O trabalho compulsório indígena foi usado em diferentes regiões do Brasil até meados do século XVIII. Bem ao contrário daquela ótica difundida de índio “vagabundo”, né? Olha, para começar, se fossem realmente “vadios”, não teriam sido escravizados por tanto tempo. Aliás, só a NOÇÃO de trabalho já é uma questão cultural. O índio era “vadio” na ótica de quem? Do europeu escravagista! O índio não tinha as mesmas necessidades e anseios que os europeus, é preciso olhar para isso. Aliás, pensemos… Você acha justo, MESMO, alguém chegar e lhe obrigar a trabalhar em coisas que você nunca quis, em realidades de vida desconhecidas para você e, depois de você se recusar, VOCÊ ser chamado de “vagabundo”? Complicado, né?
Foi, também, a mão de obra indígena que construiu o país. A escravização do índio foi um negócio local; os ganhos obtidos com sua venda permaneceram nas mãos dos colonos, sem real lucro para Portugal. Esse SIM foi um dos principais motivos da escravização dos indígenas ter sido gradativamente desestimulada pela metrópole e substituída pela escravização negra. O comércio de pessoas negras, referido como “tráfico” negreiro (os negros eram comercializados abertamente e legalmente como peças, praticamente até 1831), foi um dos mais vantajosos negócios do comércio colonial e seus lucros eram canalizados para o reino. Alguns historiadores, inclusive, dizem que o negócio do Brasil nunca foi açúcar, café ou ouro… Sempre foi uma economia baseada no escravagismo, na objetificação humana, no lucro a partir da mão de obra escravizada. O produto apenas mudava, mas o sistema é que fazia o lucro.
Em 1831 uma lei brasileira proibia o tráfico de escravizados, baseada na pressão que a Inglaterra impunha ao brasil. A lei, que ficou conhecida “para Inglês ver”, não pegou. Em 1850 um outro político, Eusébio de Queirós conseguiu emplacar outra lei, mais pesada e crítica, que diminui o tráfico. Ainda assim, a escravidão permaneceu legal até 1888.
A primeira leva de escravizados negros que chegou ao Brasil veio da Guiné, na expedição de Martim Afonso de Souza, em 1530. A partir de 1559, o comércio negreiro se intensificou. A Coroa portuguesa autorizou cada senhor de engenho a comprar até 120 humanos negros por ano para trabalhar de forma escravizada. Sudaneses foram levados para a Bahia e bantus espalharam-se pelo Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.
O comércio negreiro foi oficializado em 1568, pelo governador-geral. Em 1590, só em Pernambuco, registrou-se a entrada de 10 mil escravos. Não há consenso entre os historiadores sobre o número de escravos trazidos para o Brasil. Alguns historiadores, como e Sérgio Buarque de Holanda, estimam esse número entre 3 milhões e 3,6 milhões. Caio Prado Júnior supõe cerca de 6 milhões e Pandiá Calógeras chega aos 13,5 milhões.
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