América Latina na Guerra Fria

AMÉRICA LATINA – Então, pessoal, agora vamos estudar um pouco sobre a nossa América Latina durante o período de Guerra Fria, principalmente a questão das ditaduras militares. Nesse sentido, é importante vocês saberem que, na América Latina, a Guerra Fria constituía um instrumento de controle de Washington sobre os governos da região. Ou seja, a região constituía uma zona de influência direta dos EUA e, conforme veremos, Washington não abriu mão de intervir – direta e indiretamente – para assegurar seus interesses (políticos, econômicos, militares, diplomáticos, etc.).

DOUTRINA DE SEGURANÇA NACIONAL – Como é sabido, os EUA respaldaram os golpes de Estado e, salvo raras exceções conjunturais, apoiaram quase que permanentemente as ditaduras latino-americanas (ajuda econômica, respaldo diplomático, sustentação política e auxílio militar). No aspecto militar e doutrinário, a vinculação de militares latino-americanos ocorreu de forma muito complexa. Esses militares, que em grande parte haviam recebido treinamento na chamada Escola das Américas no Panamá, tornaram-se adeptos da chamada Doutrina de Segurança Nacional (DSN). Essa doutrina enfatizava que o grande inimigo do continente americano era o “comunismo internacional”, o que exigia o combate aos “inimigos internos”, através dos meios que fossem necessários.

GOLPES MILITARES – A Revolução Cubana (1959), combinada a fatores como a crise do populismo e a radicalização de movimentos nacionalistas e populares, levou os EUA e as elites nacionais a uma reação em cadeia. Como desfecho, inaugurou-se um período de golpes militares na região, com destaque para o Brasil (1964), Chile (1973), Uruguai (1973) e Argentina (1976).

BRASIL – No Brasil, institutos como o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES), que eram parcialmente financiados por recursos estadunidenses, intensificaram as campanhas contra João Goulart e as Reformas de Base. Em 1 de abril de 1964, houve a consumação do golpe civil-militar no Brasil. Sem qualquer tipo de resistência ao golpe, a ditadura militar brasileira se instalou em 1964 e durou até o ano de 1985. O período de maior repressão política ocorreu durante os “anos de chumbo”, inaugurados pelo AI-5 e intensificados durante o governo Médici (1969-1974).

CHILE – Salvador Allende, democraticamente eleito pela Unidade Popular (UA) em 1970, adotou em seu governo medidas contrárias aos interesses econômicos estrangeiros, como era o caso da nacionalização das minas de cobre. Entre outras razões, o governo de Allende foi constantemente desestabilizado pelos EUA e por setores da elite chilena. Em 11 de setembro de 1973, Allende foi deposto e, em seu lugar, assumiu o general Augusto Pinochet. No campo econômico, o governo Pinochet adotou medidas de caráter liberal, antecipando o que posteriormente viria a ser conhecido como “cartilha neoliberal”. Assim como em outras ditaduras militares na América Latina, o governo Pinochet foi responsável por perseguir, torturar e assassinar milhares de opositores ao governo. Em 1988, após a realização de um plebiscito, a população chilena optou pela volta da democracia no país.

URUGUAI – No Uruguai, um golpe de Estado ocorreu sob a justificativa de garantia da segurança nacional, que estaria ameaçada pela ação dos Tupamaros, guerrilha urbana de esquerda. No caso uruguaio, o presidente Juan Maria Bordaberry, com o apoio das Forças Armadas, efetivou um autogolpe em 1973, inaugurando uma ditadura civil-militar. Com isso, houve a intensificação da repressão contra os Tupamaros e demais grupos opositores. Em 1984, após negociações entre a ditadura uruguaia e os partidos políticos tradicionais, os militares uruguaios se afastaram do poder, sendo convocadas eleições diretas para o mesmo ano.

ARGENTINA – A ditadura militar argentina veio em um golpe de Estado contra Isabelita Perón, viúva de Juan Domingo Perón e herdeira do populismo no país. A partir de 1976, os militares argentinos, sob liderança de Jorge Videla, instituíram um regime que ficou conhecido pela guerra suja – notadamente marcada pela perseguição, tortura e desaparecimento de opositores. Os militares argentinos não conseguiram solucionar os problemas econômicos do país, sobretudo a inflação. Após o fracasso na Guerra das Malvinas (1982), a ditadura argentina convocou eleições para 1983, que deram a vitória para Raúl Alfonsín.

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