Já imaginou você em 4000 a.C. vivendo na região do Oriente Médio ou no Nordeste da África? Como você faria para se adaptar ao sol forte, areia, desertos? Os povos que habitavam por lá entenderam que era questão de sobrevivência se estabelecer nas margens dos grandes rios e aproveitar a fertilidade do solo após os períodos de cheias e inundações.
Você deve ter estranhado essa informação, certo? Afinal, qual o sentido de edificar uma sociedade em uma região onde ocorrem inundações, enchentes e cheias? Mas veja bem: a necessidade obrigou estes povos a desenvolver técnicas de controle dos rios para aprimorar os benefícios que eles ofereciam. Eles passaram a construir diques, represas e tanques para segurar as enchentes, aliando essas construções ao desenvolvimento de técnicas agrícolas, como a irrigação. Essas construções serviam apenas para amenizar a invasão violenta das águas, mas, com o passar do tempo, essas populações já sabiam quando as cheias iriam ocorrer. Dessa forma, eles estruturaram a economia da seguinte maneira: enquanto os rios estavam baixos, plantavam e colhiam tranquilamente; quando ocorriam as cheias, os trabalhadores abandonavam a região próxima ao rio e utilizavam seu tempo para construir casas, monumentos, palácios, pirâmides e templos. Quando o volume da água diminuia, os trabalhadores se deslocavam novamente para as margens dos rios para cultivar as terras fertilizadas pelas enchentes.
Esses povos foram os construtores das primeiras civilizações da história da humanidade e, por possuírem essa relação íntima com os rios, também são chamados de sociedades hidráulicas. Temos como exemplos de sociedades hidráulicas a Mesopotâmia, que se estruturou na região da crescente fértil dos rios Tigre e Eufrates; e o antigo Egito, que se desenvolveu nas margens do rio Nilo.

Para saber mais, veja também: