Tá, mas e o açúcar? Veio de onde? O cultivo da cana-de-açúcar foi introduzido no Brasil por Martim Afonso de Souza, na capitania de São Vicente, mas todo esse sistema já era conhecido pela Coroa portuguesa, pois já havia sido implementado e experimentado nas ilhas do Atlântico, inclusive com mão de obra escravizada… ou seja, era sucesso praticamente GARANTIDO!
Seu apogeu ocorreu entre 1570 e 1650, principalmente em Pernambuco. Algumas coisinhas explicam muito bem esse sucesso: fora a experiência no esquema, o solo na região era bem apropriado, principalmente no nordeste, a mão de obra escravizada era obtida com certa facilidade na África e houve uma expansão do mercado consumidor na Europa, ou seja, o açúcar cresceu enquanto produto.
O açúcar foi responsável pela formação de uma sociedade que vivia da agricultura de exportação, mas, claro, com características próprias! O produto tropical, que exigia grandes extensões de terra para se transformar em atividade lucrativa, concretizou os latifúndios, principalmente no nordeste.
O Engenho e a Economia Açucareira
Se liga: os chamados “engenhos de açúcar” NÃO eram SÓ açúcar! Na verdade, eram unidades completas de produção e, em geral, autossuficientes. Além dos canaviais, da casa grande, moradia da família proprietária, e da senzala, dos escravizados, uma parcela de terras era reservada para o gado e roças de subsistência. A casa de engenho possuía todo o maquinário e instalações fundamentais para a produção do açúcar. No desenho abaixo, temos a moenda à esquerda e a casa grande à direita:

Para você sacar mais ou menos a proporção disso, se liga na estimativa do final do século XVII: existiam cerca de 528 engenhos na colônia!!! Eles garantiam a exportação anual de 37 mil caixas, cada uma com 35 arrobas de açúcar!!! Dessa produção, para vermos como o quesito realmente era a exportação, Portugal consumia apenas 3 mil caixas anuais, exportando o resto para o mercado na Europa.
Obviamente que o monopólio português sobre o açúcar assegurou lucros consideráveis aos senhores de engenho e à Coroa. Esse monopólio chegou ao fim quando os holandeses começaram a produzir açúcar nas Antilhas, na segunda metade do século XVII. A concorrência e os limites da capacidade de consumo na Europa provocaram uma rápida queda de preços no mercado, lembremos que o açúcar é um produto não realmente essencial para as nações que o compravam, ou seja, com o menor fator de crise, os cortes na compra do açúcar eram profundos.
Para saber mais, veja também:
- Pré-Colônia
- Início da Colonização
- Governo Geral
- Escravizados
- União Ibérica e Invasões Holandesas
- A Insurreição Pernambucana
- As Bandeiras
- O Ciclo do Ouro
- Diversificação Agrícola
- Resistência Negra e Movimentos Nativistas
- Reformas Pombalinas (1750-1777)
- Movimentos de Emancipação no Período Colonial
- Crise do Sistema Colonial
- Revolução Pernambucana (1817)
- Revolução do Porto e a Independência