Digestão

Agora já sabemos como o corpo dos animais é sustentado e de que forma realizam alguns de seus movimentos. Mas será que tudo isso seria possível se nosso corpo não tivesse mecanismos que nos dessem energia para tal? Provavelmente não faríamos tudo o que fazemos. E o mesmo se encaixa para os outros grupos animais. A energia é a base para todas as funções. E da onde ela vem? Bom, ao ingerirmos um alimento, estamos ingerindo quantidades e variedades de nutrientes. Muitos desses nutrientes não são sintetizados pelo corpo e chegam nele na forma de moléculas maiores e complexas e, por isso, precisam ser quebradas para conseguirem chegar às nossas células. E é aí que entra a digestão: é o processo da quebra dos alimentos em partes menores.

Que todos os organismos precisam se alimentar para conseguir nutrientes já sabemos, mas isso não se dá da mesma maneira em todos eles. Existem diferentes formas pelas quais ocorre a digestão. A mais simples delas é a chamada digestão intracelular, que, como o nome diz, ocorre totalmente dentro das células. Ela ocorre pelo englobamento das partículas, por fagocitose ou pinocitose, para o interior da célula, como mostra a Figura 3. Lá dentro, elas são digeridas por enzimas liberadas pelos lisossomos. Ocorre em Protozoários (que não são animais) e Poríferos. Nesse segundo grupo, as células responsáveis por essa função são chamadas de coanócitos.

Representação da fagocitose de partículas de alimento no processo de digestão.

Um segundo tipo de digestão encontrada nos animais é a extra e intracelular. Sim, é isso mesmo! É um processo digestivo dividido em duas etapas: a primeira é a extracelular, na qual as partículas são parcialmente digeridas na cavidade digestiva e, em seguida, ocorre a segunda etapa, que é a intracelular, ou seja, dentro das células. É encontrada em Cnidários, Platelmintos, Nematelmintos e Moluscos.

Há, ainda, a digestão extracelular, que, como é de se imaginar, ocorre totalmente fora das células. Isso só foi possível com o surgimento de estruturas mais complexas, ou órgãos, especializados para tal função. É considerada uma vantagem evolutiva, pois possibilitou a ingestão de maiores variedades de alimentos. É encontrada em Anelídeos e em todos os Vertebrados.

Por fim, existe um tipo de digestão peculiar presente nas aranhas: a digestão extracorpórea. Esses animais liberam enzimas no corpo de suas presas, que vão sendo digeridas e, assim, conseguem ser sugadas. A digestão é concluída extracelularmente no tubo digestivo.

Existem animais que apresentam o tubo digestivo incompleto, ou seja, formado por apenas uma abertura. É o caso de Cnidários e Platelmintos. Já os outros grupos animais possuem o tubo digestivo composto por duas aberturas, a boca e o ânus, sendo considerado completo. Esses últimos podem, ainda, ser classificados de acordo com a origem dessas estruturas. Mas para que tanta classificação? Porque estamos falando de Biologia! Então, todos os animais passaram pelo estágio embrionário e, nele, pela fase de gastrulação. Nessa fase, há o blastóporo: uma abertura que, posteriormente, irá originar a boca ou o ânus. Em Equinodermos e Cordados, o blastóporo origina o ânus e, por isso, são chamados de deuterostomados. Já nos outros grupos, o blastóporo origina a boca e são chamados de protostomados.

É importante compreender que mesmo entre espécies do mesmo grupo, como por exemplo, Vertebrados, existem hábitos diferentes e isso influencia na forma como esses animais realizam suas funções. Estamos falando das adaptações, lembram delas? Em mamíferos, existem animais carnívoros, como os leões, e herbívoros, como as vacas. Sendo assim, há diferenças no sistema digestivo desses grupos. Em carnívoros, que ingerem basicamente proteínas, o tubo digestivo é mais simplificado, já que são estruturas de fácil digestão. Já em herbívoros, que se alimentam de vegetais que possuem parede celular de celulose, a digestão é um pouco mais complexa. Isso porque a celulose é difícil de ser quebrada e esses animais não têm essa capacidade. Dessa forma, o seu tubo digestivo apresenta adaptações para que isso seja possível. Há a presença de microrganismos que quebram celulose e, além disso, em ruminantes, o estômago é composto por quatro câmaras: rúmen, retículo, omaso e abomaso. Esse foi apenas um exemplo, existem outras adaptações do sistema digestivo, mas a função é a mesma.

Para saber mais, veja também: