ocorram. Nesse caso, o diretor ocupa um cargo político temporário. Ao longo da sua gestão, o diretor “governa” a escola, que é uma instituição estatal.
Agora, imagine que esse diretor resolva levar para casa algumas mesas da escola, ou que ele tenha grande interesse por alguns livros e queira guardá-los na estante da sala. Ele poderia fazer isso? Não! E por qual razão? Justamente porque nada do que está na escola é sua propriedade privada. A escola é de todos. A escola é pública e, por isso, pertence ao Estado. Já temos aqui uma primeira diferença: o governo é a forma como se governa e se administra as instituições, os serviços e os recursos públicos; já o Estado seria o conjunto dessas instituições, desses serviços e desses recursos, que devem ser, na teoria, públicos e disponíveis à população de determinado território e nacionalidade.
Veja bem: os professores fazem concurso público para dar aula na escola, por isso eles trabalham para o Estado e assim permanecerão até se aposentarem. O diretor, ao contrário, representa o governo, pois seu cargo é passageiro e sua função é administrar o que é público, ou seja, governar. Mas é importante lembrar que estamos usando a escola apenas como um exemplo para ilustrar melhor a diferença entre Estado e governo. Na prática, sabemos que as coisas são mais complexas. Por exemplo: para que uma pessoa concorra ao cargo de diretor, ela precisa ser concursada, isto é, ela é precisa fazer parte do Estado para governar.
Mas com os presidentes, deputados, senadores, governadores, prefeitos e vereadores é um pouco diferente: eles também são passageiros no governo, ficam por um determinado tempo, e qualquer pessoa que seja maior de idade e filiada a algum partido pode se candidatar ao governo. Eles também produzem e executam as leis e as políticas, que são colocadas em prática pelo conjunto de pessoas que trabalha no Estado. Então, por agora, podemos imaginar que o Estado é uma máquina que precisa ser administrada, ou governada pelos representantes eleitos. Para existir, essa máquina precisa de uma nação, um território específico e uma forma de governo que é soberana. Enfim, o governo é constituído por um grupo de pessoas que administra um país, um estado ou uma cidade. Nesse sentido, umas das diferenças é que o Estado é permanente, pois é um conjunto de instituições mais ou menos fixas (território, nação, leis, normas, etc.), e o governo é provisório. Os funcionários públicos ficam, os governos vão e vem.
A partir de agora, precisamos conhecer mais de perto a forma como um Estado funciona e a maneira com a qual ele governa, pois existem diferentes formas de Estado e formas de governo distribuídas no tempo e no espaço. Isso também quer dizer que, por mais que o governo seja passageiro e o Estado (suas instituições) seja permanente, existem diferentes concepções políticas e ideológicas a respeito de como deve ser o formato de um Estado. Vamos conhecer algumas delas? O que elas propõem e como surgiram?