Atenas

Atenas vinha na contramão política de Esparta. Ao contrário da pólis militar, Atenas ficou conhecida na História da Humanidade como a Pólis Democrática. Isso porque foi lá que o conceito de democracia nasceu – mas não foi da noite para o dia e nem da forma como conhecemos a democracia hoje em dia. Vejamos:

De forma geográfica, o centro da pólis era a Acrópole – que significa cidade alta – localizada em uma colina, no local mais alto daquela região. Ao contrário dos Espartanos, os atenienses não tinham possibilidades de desenvolver uma forte agricultura e, por essas e outras razões, passaram a desenvolver uma forte cultura marítima. Dominaram por muito tempo o comércio marítimo do Mar Mediterrâneo.

Antes da democracia, Atenas foi organizada politicamente em diferentes formas. Até, pelo menos, o século VIII a.C. (lembre-se que para a.C. – antes de Cristo – os séculos são contados de trás para frente), a pólis era governada por um rei e, aos poucos foi sendo dominado pela aristocracia, um grupo político com muito poder econômico que passou a governar Atenas. A aristocracia era composta pelos Eupátridas, os bem-nascidos, que já nasciam com muito dinheiro.

Talvez as maiores transformações ocorridas nesse período anterior à democracia ateniense sejam as medidas de Drácon e Sólon: Drácon foi responsável por escrever leis que, até então, não eram escritas, solidificando o início do direito grego; Sólon libertou cidadãos que tinham sido transformados em escravos e, a partir de então, somente estrangeiros – chamados de bárbaros – eram passíveis de serem transformados em escravos.

Essas medidas atingiram em cheio os interesses dos eupátridas e, então, a pólis foi governada por Tiranos (século VI a.C.), que não tem muita relação com o que consideramos hoje em dia como tiranos. Os Tiranos atenienses fizeram uma espécie de reforma no ambiente urbano e no pequeno ambiente rural, dividindo as posses entre os pequenos proprietários.

Depois de algumas revoltas populares que alertavam para a insatisfação das altas e baixas categorias sociais, houve uma nova mudança política que instaurou a democracia. Consideramos que esse período é o Clássico. Mas calma lá: a democracia grega era diferente da nossa.

A democracia era direta no mundo grego ateniense! Isso quer dizer que ninguém escolhia parlamentares, presidentes, ou qualquer outra forma de representação do poder. Os próprios cidadãos é que decidiam os rumos da pólis. Já imaginou? No Brasil, por exemplo, seriam, mais ou menos, 100 milhões de pessoas decidindo os rumos do país. Que loucura…

Mas há mais uma diferença entre a democracia deles e a nossa: os cidadãos atenienses eram homens livres e maiores de 21 anos.

Na prática, mulheres, menores de idade, escravos e estrangeiros não eram cidadãos e, por isso, deviam ficar de fora das disputas políticas. As mentes mais acostumadas com o debate político podem achar estranha essa forma de democracia, ou até mesmo achá-la próxima da oligarquia, mas isso é uma pegadinha da própria história – não podemos basear o que foi pelo o que é. Isso quer dizer que, naquele momento, essa forma de governo era completamente revolucionária, nunca antes vista.

As mentes ainda mais aguçadas dirão que é impossível democracia e escravidão conviverem. Isso, talvez, se dê em certa medida por conta de nossas experiências modernas na América, em que a escravidão caminhava de mãos dadas com a monarquia, mas, na Antiguidade, uma coisa não tinha, necessariamente, relação com a outra.

A questão central aqui é que o debate entre democracia e oligarquia gerou mais do que apenas duas formas distintas de governo: ele gerou conflitos entre pólis diferentes.

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