Augusto dos Anjos

Poeta paraibano, Augusto dos Anjos é um caso raro na poesia brasileira. É muito difícil definir a obra do autor. Na época, os críticos se dividiam afirmando que ele era ora parnasiano, ora simbolista. É fato que o poeta trazia influências dessas duas correntes, mas a poesia do jovem autor estava à frente do seu tempo.

Augusto dos Anjos foi aceito pelo público, mas ignorado pela crítica que, conservadora, criticava a linguagem mais coloquial de seus trabalhos. Na verdade, esses críticos não estavam abertos ao novo tipo de arte que estava surgindo. A linguagem coloquial assumida integralmente tornou-se uma característica da Arte Moderna!

Por outro lado, a linguagem cientificista também era uma forte marca da poesia do autor.. O poeta usa uma linguagem carregada de termos científicos, o que se pode considerar uma marca exclusiva na poesia brasileira.

Augusto dos Anjos tem somente um livro publicado, de 1912, chamado simplesmente Eu. Seu poema mais famoso é Versos Íntimos, que colocamos aqui para vocês lerem e se deliciarem com o trabalho do poeta. Trata-se de um dos poemas mais conhecidos de toda a literatura brasileira.

Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – era pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Disponível em: <https://wp.ufpel.edu.br/aulusmm/2017/04/27/versos-intimos-augusto-dos-anjos/> Data de acesso: 20/08/2019

Para saber mais, veja também: