Doenças Virais

Inúmeras das doenças que atingem os humanos são de origem viral. Em seguida, estudaremos algumas delas. A AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) é provocada pelo vírus HIV, que é envelopado e cujo material genético é composto por RNA. Por atacar e destruir um tipo de linfócito T, o sistema imune é prejudicado. A doença pode demorar a se manifestar, pois o vírus possui grande parte do seu ciclo de vida incubado. Esta síndrome se caracteriza por um conjunto de infecções oportunistas que surgem devido à queda da imunidade. Dessa forma, até mesmo as infecções mais simples, que seriam combatidas facilmente pelo organismo de pessoas com sistema imunitário normal, passam a se manifestar de forma grave. Para que seja bem sucedido em sua infecção, o retrovírus HIV possui algumas moléculas essenciais. A transcriptase reversa é uma enzima que realiza o processo da transcrição reversa, isso é, a formação de DNA a partir do RNA viral; a integrase é responsável por inserir o DNA duplo do vírus no DNA da célula hospedeira e a protease que permite o vírus infecte outras células.

Nas famosas doenças virais, temos a gripe, causada por variedades de vírus Influenza. O contágio se dá através de gotículas de secreções. São altamente mutagênicos e, por isso, é muito difícil produzir uma vacina que confira imunidade permanente, de modo que as vacinas contra a gripe são anuais. Esses vírus atacam células do sistema respiratório, causando sintomas como a coriza, tosse e dificuldade para respirar, entre outros.

Existe uma diferença entre resfriado e gripe. Os resfriados podem ser causados por outras variedades de Influenza ou outros vírus, como rinovírus (mais de 200 tipos) ou o vírus sincicial respiratório, relacionado à grande parte das infecções respiratórias em crianças com menos de dois anos.

Temos também o citomegalovírus, pertencente à família dos agentes causadores do herpes. Ao analisarem a estrutura desse vírus, pesquisadores descobriram que ele possui DNA e RNA envoltos pelo mesmo capsídeo – lembra que falamos que existem vírus com DNA e RNA? Então, tá aí. Posteriormente, foi observado que, na verdade, citomegalovírus são vírus de DNA que, ao deixar a célula hospedeira, levam consigo moléculas de RNA. Esta incorporação garantirá que a próxima infecção seja mais rápida, já que este RNA passa a comandar a síntese de proteínas enquanto o DNA viral se incorpora ao DNA da célula hospedeira.

E aí, segue para uma variedade de doenças virais. Algumas delas são citadas em seguida:

Catapora ou varicela: a contaminação ocorre pela saliva ou contato com objetos contaminados. O sintoma mais característico é a presença de bolinhas vermelhas na pele, que coçam;

Caxumba: a contaminação ocorre pela saliva, copos e garfos contaminados. Algumas pessoas não apresentam sintomas. Quando ocorrem, incluem glândulas salivares doloridas e inchadas, febre, dor de cabeça, fadiga e falta de apetite;

Dengue, zika vírus e chikungunya: essas três doenças são transmitidas pela picada da fêmea de mosquitos Aedes aegypti. Os sintomas da dengue clássica são febre alta e dores nos músculos e nas articulações. O aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes pode indicar a evolução para dengue hemorrágica. O zika vírus pode, ainda, ser transmitido pelo sexo sem proteção. Os sintomas mais comuns da doença são febre, erupções, dor nas articulações e olhos vermelhos. O mosquito Aedes albopictus também é responsável por transmitir a chikungunya, que tem como sintomas febre acima de 39 graus, de início repentino, e dores intensas nas articulações de pés e mãos – dedos, tornozelos e pulsos. Podem ocorrer, também, dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. A principal ação de combate aos mosquitos é evitar sua reprodução;

Febre amarela: a transmissão urbana é pela picada da fêmea de Aedes aegypti; a transmissão silvestre é pela picada dos gêneros de mosquitos Haemagogus e Sabethes. Os casos moderados provocam febre, dor de cabeça, náusea e vômitos. Casos mais graves podem gerar problemas cardíacos, renais e hepáticos fatais;

Hepatite (mais comuns: A, B, C): a hepatite A é transmitida por água e alimentos contaminados; o vírus não destrói as células do fígado, mas sim o próprio sistema imunológico do doente, que destrói as células infectadas. As hepatites B e C são transmitidas através de relações sexuais sem preservativo e materiais cortantes não esterilizados; mais de 50% da população mundial já foi contaminada pelo vírus da hepatite B. Apesar de sermos capazes de produzir anticorpos contra o vírus, eles só funcionam quando o vírus está na corrente sanguínea. Depois que o vírus entra nos hepatócitos (células do fígado), os anticorpos não conseguem destruí-lo diretamente. Como partes do vírus são expressas (partes dele aparecem) na membrana que recobre o hepatócito, o organismo reconhece essas partes e desencadeia uma inflamação, em que células (principalmente linfócitos T citotóxicos) destroem os hepatócitos infectados. Está iniciada a hepatite. Ao contrário dos demais vírus que causam a doença, o vírus da hepatite C não gera uma resposta imunológica adequada no organismo, o que faz com que a infecção aguda seja menos sintomática, mas também com que a maioria das pessoas que se infectam se tornem portadores de hepatite crônica, com suas consequências a longo prazo;

Herpes simples: do tipo I e II. A contaminação é pelo contato direto ou indireto com objetos usados por herpéticos, quando as feridas aparecem. Os principais sinais e sintomas de herpes simples incluem pequenas bolhas, aftas ou úlceras, geralmente na boca, nos lábios, nas gengivas ou nos genitais, nódulos linfáticos aumentados no pescoço ou na virilha (geralmente somente no momento inicial da infecção), herpes de boca e febre (especialmente durante o primeiro episódio de infecção); lesões genitais ou mesmo orais podem começar com uma sensação de queimação ou formigamento;

Herpes zoster: é uma reativação do vírus da varicela no organismo que causa erupções dolorosas no corpo em forma de bolhas. É transmitida através do contato com a pele ou por contato com a saliva de pessoas com o vírus. Seu tratamento se dá por meio de analgésicos e antivirais.

Poliomielite: a contaminação ocorre através de gotículas de saliva, água ou alimentos. As pessoas podem não apresentar sintomas, mas, quando apresentam, incluem fadiga, febre, mal-estar, sensação de desmaio, fraqueza muscular, perda de massa muscular ou tremor muscular, crescimento atrofiado, dor de cabeça ou náusea;

Raiva: a contaminação ocorre através da mordedura de animal infectado. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, salivação em excesso, espasmos musculares, paralisia e confusão mental;

Rubéola: a transmissão ocorre por gotículas de saliva ou contato direto com pessoa contaminada; os sintomas geralmente aparecem duas a três semanas após a exposição, incluindo também febre leve e dor de cabeça;

Sarampo: a contaminação ocorre através da saliva. Os sintomas do sarampo não aparecem até 10 a 14 dias após a exposição. Eles incluem tosse, coriza, olhos inflamados, dor na garganta, febre e erupções cutâneas vermelhas e com manchas;

Varíola: a contaminação ocorre através da saliva, contato direto e objetos contaminados, como copos, por exemplo. O sistema imunitário responde ao vírus com uma reacção TH1 (citotóxica), destruindo as células infectadas antes que o vírus se replique. O vírus espalha-se por ligações que induz entre células vizinhas e, portanto, não é completamente acessível à neutralização com anticorpos. Além de sintomas semelhantes aos da gripe, os pacientes também apresentam uma erupção cutânea que aparece primeiramente no rosto, nas mãos e nos antebraços, passando posteriormente para o tronco;

H1N1: a contaminação ocorre através de tosse ou espirro, saliva e superfícies contaminadas. Os sintomas são febre, tosse, dor de garganta, calafrios e dores pelo corpo;

Mononucleose: doença que causa febre, dor de garganta e fadiga intensa, sendo transmitida pela saliva ou pelo sangue de pessoas contaminadas com o vírus, podendo passar através do sexo sem preservativo. O tratamento envolve repouso, líquidos, analgésicos e antitérmicos;

► Vírus do papiloma humano (HPV): mais conhecido pelas verrugas genitais, é responsável por todas as verrugas que surgem no corpo, dependendo do vírus com o qual a pessoa teve contato. Existe mais de um vírus que causa as verrugas genitais, as que mais causam preocupação, e essa é a DST mais comum atualmente. Vocês sabiam que cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas pelo vírus ao longo da vida? A questão é que muitas vezes ocorre a infecção, mas não há sintomas e o corpo consegue eliminar o vírus sozinho. Quando há o surgimento de lesões, o tratamento envolve queimar as verrugas com ácido ou retirá-las cirurgicamente. Mulheres devem ficar muito atentas quanto a esse vírus, pois ele está diretamente ligado ao câncer do colo de útero e, por isso, é importantíssimo manter os exames em dia e fazer sempre (mesmo quando não há a prática de penetração), o uso de preservativo, tanto para homens quanto para mulheres. É possível, ainda, tomar a vacina que evita a contaminação pelos vírus.

Para saber mais, veja também: