O Espaço Agrário Brasileiro

Os dois saltos industriais brasileiros, 1956 a 1961, com JK, e nos anos 1968 a 1973 – época do “milagre econômico” –, transformaram definitivamente a economia, consagrando a supremacia do setor urbano-industrial sobre o setor agrícola.

A partir de 1970, houve uma expansão da agricultura brasileira com o aumento do número de novos estabelecimentos rurais (expansão da área agrícola para novos núcleos: Centro-Oeste e Norte) assim como ocorreu crescimento na área rural através de incentivos fiscais dados pelos governos fazendo com que se estabelecessem, nestas regiões, empresas nacionais e multinacionais (Nestlé, Agroceres, Monsanto, Massey-Fergusson).

O processo de modernização das técnicas de cultivo (compra de tratores e máquinas, adubos e fertilizantes) tem gerado forte êxodo rural e crescimento do trabalho temporário.

Em certas áreas do Brasil, houve uma especialização agrícola (soja, laranja, café, trigo). Calcula-se que 60 a 70% dos gêneros alimentícios básicos produzidos são oriundos da pequena propriedade familiar, cabendo às grandes propriedades produzir para exportação.

Os conflitos pela posse da terra são gerados pelo antagonismo entre pequenos proprietários (posseiros) e grandes proprietários (grileiros). Os posseiros são os lavradores que ocupam uma pequena porção de terra sem possuir título de propriedade, enquanto os grileiros são as grandes empresas ou fazendeiros, que buscam anexar essas pequenas porções de terra às suas propriedades, expulsando os posseiros.

A partir desse panorama da estrutura fundiária, discute-se há muito, uma reforma agrária, ou seja, uma redistribuição das propriedades rurais visando resolver o problema dos trabalhadores rurais sem terra, do abastecimento de alimentos e das desigualdades sociais.

Os conflitos pela terra no Brasil têm sido intensos nos últimos anos, com inúmeras mortes. As regiões com mais problemas são a Norte e a Centro-Oeste, onde estão localizadas muitas áreas de conflitos permanentes. Dentre os movimentos sociais que lutam pelo direito à terra, termos o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), o MTD (Movimento dos Trabalhadores Desempregados), os Povos Indígenas e os Remanescentes de Quilombos. Do lado oposto aos movimentos que brigam pela realização ampla da reforma agrária, está a bancada ruralista do governo, formada por grandes latifundiários e políticos vinculados ao meio rural.

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