Clivagens: as Primeiras Etapas da Formação dos Embriões

Já deu para perceber que os seres se desenvolvem gradualmente através das células que vão se multiplicando e diferenciando, né? Então, agora, vamos ver um pouco como isso acontece.

Quando o gameta feminino se une ao gameta masculino, ocorre a formação de uma nova célula, o zigoto, que nada mais é do que a mistura dessas duas células gaméticas. Esse zigoto vai sofrer divisões mitóticas sucessivas, que são chamadas de clivagens. Essas clivagens vão originando células que chamamos de blastômeros, já considerado um embrião. Nesse primeiro momento o embrião não tem seu tamanho alternado. Para entendermos melhor as clivagens e como elas ocorrem, devemos saber que elas não se dão de forma aleatória e, como já vimos antes, são afetadas pela quantidade de vitelo que há no ovo.

Tipos de Clivagem

Então, o ovo vai se dividir de acordo com a quantidade de vitelo que há nele, podendo ser total ou parcial. Na clivagem total (ou holoblástica), o embrião se divide por completo, de forma igual ou desigual. A clivagem igual ocorre em ovos alécitos e oligolécitos e divide o zigoto em blastômeros (células originadas pelas clivagens, lembram?) de igual tamanho. Já a clivagem desigual ocorre em ovos mesolécitos e as divisões do zigoto no polo animal, por possuírem menos vitelo, acontecem mais rápido do que no polo vegetal, que demora mais pela quantidade maior de vitelo presente.

Na clivagem parcial (ou meroblástica), a divisão se restringe a uma pequena região no citoplasma que não apresenta vitelo, podendo ser discoidal ou superficial. A clivagem discoidal ocorre em uma região dos ovos telolécitos de aves e peixes que não possui vitelo. Já a superficial ocorre na superfície dos ovos centrolécitos da maioria dos artrópodes.

Também classificamos os animais pela simetria do embrião, que pode ser radial ou bilateral. Na clivagem radial, o embrião se divide em metades simétricas, iguais, independente do plano em que ele se divide. É o caso dos equinodermos. O restante dos animais apresenta simetria bilateral, em que somente um plano divide o embrião em duas metades simétricas.

Desenvolvimento Embrionário

Quando estudamos o desenvolvimento embrionário dos animais, geralmente tomamos como exemplo o anfioxo, por ser o primeiro animal protocordado. Apesar do tipo de clivagem variar de acordo com a quantidade de vitelo no ovo e a gastrulação ocorrer de maneira diferente nos vertebrados, a ideia de como esse desenvolvimento se dá é muito semelhante. Isso porque os protocordados e os vertebrados fazem parte do mesmo filo: Chordata. Os cordados se caracterizam pela presença da notocorda, de musculatura associada a ela e de um tubo nervoso dorsal em pelo menos uma fase da vida. A notocorda é como um bastão flexível disposto ao longo do corpo do animal, que ajuda na sua locomoção. Nos anfioxos, ela dá sustentação ao corpo.

Nesse animais, os ovos se dividem de maneira total, igual e bilateral, havendo clivagens até formar um aglomerado de células, que chamamos de mórula (estrutura que se assemelha a uma amora). Até esse momento, não existe um aumento no tamanho do embrião. Essas clivagens resultam em blastômeros de diferentes tamanhos: os macrômeros (maiores), no polo vegetal; e os micrômeros (menores), no polo animal. Durante as próximas divisões celulares, uma cavidade cheia de líquido se forma nesse embrião: esse estágio é a blástula. A cavidade é denominada blastocele e a camada celular que a envolve é a blastoderme.

Mórula.

Essa blástula vai se modificando até chegar ao estágio de gástrula. Chamamos essa fase de gastrulação, em que o polo vegetativo se invagina, isso é, vai para dentro da célula, gerando uma nova cavidade: o arquêntero. Essa cavidade é o intestino primitivo do embrião, que se comunica com o meio externo através de uma abertura, o blastóporo. Essa abertura pode dar origem ao ânus ou à boca. Ao primeiro grupo damos o nome de deuterostômios e ao segundo, de protostômios.

Formação do arquêntero.

A gástrula é envolta por duas camadas de células e é nesse estágio que se formam dois dos três folhetos embrionários: a ectoderme e a endoderme. A ectoderme é a camada mais externa e a endoderme é a mais interna. Uma parte da endoderme se diferencia formando a mesentoderme, que originará, mais tarde, a mesoderme.

O processo de invaginação anterior leva os micrômeros a ficarem na parte mais externa da célula, compondo a ectoderme. Já os macrômeros se ajeitam na parte mais interna, compondo a endoderme.

Gastrulação/formação dos folhetos.

Nesse momento, encerra-se a gastrulação e começa o processo de neurulação, em que ocorre a formação dos tecidos e dos órgãos a partir dos folhetos embrionários (ectoderme, mesoderme e endoderme), recebendo o nome de organogênese, que vamos estudar a seguir.

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