Na passagem do século XVII para o XVIII, há o achamento de ricas jazidas de ouro no centro-sul do Brasil, pois é… Achamento! Um termo BEEEM melhor que “descobrimento”, sabe? Ao menos não carrega tooodo aquele fetiche, o pessoal simplesmente achou o ouro. Estavam por lá, principalmente por causa das expedições das bandeiras, e PUM!, acharam metais preciosos!
Obviamente, a Coroa portuguesa voltou toda sua atenção para o Brasil. A região das minas que haviam sido encontradas ocupava os atuais territórios dos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Tornou-se polo de atração de migrantes: portugueses em busca de fortuna, pessoas de todas as regiões do Brasil e escravizados trazidos do nordeste. Criaram-se novas vilas: Sabará, Mariana (que a Samarco destruiu), Vila Rica de Ouro Preto, Caeté, São João del Rey, Arraial do Tejuco (atual Diamantina) e Cuiabá.
A descoberta de jazidas de ouro no interior do território colonial gerou diversas disputas pela posse das terras, principalmente entre os paulistas (bandeirantes) e os “emboabas” (portugueses e colonos de outras regiões do Brasil) que chegavam ao território.
Qual prática a Coroa portuguesa iniciou para lucrar com a retirada de minério do Brasil? Primeiramente, ela autorizou a livre exportação de ouro… Tcharã… Só que mediante pagamento de um quinto (1/5) do total explorado; para administrar e fiscalizar a atividade mineradora, criou a Intendência das Minas, vinculada diretamente à metrópole, e estabeleceu que toda descoberta devia ser comunicada.
Para garantir o pagamento do quinto, foram criadas, a partir de 1720, as casas de fundição, que transformavam o minério em barras timbradas e quintadas. Em 1765, foi instituída a derrama: o confisco dos bens dos moradores para cobrir o valor estipulado para o quinto quando havia déficit de produção, ou seja, não conseguiu atingir a cota… Seus bens são confiscados!!!
Economia Mineradora
O chamado ciclo do ouro trouxe uma grande diversificação social para a colônia e estimulou novas relações de trabalho, até mesmo com a mão de obra escravizada. Os escravizados trabalhavam por tarefa e, muitas vezes, podiam ficar com uma parte do ouro descoberto. Com isso, tinham uma chance de se libertar, MÍNIMA, é claro, pois muitos tinham que trabalhar para comprar a liberdade, já que o preço para se livrar dos grilhões era ALTÍSSIMO! O período áureo durou pouco: entre 1735 e 1754, a exportação anual girava em torno de 14.500 kg. No final do século, o volume enviado a Portugal cai para cerca de 4.300 kg por ano.
Os caminhos do ouro fora do Brasil
Em uma MEGA crise, logo após se libertar do domínio espanhol (1640), Portugal procurou ajuda política e militar dos ingleses, que foram dominando a economia portuguesa por meio de diversos tratados. O principal deles, o Tratado de Methuen (1703) – Panos e Vinhos – abria de forma exclusiva o mercado português aos produtos manufaturados ingleses, em especial tecidos; por sua vez, a Inglaterra se comprometia a comprar produtos agrícolas lusos, em geral vinhos, constituindo uma grande desvantagem de preços e lucros para Portugal, afinal o lucro inglês sobre cada tecido era muito maior que o lucro português com a venda dos vinhos.
Então, para saldar as dívidas, Portugal recorria ao ouro brasileiro. Diante disso, pode-se dizer que a produção aurífera brasileira contribuiu para o desenvolvimento do processo de industrialização da Inglaterra. Ou melhor, como na famosa frase de Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio: “O ouro brasileiro deixou buracos no Brasil, templos em Portugal e fábricas na Inglaterra”.
Para saber mais, veja também:
- Pré-Colônia
- Início da Colonização
- Governo Geral
- Escravizados
- O Ciclo do Açúcar
- União Ibérica e Invasões Holandesas
- A Insurreição Pernambucana
- As Bandeiras
- Diversificação Agrícola
- Resistência Negra e Movimentos Nativistas
- Reformas Pombalinas (1750-1777)
- Movimentos de Emancipação no Período Colonial
- Crise do Sistema Colonial
- Revolução Pernambucana (1817)
- Revolução do Porto e a Independência