Angiospermas

O que diferencia esse grupo do restante das plantas é que elas possuem flores e frutos. Então, sabe aquela maçã saborosa que a gente come? Aquela banana no café da manhã? O suco de laranja do almoço? São todos angiospermas! E todas as angiospermas estão classificadas no Filo Anthophyta, sendo 90% de todas as espécies de plantas, existindo aproximadamente 250 mil espécies no mundo.

Uma flor de angiosperma completa possui as seguintes estruturas:

Corte transversal de uma flor.

O perianto é composto por cálice (conjunto de sépalas) e corola (conjunto de pétalas). Pétalas e sépalas são consideradas acessórias, pois não participam diretamente da reprodução. Quando não é possível distinguir as pétalas das sépalas, chamamos de tépalas; o conjunto de tépalas é o perigônio.

Existem dois verticilos florais: o estame e o pistilo. Sempre há, pelo menos, um deles em uma flor. Há mecanismos que impedem a autofecundação quando os dois estão presentes na mesma flor. Flores que apresentam apenas estames são estaminadas. Flores que apresentam apenas pistilos são pistiladas. Plantas com flores estaminadas e pistiladas são monoicas. As flores podem estar agrupadas em agregados chamados inflorescências.

Para que o pistilo se forme, algumas folhas modificadas se fundem (carpelos). Na base dilatada do pistilo está o ovário (que contém o óvulo) e, na extremidade de sua porção alongada (estilete/estilo), podemos observar uma pequena abertura, o estigma. Nesta estrutura, serão depositados os grãos de pólen.

Estames são folhas modificadas que possuem um pedúnculo chamado filete. Este filete se diferencia em sua extremidade, determinando o surgimento da antera bilobada. Esta antera possui, em seu interior, dois microsporângios (sacos polínicos) que dão origem aos micrósporos. O gametófito masculino (grão de pólen) se desenvolve no interior dos micrósporos. A polinização pode ser feita pelo vento, estigmas plumosos ou por animais, flores vistosas e com odor característico. As flores podem possuir nectários, estruturas que possuem líquido nutritivo para atrair polinizadores.

Ciclo de Vida das Angiospermas

Ocorrem eventos exclusivos muito importantes para o sucesso evolutivo das angiospermas durante seu ciclo de vida: a formação de flor e fruto.

O fruto se forma a partir da flor, através da semente. A semente é composta por folhas do embrião (cotilédones), caulículo (originará o caule) e radícula (originará a raiz). O endosperma (albúmen) pode ser digerido pelo embrião e armazenado nos cotilédones antes de entrar em dormência. À medida que a semente se forma, a parede do ovário se desenvolve, dando origem ao fruto, o que favorece dispersão de sementes.

Outra característica exclusiva desse grupo é a dupla fecundação: um dos gametas masculinos se funde com a oosfera, originando um embrião 2n, e o outro se funde aos núcleos polares do gametófito feminino, originando um núcleo 3n. Este núcleo 3n formará o endosperma (tecido nutritivo das angiospermas).

O megasporângio que se encontra no óvulo sofre meiose, originando quatro células. Apenas uma é viável e se torna o megásporo. O núcleo do megásporo sofre mitoses e origina oito núcleos haploides (n). Estes núcleos dão origem aos seguintes elementos do gametófito: células antípodas, núcleos polares, células sinérgides e oosferas. O conjunto destas células corresponde ao gametófito feminino, ou saco embrionário. Os microsporângios presentes nas anteras formarão micrósporos, responsáveis por desenvolver o gametófito masculino (grãos de pólen). Cada grão de pólen possui uma célula vegetativa, que formará o tubo polínico e uma célula geradora, que sofre mitose e origina duas células espermáticas (n). Após a polinização, o grão de pólen produz o tubo polínico que chega à oosfera. Pelo interior do tubo polínico são lançadas duas células espermáticas (n). Uma delas fecundará a oosfera (n), originando o zigoto (2n); a outra célula espermática (n) se funde aos dois núcleos polares e origina um tecido triploide (3n) rico em reservas nutritivas, o endosperma secundário.

Ciclo de vida de uma angiosperma.

Adaptações das Angiospermas

Existem dois grandes grupos de angiospermas, que são estudados em função do número de cotilédones que apresentam. Os cotilédones são as folhas embrionárias da semente. Plantas cuja semente apresenta apenas um cotilédone são consideradas monocotiledôneas, enquanto as que possuem dois cotilédones são chamadas dicotiledôneas ou eudicotiledôneas. Existem outras características que permitem distinguir estes grupos, que estão ilustradas na figura 6.

Novas pesquisas têm demonstrado que as monocotiledôneas são um grupo monofilético, mas as dicotiledôneas não. As dicotiledôneas que apresentam as características citadas na figura 6 são chamadas eudicotiledôneas. As demais, que possuem dois cotilédones, mas têm flores trímeras e outras características, são chamadas informalmente de angiospermas basais.

Diferenças entre monocotiledôneas e dicotiledôneas. (fazer desenho baseado na tabela)

PANC’S

E aí, já ouviram falar das Plantas Alimentícias Não Convencionais, as famosas PANC’s? Vocês sabiam que no Brasil existem, pelo menos, 3 mil espécies de plantas alimentícias? E que 90% dos alimentos consumidos vêm de somente 20 tipos de plantas? Pois então, o restante dessas plantas, quase 3 mil espécies, que não temos o costume de consumir e não são comercializadas, mas que estão altamente difundidas nos ambientes em que frequentamos, são as PANC’s. Elas podem estar presentes no seu jardim e nos canteiros das calçada. Essas plantas são caracterizadas por apresentarem uma ou mais partes comestíveis, sendo elas espontâneas ou cultivadas, nativas ou exóticas.

No Rio Grande do Sul, destacam-se as hortaliças (folhas, raízes, tubérculos, caules, flores), as frutas, as sementes, as castanhas ou nozes. Alguns exemplos de PANC’s são: begônia, beldroega, capuchinha, erva-gorda, ora-pró-nóbis, inhame, urtigão-de-baraço.

Mas para quê estudamos essas plantas e começamos a falar sobre elas agora? Pois saber sobre os alimentos que estão à nossa disposição e o que eles podem fazer por nós nos concede autonomia. Autonomia de escolher e saber o que estamos ingerindo e que tipo de alimento está fazendo parte de nossas refeições. Cada vez mais, a produção agrícola à base de agrotóxicos cresce e, cada vez menos, temos controle do que é posto nos nossos alimentos. Dessa forma, incentivar agricultores familiares e buscar alimentos alternativos e nutritivos, como as PANC’s, se torna uma maneira de combater esse sistema de produção e de tomarmos o poder sobre a nossa alimentação. As PANC’s representam vida, nutrição e resistência. Se alimentar do não convencional passa a ser não só uma forma de diversificar o paladar, mas também de mudar um pouquinho o mundo no qual vivemos.

É muito importante sempre ter certeza da planta que se está ingerindo, pois lembre-se que tem muita coisa tóxica no mundo da biologia. Então, ao buscarem essas plantas para se alimentar, saibam muito bem o que vocês estão comendo. Para saber mais sobre essas plantas, sugiro um livro escrito por Valdely Kinupp e Harri Lorenzi, “Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil”.

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