O solo é, sem dúvida, um dos recursos naturais mais importantes de um país, pois é dele que derivam os produtos para alimentar sua população. Porém, é aí que reside o grande problema, pois a má utilização dos solos acaba gerando uma perda monumental deste recurso finito e não renovável. De acordo com estimativas recentes, as várias formas de degradação do solo têm levado a perdas de 5 a 7 milhões de hectares de terras cultiváveis por ano.
Podemos citar como os principais problemas vinculados à degradação dos solos, inclusive no Brasil, os seguintes aspectos:
► Lixiviação: perda de sais minerais (potássio, cálcio, etc.) das camadas mais superficiais do solo devido à circulação das águas pluviais que percolam em seu interior. Será maior quanto maior a temperatura e a umidade, assim, é um fenômeno típico de áreas tropicais;
► Laterização: ocorrem em solos ricos em ferro e alumínio que se situam em áreas de clima chuvoso. Ocorrendo a lixiviação neste tipo de solo, os hidróxidos de ferro e alumínio permanecem junto às camadas mais superficiais. A partir dessa concentração, forma-se uma crosta dura e ferruginosa chamada laterita, que dificulta o manuseio da terra;
► Esgotamento dos solos: formas de plantio inadequado resultam na aceleração do processo de esgotamento dos solos, tornando as áreas cultiváveis praticamente estéreis;
► Salinização: em áreas irrigadas de regiões tropicais, onde as temperaturas elevadas provocam alta evaporação, os sais contidos na água são acumulados no solo. Se não for tratada, a concentração de sais atinge níveis que podem endurecer a terra, tornando-a improdutiva;
► Erosão: é o principal problema ambiental relacionado aos solos em função da ação, principalmente, das chuvas e dos ventos, que os desgastam e carregam os detritos. A cobertura vegetal serve de proteção e é fundamental para prevenir ou diminuir os efeitos do desgaste natural. As principais consequências do elevado grau de erosão dos solos são: assoreamento de rios e nascentes, formação de voçorocas, ravinas e deslizamentos de encostas.

Algumas práticas possibilitam a prevenção ou, até mesmo, permitem reverter a degradação dos solos. São elas: a rotação de culturas, o terraceamento, as curvas de nível e a calagem.
Bons solos podem empobrecer e apresentar menor rendimento agrícola quando técnicas de cultivo inadequadas são empregadas. A agricultura tradicional e itinerante, por exemplo, praticada em partes da América Latina e da África, empobrece solos originalmente férteis. Daí a importância das diversas técnicas citadas acima.
Processo de Desertificação e Comprometimento dos Solos
O processo de desertificação vem tomando proporções cada dia maiores, ameaçando a continuação e exploração de atividades econômicas e a ocupação humana em diversas áreas do planeta.
A Agenda 21, em seu Capítulo 12, definiu a desertificação como “a degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas”. Por “degradação da terra” se entende a degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e a redução da qualidade de vida das populações afetadas.
Segundo dados das Nações Unidas, a desertificação é responsável por impedir o aproveitamento de solos correspondentes a 6 milhões de hectares (60.000 km2) por ano devido ao sobrepastoreio, salinização dos solos por irrigação e processos de uso intensivo e sem manejo adequado na agricultura.
Calcula-se que 1 bilhão de pessoas vivam em áreas desérticas, áridas e subúmidas e, desse total, 200 milhões já sofram por causa da desertificação; a maioria delas habita em países pobres, em grandes bolsões de pobreza, o que agrava enormemente as precárias condições de vida.
A desertificação provoca três tipos de impactos, relacionados entre si: ambientais, sociais e econômicos. Os impactos ambientais correspondem à destruição da fauna e da flora, redução significativa da disponibilidade de recursos hídricos (assoreamento de rios e reservatórios) e perda física e química dos solos. Esses impactos ambientais geram uma perda considerável da capacidade produtiva, provocando mudanças sociais, como as migrações, que desestruturam as famílias e acarretam sérios impactos às zonas urbanas, para onde as pessoas se deslocam na busca de melhores condições de vida.
No que diz respeito às variações climáticas, a seca é um fenômeno típico das regiões semiáridas. Quanto às ações de degradação da terra induzidas pelo homem, deve-se entendê-las como compostas por, pelo menos, cinco componentes, conforme propõe a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO):
► Degradação das populações animais e vegetais (degradação biótica ou perda da biodiversidade) de vastas áreas do semiárido devido à caça e extração de madeira;
► Degradação do solo, que pode ocorrer por efeito físico (erosão hídrica ou eólica e compactação causada pelo uso da mecanização pesada) ou por efeito químico (salinização ou sodificação);
► Degradação das condições hidrológicas de superfície, devido à perda da cobertura vegetal;
► Degradação das condições geo-hidrológicas (águas subterrâneas),
devido a modificações nas condições de recarga;
► Degradação da infraestrutura econômica e da qualidade de vida dos assentamentos humanos.
Problemas como esses vêm se avolumando e combater essas degradações requer grande capital, tecnologia e vontade política. A reversão é difícil, mas não impossível. Na região central dos Estados Unidos, na década de 1930, a intensa exploração agrícola associada à época seca provocou uma erosão tão grave que transformou o solo em pó, deixando-o estéril. Esse fenômeno ficou conhecido como Bacia de Poeira e obrigou os agricultores dos estados do Colorado, Kansas, Oklahoma e Novo México a abandonarem as propriedades rurais. Milhões e milhões de dólares foram gastos na recuperação desse solo degradado, permitindo que voltasse a ser fértil e agricultável.
